Capítulo 38

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Victor

Enquanto Vera, uma das secretárias, me avisava que Lisa estava passando mal com náuseas, um único pensamento veio-me à mente: ela está grávida.

Ou eu gostaria que estivesse?

Seria inesperado e com certeza eu teria que me casar com a Lisa...

Ok, eu não era obrigado a casar com uma mulher só porque estava grávida, mas era o certo, não é? Uma criança precisava ter uma figura familiar bem estruturada para a constituição emoção… Ou eu apenas quisesse me casar com ela.

É claro que eu queria me casar com a Lisa! Não era nisso que eu pensava lá em Mendoza quando pedi que Dorotéia preparasse um jantar romântico? Mas aí eu li toda aquela troca de mensagens entre ela e a Virgínia, sobre como me conquistar, como eu estava no papo.

No entanto, a cada dia que passava, percebia que Lisa talvez tivesse realmente gostado de mim. Eu ainda me sentia inseguro, havia internamente um medo absurdo de estar me enganando novamente.

Mas se Lisa estivesse grávida, eu poderia me convencer da obrigação de casar com ela. A traria para minha casa e a afastaria definitivamente da Virgínia Baccetto e com o tempo as coisas entrariam nos eixos.

E então, eu encarava Lisa ali naquele estacionamento. Ela achava que eu estava chateado, mas, na verdade, estava com muita expectativa.

— Eu também não abandonaria um filho meu, Lisa, mesmo diante da pior das circunstâncias. Se estiver grávida, eu vou cuidar de vocês — eu disse, tentando esconder a emoção.

— Eu vou para casa, descansar — disse, com a voz baixa. — E vou fazer o exame de sangue.

— Certo. Posso ir com você.

— Eu aviso.

Dei um passo para mais perto dela e beijei-lhe a testa.

Ela sorriu para mim, daquele jeito franco e sincero, como nos dias em Buenos Aires e eu desejei estreitá-la em meus braços ali mesmo. Lisa entrou no próprio carro e saiu.

Voltei para a empresa e encontrei Cristian dentro da minha sala. Ter o presidente da RCS como amigo tinha desvantagens, como ele achar que podia se meter na minha vida amorosa.

— As secretárias ouviram você falar de “gravidez” com a Lisa. É verdade? — Cristian falou, sem rodeios.

— Não sabia que você era dado à fofoca — acusei, passando por ele e indo até a estante de livros.

— Homens também gostam de fofoca, e me permito fazê-las, principalmente quando envolvem duas pessoas que eu gosto — Riu, tirando as mãos do bolso do terno. — E então?

— E então, o quê?

— A Lisa está grávida?

— Eu não sei!

— Mas pode estar, é isso? — Riu. — Sabe, eu penso que você daria um ótimo pai, só espero que venha uma menina, para você saber o que sentia o pai de todas as jovenzinhas que você pegou.

— Cristian, você é um péssimo amigo. — Coloquei um livro no lugar certo e então me virei para o homem loiro escorado na parede. — Não fui tão devasso assim.

— Só perdeu para o Robert, meu irmão, mas veja, se até mesmo ele se casou e está sendo um excelente marido, você tem solução.

Eu não respondi à provocação de Cristian, apenas me sentei na poltrona que ficava perto da janela.

— Você acompanhou a minha história com Betina e sabe que foi agoniante saber que ela tinha fugido grávida de mim. Se Lisa estiver grávida, precisa apoiá-la desde o primeiro instante — meu amigo alertou, deixando de lado o tom de brincadeira.

— Eu sei. Se Lisa estiver grávida, vou me casar com ela.

— É aí que está o erro. — Cristian se sentou numa segunda poltrona. — Se for casar com ela, não deve ser só pela criança.

— Mas é pela criança!

— Dizem que não se pode ensinar um burro velho...

— Não sou velho.

— Tem o espírito de um idoso — Cristian falou. — Seja sincero e admita que gosta da Lisa o bastante para querer formar uma família com ela!

— Ah, Cristian, nem todos somos sortudos como você. — Sorri, sarcástico. — O fato de gostar de alguém não faz dela a melhor pessoa para se relacionar.

— Não sei se percebeu, mas nessa história, o joio é você, meu amigo.

Eu não entendi o que ele quis dizer, mas nem precisei perguntar, pois ele fez questão de me explicar.

— Você é um homem fechado que tem dificuldade em lidar com qualquer coisa que não saia conforme seus planos, não admite os próprios erros e pior, se acha um bom partido. A mulher que se casar contigo terá uma árdua batalha para enfrentar.

— Eu sei disso tudo, por isso fiz questão de ficar solteiro e estava funcionando muito bem até agora.

— Victor, você é meu amigo mais cabeça dura.

— Veio aqui só para destruir minha imagem, caro amigo?

— Ah, nossa amizade precisa servir de alguma coisa, apesar que tudo o que digo parece entrar num ouvido e sair pelo outro. — Começou a abrir a porta para sair. — E claro, se precisar de mais conselhos, estarei na sala ao lado.

— Tchau, enxerido.

— Minha festa é depois de amanhã, sua presença é obrigatória. A Lisa também vai, aproveite a oportunidade para resolver as coisas com ela.

Tentei ignorar os efeitos da visita do Cristian, abrindo meus e-mails, que estavam acumulando. Eu andava perdendo tempo demais ultimamente e o meu trabalho andava atrasado. Nunca negligenciei o trabalho, mas desde que voltei de viagem, eu vivia distraído.

Depois de uma hora tentando me concentrar nas minhas obrigações, acabei me rendendo e abri o celular. Passei a hora seguinte olhando as fotos de Lisa que ainda estavam no aparelho.

Incontrolável - Subjugada pelo desejo Onde histórias criam vida. Descubra agora