Capítulo 3 - Lembranças.

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- Wagner Moura, 18:47h.

Depois daquele dia na praia aparentemente leve e descontraído, Wagner voltou ao hotel que estava hospedado no fim da tarde. Ele estava leve, com os pensamentos mais claros, apesar da dor que persistia em seu peito, ele não sabia dizer se era saudade, dor pelo término ou simplesmente o abismo do fim.

O céu estava praticamente escuro quando Wagner adentrou o quarto em que estava hospedado, ao redor havia alguns papéis, fotos de seu casamento, de momentos felizes e que agora eram apenas lembranças em sua mente. Ele podia sentir aquela sensação voltando novamente, a boca ficando seca, o coração apertando e a mente entrando em uma turbulência de mil pensamentos.

Com um suspiro derrotado, Wagner se sentou na poltrona do quarto que estava um pouco distante da cama. Uma de suas mãos alcançou uma fotografia que estava próxima, trazendo até a altura de seus olhos para ver o rosto de Sandra naquela foto registrada logo após a primeira viagem juntos. Um rastro de saliva desceu por sua garganta, o silêncio se fazendo presente novamente e parecendo cada vez mais ensurdecedor em sua mente.

Sem ânimo algum, Wagner se levantou apenas para ligar a caixinha de som em cima da cômoda, conectando a mesma em seu celular. Dando play em qualquer playlist, o mesmo voltou a se sentar na poltrona observando as fotos espalhadas ao seu redor até que o som conhecido começou a ecoar pelo quarto de hotel.

Ela partiu, partiu
E nunca mais voltou
Ela sumiu, sumiu
E nunca mais voltou

Ela partiu (partiu), partiu (partiu)
E nunca mais voltou (não voltou, não, uh)
Ela sumiu (sumiu), sumiu (sumiu)
E nunca mais voltou (não voltou, não, uh)

Era como se ele estivesse sendo destruído por dentro, ele até pensou em ligar, mas sabia que era inútil. Sandra era uma mulher decidida e estava claro que ela merecia ser feliz, mesmo que não fosse mais com ele. Mas aquilo doía, doía pensar que os próximos anos não seriam mais ao lado dela como antes, ele não acordaria mais ao seu lado todas as manhãs, não iria mais sentir seu toque reconfortante, a essência doce de seu perfume, o seu sorriso, seus olhos castanhos e principalmente seu amor.

Por um momento, Wagner fechou os olhos, deixando que a música tocasse ao fundo enquanto as memórias assombravam sua mente. Ele ainda podia sentir como se sentiu da primeira vez que se viram, da primeira vez que se falaram, da primeiro beijo, da primeira vez...seus olhos estavam ficando marejados, era a primeira vez que chorava depois de tantos anos. Ele desejou que aquilo tudo fosse apenas uma cena de filme, que estivesse apenas atuando e depois voltaria para casa e para sua família.

Se souberem onde ela está, digam-me
E eu vou lá buscá-la
Pelo menos telefone em seu nome
Me dê uma dica, uma pista, insista

Yeah, yeah, yeah, yeah
E nunca mais voltou (não voltou, não, uh)
Ela sumiu (sumiu), sumiu (sumiu)
E nunca mais voltou (não voltou, não, uh)

Ele se perguntava mentalmente se valia a pena, uma parte de sua razão desejava seguir em frente, mas como? Como deixar 23 anos para trás? A música continuava no fundo, até seus olhos se abrirem novamente, não conseguia mais olhar para as fotografias aos redor, cada uma delas era como um soco em seu estômago. Ele não entendia o porquê de se sentir tão culpado, tão derrotado...talvez porque amasse aquela mulher com todas as suas forças. Aos 48 anos, Wagner jamais se imaginou passando por aquela situação, ele pensou que fosse para sempre, mas de qualquer realmente tenha sido. Afinal, as lembranças ficam para sempre.

Ele começou a analisar a aliança ainda em seu dedo, se perguntando se Sandra ainda pensava nele da mesma forma, se ainda se sentia como ele.

E nunca mais voltou (não voltou, não, uh)
Ela partiu (partiu), partiu (partiu)
E nunca mais voltou (não voltou, não, uh)

"𝐎 𝐀𝐌𝐎𝐑 𝐄𝐒𝐓𝐀́ 𝐍𝐀 𝐒𝐔𝐀 𝐏𝐎𝐑𝐓𝐀." - 𝑊𝑎𝑔𝑛𝑒𝑟 𝑀𝑜𝑢𝑟𝑎.Onde histórias criam vida. Descubra agora