Capítulo 5 - Inesperado (cont.)

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- Wagner Moura.

Aquele momento parecia avassalador e extremamente bom ao mesmo tempo, a sensação dos meus lábios se movendo em sincronia com os de Lia era inexplicável. Talvez o vinho estivesse ajudando naquela situação, mas quem se importava? Lia estava retribuindo cada nova investida, com toques, carícias e o profundo beijo que ainda trocávamos.

Eu não sabia como mas minhas mãos pareciam ter "ganhado vida própria", se encontrando deslizando sobre a cintura esbelta de Lia. Foi possível sentir e ouvir suspiros contra meus lábios, sinal de que meu toque estava lhe causando as mesmas sensações. A falta de ar estava se fazendo presente, o que me fez separar o encaixe de lábios lentamente.

Nossas respirações estavam ofegantes, as testas quase colocadas, eu jurava poder ouvir seu coração batendo disparado. Mas abrindo os olhos e tendo uma visão clara, era possível ver as bochechas da moça em um tom rosado, seus lábios levemente inchados pelo contato prolongado do beijo. - Lia, eu...olha, me desculpa.- Minha frase foi interrompida pelo polegar da moça em meus lábios.

- Shh, tá tudo bem. Você não tem que se desculpar, tá legal? Eu queria, você queria e aconteceu.- Lia me respondeu de forma suave, sem desviar o olhar dos meus olhos por nem um segundo.

- Mesmo? Eu não queria e nem quero forçar nada.- Meu tom era suave, baixo e calmo ao mesmo tempo. Minhas mãos se deslocaram de sua cintura, agora se erguendo apenas para segurar seu rosto delicado com as duas mãos.

- Mesmo.- Lia me respondeu em um tom baixo, mas firme. Nossas respirações estavam se misturando novamente, minha pele formigava só de imaginar em tê-la em meus braços naquele instante. Sem pensar duas vezes, volto a tomar seus lábios novamente em um beijo profundo, urgente e cheios de uma luxúria nova.

Em passos cegos, direcionei nossos corpos até a cama onde depositei o corpo delicado entre os lençóis bem arrrumados. Tendo meu corpo por cima, apoio minhas mãos no colchão macio, ambas em cada lado de sua cabeça. Conforme o beijo se aprofundava cada vez mais, sinto as pernas torneadas ao redor de minha cintura, a sensação me fazia suspirar contra seus lábios.

Em instantes nossas bocas já se buscavam de forma desajeitada, como se ambos dependessem daquilo para viver. Naquela altura as mãos de Lia passavam por minhas costas, mesmo que por cima do tecido da camisa que usava, era um toque terno e cheio de carinho. O que já era de se esperar, já que Lia era como uma joia extremamente delicada.

Até os mínimos toques eram doces, suaves, ternos e carinhosos. Eu já havia sentido aquela sensação antes, era uma sensação de nostalgia e bem estar ao mesmo tempo, como se estivesse em cada, como nos velhos tempos.

Nos velhos tempos...

A frase impregnou minha cabeça como um vírus que se espalha em questões de segundos, mas dando-me uma certeza do porquê daquele sentimento. O beijo foi quebrado lentamente, eu não queria assustar ou muito menos magoar a mulher em meus braços naquele momento. Nossos olhares se encontraram por breves segundos, antes de afundar meu rosto na curvatura de seu pescoço. O aroma doce de seu perfume encheu minhas narinas e eu pude sentir o arrepio que subiu a sua pele.

O toque de suas mãos por minha nuca e fios de cabelos era extremamente reconfortante, talvez até como um acolhimento. Eu poderia simplesmente esquecer o que estava pensando, mas a razão gritava no fundo de minha mente como uma sirene alta.

- Eu não posso.- Murmurei contra a pele de seu pescoço, me permitindo fechar os olhos. - Não posso fazer isso com você.-

- Não pode? Não pode o que?- Sua voz era como um sussurro ofegante, sem deixar de acariciar meus fios de cabelos entre os dedos.

As palavras morreram em minha garganta, como se fosse impossível falar. Eu queria simplesmente poder explicar abertamente o porquê, mas parecia tão errado e injusto com ela. - Eu não posso falar...não agora.- Minha voz saiu como um sussurro, carregado de um certo arrependimento e medo.

Sem dar brecha para mais perguntas sobre o real motivo, finalmente tive forças para afastar meu corpo o suficiente para me levantar. A expressão de Lia era de total confusão e talvez até curiosidade. - Ah...tudo bem.- A mesma me respondeu, agora também se levantando e arrumando seu vestido que havia sido amassado e bagunçada por minhas mãos. - Bom, então...acho melhor eu ir né?- O clima que antes era caloroso, agora estava desconfortável e sem graça. Era tudo culpa minha, eu sabia, mas as vezes é melhor ter paz do que ter razão.

- Olha...me desculpa mais uma vez, tá? Eu acho que me empolguei mais do que devia.- Passo minhas mãos por meu rosto, tentando aliviar a tensão acumulada na região. - A gente pode marcar outro dia, se você quiser.- Sugeri com uma certa insegurança e medo da rejeição, mas ao invés do que eu estava esperando, tudo o que eu recebi de volta foi um sorriso pequeno e um olhar compreensivo.

- Claro, a gente vai se falando.- Lia me respondeu com uma normalidade surpreendente. Ela terminou de ajeitar seu vestido, se virando na direção de saída. - Me acompanha até a porta?-

- Sim! Claro.- Respondi com prontidão, sem esconder a minha surpresa com sua reação. Caminhando juntos até a porta, eu abri a mesma dando espaço para a moça. - Me liga quando chegar?-

- Claro, eu ligo sim.- Ela me respondeu gentilmente, se aproximando para um possível selinho. Mesmo que a razão ainda gritasse dentro de mim, não era tão fácil resistir a aqueles lábios macios, até pensei em aprofundar o beijo mas me contive para o nosso próprio bem.

- Tem certeza que não quer que eu vá te deixar em casa?- Perguntei logo após o selinho, buscando seus olhos.

- Tenho sim, não se preocupa com isso.- Ela me respondeu de volta no mesmo tom, antes de finalmente ultrapassar a saída e sumir no corredor. Eu acompanhei seus passos até que entrasse no elevador, só assim voltando a me recolher para dentro do quarto de hotel.

Um suspiro profundo escapou de meus lábios ao me ver sozinho, minha cabeça parecia querer explodir com tantos pensamentos ao mesmo tempo. Mas eu não me culpava, ainda era recente, tudo ainda era recente.

Mas de qualquer forma, eu ainda precisava seguir em frente, mesmo que a saudade ainda gritasse em meu peito como todos os dias.

Estou com tantas ideias pra essa história que não sei nem por onde começar, mas de qualquer forma muito feliz por estar colocando minhas ideias no "papel".🫶🏻

"𝐎 𝐀𝐌𝐎𝐑 𝐄𝐒𝐓𝐀́ 𝐍𝐀 𝐒𝐔𝐀 𝐏𝐎𝐑𝐓𝐀." - 𝑊𝑎𝑔𝑛𝑒𝑟 𝑀𝑜𝑢𝑟𝑎.Onde histórias criam vida. Descubra agora