Romeu
Eu vivia um recomeço. Quando ainda estava em minha fazenda no sul de Goiás, fui surpreendido por um “mini” infarto. Minha recuperação foi rápida e não tive sequelas, mas me abriu os olhos. O que eu estava fazendo da minha vida? E por que não estava perto do meu filho? Se eu tivesse morrido, qual a última conversa Victor havia trocado comigo?
Não contei nada para meu filho, apenas fiz minhas malas e parti para São Paulo, disposto a reconquistar a confiança dele. Não havíamos brigado, porém, estávamos tão distantes que parecia que eu era um primo de terceiro grau, não seu pai.
Foi a melhor decisão da minha vida. Agora eu estava feliz por Victor ter se reaproximado o suficiente para se abrir comigo nos momentos mais difíceis.
E havia também a Maribel.
Um homem com meu dinheiro pode, sim, arranjar uma mulher muito jovem para se relacionar, mas com meus sessenta anos não queria apenas um corpo quente para aquecer minha cama.
Não, eu queria uma companheira. Alguém cuja presença não me cansasse, o sorriso fosse sincero, possuísse o mesmo ritmo que o meu e que gostasse do Romeu como pessoa, não apenas me enxergasse como um balde de dinheiro.
Na verdade, eu nem sabia que desejava tudo isso até conhecer aquela mulher doce chamada Maribel.
E então me vi fazendo comparações bobas entre mulheres e flores, sorrindo pelos cantos sem motivo algum e arranjando a cada dia, uma nova desculpa para aparecer na RCS só para rever aquela bela dama que fazia meu coração ficar quentinho.
E agora eu a tinha para mim, descobri que não era apenas o meu coração que ela conquistara, mas meu corpo também. Mulheres “maduras” também são bonitas e interessantes. Assim como uma rosa e uma orquídea são flores completamente diferentes que não podem ser confundidas, mas possuem cada uma sua própria beleza, uma mulher mais velha e uma jovenzinha são tipos diferentes de mulheres, tipos diferentes de corpos e ambas tinham seu próprio encanto.
Ela conseguia me fazer incendiar e eu não imaginava que viveria esse tipo de atração outra vez. Gostei de descobrir que a pele dela era macia e perfumada, a boca era hábil na arte de beijar e as mãos trabalhavam com muita destreza.
Havia apenas um ponto que me impedia de ser plenamente feliz: O bem-estar do Victor.
Eu não poderia voltar para a minha fazenda sem antes ajudar meu filho a resolver sua vida pessoal. Ele estava muito apaixonado pela senhorita Lisa e eu temia que aquela mulher ardilosa chamada Virginia, que ressurgira das entranhas do submundo, pudesse estragar tudo.
Então, quando recebi a ligação dela, pareceu uma resposta aos meus anseios. Eu não sabia como ela tinha conseguido meu telefone, mas Virginia sempre se envolveu com coisas suspeitas.
Victor não aprovaria aquele encontro e Maribel insistiria em vir junto, por isso não contei para ninguém. Nos encontramos num restaurante mais afastado da cidade, porém elegante e com um menu variado de frutos-do-mar.
Quando cheguei ao restaurante, focalizei a mulher de cabelo loiro sentada num canto mais afastado da entrada, olhando para o celular. Ela me viu e levantou a mão para se identificar, como se eu não fosse reconhecê-la; apesar de ter mudado os cabelos escuros para aquele loiro falso, os traços haviam mudado muito pouco.
Sentei-me diante dela. Não queria começar o diálogo com um “como vai você” ou “há quanto tempo?” pois ela não era uma pessoa querida. Encarei-lhe o rosto percebendo que o tempo fora generoso com ela e, apesar das rugas, mantinha os olhos espertos de sempre.
— Então, Virginia, queria falar comigo. Espero que não me faça perder tempo.
— Você continua bonito — disse, sorrindo levemente. — Mantém o mesmo porte altivo e elegante.
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Incontrolável - Subjugada pelo desejo
RomanceVictor prometeu nunca mais se apaixonar... Lisa, uma profissional determinada e destemida, vê-se constantemente desafiada por seu arrogante chefe, Víctor, sem entender porque ele a trata tão mal. Seus embates no escritório são apenas o prelúdio de u...