Freen
Desde que acordei há umas quatro semanas atrás, tem sido difícil resistir a tudo que estou passando. Ver a morte passar de ante de meus olhos diversas vezes é uma sensação horrível.
Só estou me mantendo viva porque quero que tudo acabe aqui, mesmo sentindo meu coração bater devagar. Ainda quero viver longos anos, ser feliz ao lado de Becky, e quem sabe futuramente casar com ela.
Durante esse tempo, fui torturada de diversas maneiras, mas estou resistindo ao máximo, mesmo não sabendo se vou aguentar até que me encontrem, se conseguirem me encontrar.
Já tentei fugir algumas vezes, mas nunca obtive sucesso nas tentativas.
Alex me trouxe para um galpão isolado, bem longe da cidade e dentro da mata. O lugar é grande, escuro e úmido.
Sinto o ar pesado, impregnado com o cheiro de mofo, ferrugem e terra molhada que vinha do lado de fora. A única fonte de luz é uma pequena janela quebrada no alto da parede, que deixa entrar um feixe de luz fraco e difuso.
A dor nas minhas costas onde Alex me esfaqueou ainda lateja, mas aprendi a ignorá-la. Estou sem comida e água desde aquela noite, o que me deixa mais fraca e vulnerável. Cada dia é uma luta constante para manter a sanidade e a esperança de que alguém virá me salvar.
Ele, entretanto, parece se divertir com meu sofrimento. Ele aparece de vez em quando, trazendo uma nova forma de tortura, seja física ou psicológica.
Ouvi passos e olhei para frente, onde vi Alex se aproximar, segurando uma barra de ferro sobre o ombro.
— Achei que chegaria e veria você já sem vida. – Riu. — Você é mais resistente do que pensei.
Eu permaneci em silêncio, tentando não demonstrar o medo e a dor que sentia. Não queria lhe dar o prazer de ver minha fraqueza.
— Então, como se sente, irmãzinha? – Perguntou ele, balançando a barra de ferro no ar, como se fosse um brinquedo.
Eu não respondi. Apenas o encarei com o máximo de desafio que consegui reunir.
— Ainda tentando ser corajosa, hein? – Ele se aproximou mais, inclinando-se sobre mim. — Isso só torna as coisas mais divertidas para mim. – Gargalhou.
Ele me golpeou nas costelas, e a dor explodiu em meu corpo. Fechei os olhos com força, tentando bloquear a dor, mas era impossível.
Pelo impacto, provavelmente quebrou algumas costelas.
A dor era insuportável e me forçou a dobrar o corpo, tentando absorver o impacto. Meu rosto estava contorcido em uma expressão de sofrimento, mas eu sabia que precisava resistir. Se ele perceber qualquer sinal de fraqueza, ele ficaria ainda mais motivado a me torturar.
Ele balançou a barra de ferro mais uma vez, como se estivesse pensando qual parte do meu corpo vai atingir a seguir.
— Você ainda não entendeu, né? – Continuou, enquanto levantava a barra de ferro para um golpe. — Essa é apenas a introdução. O verdadeiro prazer está em ver você finalmente se quebrar.
Ele desferiu o golpe com força, atingindo meu braço.
O impacto da barra de ferro contra meu braço fez com que uma onda de dor se espalhasse por todo o meu corpo. O grito que tentei conter saiu involuntário, ecoando pelo galpão vazio e úmido. Senti meu braço se deslocar e uma sensação aguda e cortante se espalhar pela área afetada.
— Você ainda se lembra daquela noite, não é? – Ele perguntou, sua voz agora um sussurro ameaçador. — Sei que você se lembra de como tudo começou. Aquilo foi tudo culpa sua e daqueles malditos pirralhos. – Riu sem humor. — Depois que vocês nasceram, eu fiquei de lado em tudo! Fui desprezado e esquecido por todos! Mas eu não me importava, porque eu amava vocês. – Ele estava chorando? — Eu os amava, nunca quis fazer mal a vocês, sempre os protejo e ajudei. Mas tudo o que eu sentia chegou num nível tão absurdo que deu no que deu. E sabe de quem é a culpa? Sua e dos pirralhos.
Eu tentei ignorar suas palavras, focando em não deixar que ele visse o impacto que suas palavras tinham em mim. Mas a menção daquela noite trouxe lembranças dolorosas e assustadoras.
— O que você acha que seus amigos estão fazendo agora? – continuou ele, olhando para mim com um olhar que misturava curiosidade e crueldade. — Eles devem estar desesperados, não é? E sua presença aqui só serve para prolongar a agonia deles.
Seu discurso tinha um propósito claro: fazer com que eu me sentisse culpada e impotente. Mesmo assim, eu não podia dar a ele a satisfação de ver meu espírito quebrado.
— Eles não vão desistir de mim. – Eu disse, minha voz rouca e fraca. — Vão me encontrar, e você vai pagar por tudo o que faz com nossa família. – Alex riu, como se eu tivesse dito algo muito engraçado.
— Ah, você ainda acredita nisso? – Ele balançou a barra de ferro para frente e para trás. — Que bonitinho.
Jogou a barra no chão e andou em minha direção. Dessa vez ele distribui socos pelo meu corpo.
Derrepente, senti sono, mas um sono diferente, e as dores pareciam ter sumido, minha respiração ficou calma, senti meu coração bater mais devagar.
E se eu fechar meus olhos?
|Becky|
Assim que o oficial Carter disse que havia notícias de Freen, senti a esperança crescer em meu peito.
— Diga logo a notícia. – Pediu, Natalie.
— Nessas últimas semanas, pegamos todas as imagens das câmeras de segurança do parque, analisamos cuidadosamente cada imagem. Em uma delas vimos a garota sendo colocada dentro de um carro preto. – Explicou. — Demorou um pouco, mas conseguimos ver a placa do carro.
— E então? – Perguntou o senhor Arthur.
— Conseguimos rastrear o carro até uma propriedade abandonada fora da cidade, onde parece que ela está. Pedi para várias equipes irem até o local verificar. E...
— Com licença, preciso atender, é importante.
'Sim?'
'Ótimo!'
'Vou para aí junto com reforços e a ambulância.'
'Não chamem a atenção deles, estarei aí em breve.'
— Boas notícias, Freen foi encontrada.
Senti lágrimas escorrendo pelo meu rosto só de ouvir o que ele disse.
Carter desligou o telefone, e o alívio que eu senti era quase palpável. Eu olhei para o lado e vi os rostos dos pais dela se iluminarem com uma mistura de esperança e emoção. A mãe de Freen começou a chorar, mas era um choro de alívio e alegria.
— É verdade? – Perguntou o senhor Arthur, sua voz cheia de emoção.
— Sim, ela foi encontrada. –
Confirmou. — Ela está em um galpão mais longe do que esperávamos, e o lugar está cheio de homens armados, então vou chamar reforços para ir comigo até lá.— Por favor, nos avise quando conseguirem resgatá-la.
— Avisarei. Com licença.
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My Girl
Fanfiction⚠️ NÃO É G!P ⚠️ "Se nos dissessem que uma simples troca de olhares poderia mudar nossas vidas, não acreditariamos, mas aconteceu." História autoral!