Capítulo 8 - Esclarecimentos.

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- Rio de Janeiro, 10:23h da manhã.

Ao estacionar o carro em frente a casa da família de Sandra, Wagner esperou pelo filho que não demorou a aparecer. Quando o mais novo entrou no banco da frente do passageiro, o mesmo jogou sua mochila no banco de trás como de costume. - E aí, pai.- Bem cumprimentou de forma divertida, como de costume.

- E aí, garotão. Tá aproveitando bem as férias?- Wagner perguntou no mesmo tom, esticando uma mão para bagunçar os fios de cabelos do filho. - Te fiz esperar demais?

- Não, não, ainda deu tempo de tirar uma soneca. Por que? O que aconteceu?- Bem perguntou de forma curiosa, se acomodando no banco e colocando o cinto de segurança.

- Nada, eu só tive que deixar uma amiga no trabalho.

- Amiga? Desde quando você tem amiga, pai?

- Desde sempre ué, a Alice Braga é o que?- Wagner questionou de volta, dando a partida no carro novamente.

- Mas é diferente, pai.

- Diferente? O que é diferente pra você?

- Você sabe, ela é casada com uma mulher. Então obviamente da fruta que você gosta ela chupa até o caroço.

Wagner não evitou uma risada, balançando a cabeça em negação. - Então quer dizer que qualquer outra mulher que não seja lésbica, não pode ser apenas minha amiga?

- Não foi isso que eu quis dizer, pai. É que eu nunca vi o senhor ir deixar alguém no trabalho, ainda mais uma amiga.

- Mas é diferente, Bem. Eu era casado com a sua mãe e com certeza iria ficar desconfortável pra ela saber que eu estava levando outra mulher no trabalho, mesmo que essa pessoa fosse apenas uma amiga minha.

- Então quando se é casado não pode ter amigas?

- Não é que não possa ter amigas, é coisa de casal. Quando você estiver em um relacionamento, você vai entender. - Wagner finalizou a conversa, antes de dar uma olhada rápida no filho.

Um breve silêncio se estendeu entre eles, antes de Bem se manifestar novamente, parecendo um pouco inseguro do que queria falar. - Pai, será que a gente pode bater uma conversa de homem pra homem?

- Claro que podemos.- Wagner respondeu com normalidade, mesmo com a atenção na direção do volante. - Lembra do que eu te falei quando você tinha 8 anos?

- Sei, que acima de tudo você também é meu amigo.

- Exatamente.

Bem soltou um suspiro longo, pensando nas palavras certas para dizer o que aconteceu para o pai. - Sabe a Manu?

- A Emanuela? Aquela garota que você anda falando desde o mês passado?

- É, essa mesmo.- Bem engoliu seco, sentindo as próprias mãos começando a suar de nervoso. - Acho que eu tô gostando dela.- Finalizou sem rodeios, esperando a reação do pai.

- Acha ou tem certeza?

- Eu não sei...mas sei lá, ontem eu chamei ela pra ir no cinema e a gente foi na boa. Depois da sessão eu chamei um uber pra gente ir pra casa.

- Pera, ir pra casa da sua mãe?

- Já tava tarde, pai. Eu não queria colocar ela dentro de um uber sozinha.

- Sua mãe sabe dessa história?

- Não, você sabe que ela iria embaçar de qualquer forma. Ela não é como você, ela só me vê como um garoto de 13 anos.

- Não é assim, Bem. A sua mãe só quer o seu bem, ela só tem o jeito dela de demonstrar isso e eu tenho o meu.

- O jeito dela não é compreensível, pai. Você mesmo viu como ela reagiu quando eu disse que se caso fosse preciso, eu gostaria de morar com você.

"𝐎 𝐀𝐌𝐎𝐑 𝐄𝐒𝐓𝐀́ 𝐍𝐀 𝐒𝐔𝐀 𝐏𝐎𝐑𝐓𝐀." - 𝑊𝑎𝑔𝑛𝑒𝑟 𝑀𝑜𝑢𝑟𝑎.Onde histórias criam vida. Descubra agora