Capítulo 13 - Paranoias.

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- A arte de amar é a
mesma de ser poeta.

- Cecília Meireles.


- Rio de Janeiro, 14:09h da tarde.

- Lia Martins.

Ainda me pergunto o que teria acontecido se eu não tivesse ido a praia naquele dia, se não tivesse sentado naquele local específico logo atrás daquele homem misterioso. Os questionamentos frequentes me trazem um misto de sensações, talvez medo ou ansiedade por pensar que nada daquilo era real de fato.

Era a décima quinta vez no dia em que olhava aquela aliança em meu dedo anelar na mão esquerda, era uma prata fina e delicada acompanhada de algumas pedrinhas de brilhantes.

Nós ainda não havíamos começado a namorar oficialmente e estava tudo bem, até porque eu entendia que Wagner tinha que resolver sua vida primeiro antes de qualquer coisa.

Em poucas semanas eu já havia saído de casa, era um alívio tão grande saber que estava conquistando e realizando meus próprios objetivos sozinha, sem depender de algo ou de alguém. Wagner que sempre me apoiou desde o início, demonstrava estar feliz por me ver realizando tais sonhos.

Infelizmente nossos planos para fazer uma viagem a Salvador foram por água abaixo com a chegada de um projeto novo de filme para Wagner, no fundo eu estava feliz por não ter que vê-lo longe, pelo menos não por enquanto. Mas por algum motivo algo ainda me incomodava, eu não sabia ao certo o que era ou até mesmo quando aquela sensação começou.

Eu preferia acreditar que era apenas medo, medo de perder o que demorei tanto tempo para encontrar. Wagner conseguia ser mais do que apenas um parceiro romântico, com ele eu sentia que poderia atravessar oceanos e até mesmo enfrentar meus medos mais profundos.

Estávamos sem nos ver a alguns dias, o tempo estava corrido para nós dois, mas isso não impedia de que ele me ligasse a cada duas ou três horas. As vezes ele usava das desculpas mais esfarrapadas apenas para me ouvir rir ou até mesmo levar uma "bronca".

- Como estão as coisas por aí?- Perguntei de forma distraída, o celular ao meu lado com a ligação no viva-voz para que eu pudesse conferir algumas anotações no notebook a minha frente.

- Bem cansativas, chatas e formais. Acho que eu passei muito tempo parado.- Wagner me respondeu do outro lado, seu tom carregado de um certo cansaço e impaciência. - Mas e você? Está bem?

- Está tudo bem, eu consegui tirar um dia de folga hoje e quem sabe depois vou encontrar com algumas amigas.

- Amigas?

- Sim? Nós estávamos sem nos falar desde o falecimento da minha avó, como foi algo que me afetou muito, eu acabei me afastando das pessoas sem perceber.

- Eu entendo, meu amor. Olha, eu preciso desligar agora, te ligo mais tarde.

Antes que eu tivesse a chance de responder, a ligação se encerrou e minha atenção se voltou totalmente ao notebook a minha frente. Aquela tarde certamente estava parada demais, por que não ver o que estava acontecendo na vida dos famosos? Especificamente na vida do meu famoso.

Meus dedos foram rápidos em abrir uma nova página no site de pesquisa e apenas digitando o nome familiar. Logo a pesquisa mostrou diversos sites e informações, mas apenas uma imagem recente chamou toda a minha atenção. Minha boca foi ficando seca, meu coração começando a se apertar e acelerar.

Por que eles estavam tão próximos? Por que a mão dele estava na cintura dela daquele jeito?

Minha reação inicial foi encarar aquela fotografia, analisando cada detalhe, me sentia como uma pessoa tóxica e doentia agindo daquela forma. Mas tinha como reagir diferente? Não era todo dia e nem toda hora que eu me deparava com o meu homem com a mão na cintura de outra mulher.

"𝐎 𝐀𝐌𝐎𝐑 𝐄𝐒𝐓𝐀́ 𝐍𝐀 𝐒𝐔𝐀 𝐏𝐎𝐑𝐓𝐀." - 𝑊𝑎𝑔𝑛𝑒𝑟 𝑀𝑜𝑢𝑟𝑎.Onde histórias criam vida. Descubra agora