Capítulo 15 - Exagerado.

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Rio de Janeiro, 08:45h da manhã.

- Lia Martins.

Meu primeiro pensamento do dia não é mais o mesmo de 5 anos atrás, nada era como antes e não era ruim. Eu sempre ouvi que o amor estava na minha porta e eu apenas precisava abri-la na hora certa, e minha avó realmente sempre esteve certa sobre isso. Não há determinado tempo, não há horário marcado e muito menos previsão de quando irá acontecer, ele simplesmente acontece.

Não lembro como e muito menos quando aconteceu, talvez tivesse acontecido naquele mesmo dia em que nossos caminhos se cruzaram, ou quando decidimos nos amar intensamente. A verdade é que nunca vou conseguir explicar com apenas palavras o que sinto por Wagner, até porque não existia palavras que pudessem expressar verdadeiramente o que sinto.

Não se trata apenas de desejo ou atração física, é sobre a sensação de se sentir em casa todas as vezes em que seus braços me envolvem com todo carinho do mundo ou quando nossos olhares se encontram e palavras não são necessárias.

O futuro ainda era incerto, sempre será, mas de qualquer forma esse amor ainda vai permanecer comigo para o resto da vida. Mesmo que um dia tenhamos que seguir caminhos diferentes, sempre vou lembrar de como o amei com toda a minha alma.

- Pra onde estamos indo?- Minha atenção estava nas ruas, observando tudo através da janela do carro.

- Não é um lugar que estamos acostumados a ir, mas eu quero fazer isso, acho que é necessário por nós.

- Você tá me deixando curiosa e assustada ao mesmo tempo.

- Não precisa ficar, meu amor.- Uma das mãos de Wagner largaram o volante, apenas para colocá-la por cima de minha coxa em um gesto de carinho. - É algo especial.

- Tudo bem...se você diz.- Um meio suspiro escapou de meus lábios, enquanto segurava a mão que estava em minha coxa apenas para entrelaçar nossos dedos.

O caminho seguiu em um silêncio confortável, Wagner se manteve calado enquanto dirigia pelo destino ainda misterioso. Ele parecia pensativo e relaxado ao mesmo tempo, o que acalmava um pouco a minha ansiedade em descobrir para onde realmente estávamos indo.

Quando carro começou a parar devagar para estacionar, minhas sobrancelhas se arquearam ao perceber que estávamos na frente de um cemitério. - Por que estamos aqui?

- Você vai descobrir.- Foi tudo que Wagner me respondeu após estacionar o carro e finalmente descer.

Após descer juntamente ao mesmo, uma inquietação tomou conta dos meus sentidos ao reparar na familiaridade do local. - Eu só venho aqui para deixar flores para a minha avó.

- Eu sei, você comentou comigo naquele dia no jantar e depois eu me ofereci para vir com você.

- Sim, eu lembro. Mas ainda não entendi porque estamos aqui.

- Vem cá.- Wagner alcançou uma de minhas mãos, entrelaçando nossos dedos e segurando com uma certa firmeza. Seguindo seus passos, entramos no cemitério e passamos por alguns túmulos, até que paramos em frente a um dolorosamente conhecido.

Um aperto se formou em meio peito, juntamente as lágrimas que começaram a se formar no canto dos olhos. - Ela me faz tanta falta.- Deixei escapar de repente, segurando a vontade imensa de chorar.

- Eu sei, eu sei.- Wagner sussurrou em um tom reconfortante, me puxando para um abraço apertado. Seus braços envolveram meu corpo com todo carinho de sempre, apoiando seu queixo no topo de minha cabeça. - Shh, eu estou aqui com você, tá bom?- Suas palavras eram ditas em um tom baixo, com a intenção de acalmar toda a tempestade presente.

"𝐎 𝐀𝐌𝐎𝐑 𝐄𝐒𝐓𝐀́ 𝐍𝐀 𝐒𝐔𝐀 𝐏𝐎𝐑𝐓𝐀." - 𝑊𝑎𝑔𝑛𝑒𝑟 𝑀𝑜𝑢𝑟𝑎.Onde histórias criam vida. Descubra agora