Capítulo 9

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Atlas não conseguia tirar os olhos do relógio. Nos últimos cinco minutos, ele já o havia checado pelo menos vinte e quatro vezes.

O tique-taque do relógio parecia até soar mais alto em sua mente, como se cada batida o empurrasse na direção daquele encontro.

O garoto calculava meticulosamente cada minuto que restava até a hora de sair de casa.

Ele sabia que deveria estar na casa de Austin às sete da noite, o que significava que precisava começar a se preparar às cinco e meia em ponto. O plano era simples: tomar um banho demorado, se arrumar com calma até as seis e meia, e sair de casa a tempo de chegar no horário, sem parecer ansioso, mas também sem dar a impressão de que não se importava.

A roupa que ele usaria já estava cuidadosamente dobrada e pronta sobre a cama, escolhida com uma precisão quase obsessiva. Um jeans escuro, uma camisa casual, e um par de tênis que ele achava que equilibravam perfeitamente o visual entre descontraído e arrumado. Mas enquanto ele olhava para o conjunto, a dúvida começou a rastejar em sua mente.

Será que ele estava sendo exagerado? Afinal, era apenas um jogo na casa de um colega, nada que justificasse tanta preparação. Mas, mesmo sabendo disso racionalmente, a inquietação não o deixava em paz.

Ele se jogou de volta na cama, afundando o rosto no travesseiro com um suspiro frustrado.

— Ai, que droga... — Murmurou, a voz abafada pelo travesseiro. — O que eu tô fazendo?

A pergunta ecoou no quarto vazio, refletindo a confusão interna de Atlas. Por que ele estava tão nervoso? Era só um encontro entre amigos, sem pressão, sem expectativas...ou pelo menos era o que ele tentava se convencer.

Mas, mesmo assim, o relógio continuava chamando sua atenção, cada segundo que passava parecendo carregar um peso inexplicável.

Atlas passou os minutos seguintes se preparando no quarto, evitando pensar demais em cada movimento. Ele se vestiu com a roupa que havia escolhido mais cedo e, depois de se olhar no espelho uma última vez, respirou fundo, tentando acalmar a inquietação que ainda pulsava.

Finalmente pronto, ele desceu as escadas com passos medidos, tentando não fazer barulho, mas a tentativa de ser discreto logo foi frustrada quando percebeu a presença da mãe na sala.

— Aonde você vai? — Ela perguntou com um sorriso curioso, os olhos atentos a cada detalhe de sua roupa, percebendo que ele estava arrumado demais para ficar em casa enfurnado no quarto o dia inteiro.

Atlas parou no meio do caminho, sentindo um calor súbito subir pelo rosto. Ele abriu a boca para responder, mas as palavras pareciam travar na garganta. Não era como se ele estivesse fazendo algo errado, mas a súbita atenção de sua mãe o deixou desconfortável.

— Eu...eu vou na casa do Austin — Respondeu ele, a voz mais hesitante do que gostaria. Tentou disfarçar o nervosismo, mas era evidente que ele não havia conseguido.

Por que ele se sentia como se escondesse algo?

A senhora Boyle o observou por um momento, percebendo a tensão que ele tentava esconder, mas não quis pressioná-lo. Ela simplesmente sorriu com compreensão.

— Tudo bem, divirta-se — Disse ela, gentilmente, antes de se virar para continuar assistindo a novela.

Atlas soltou um suspiro de alívio silencioso e saiu pela porta, tentando ignorar o aperto no peito enquanto se dirigia para a casa de Austin.

Atlas soltou um suspiro de alívio silencioso e saiu pela porta, tentando ignorar o aperto no peito enquanto se dirigia para a casa de Austin

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