Lisa
Achava que já o tinha visto furioso, mas descobri naquele dia que eu não experimentara nem um terço de suas intenções diabólicas.
Quando Victor abriu meu roupão bruscamente, um medo me dominou. Nunca o tamanho dele conseguiu me intimidar daquela forma, como acontecia no momento. Ele sempre foi delicado e carinhoso comigo nos momentos de intimidade e agora agia de maneira assustadora.
Me senti tão pequena e vulnerável.
— Você, Lisa, é uma diaba manipuladora e ardilosa. Qual seria o próximo passo? Engravidar de mim? Não, você é mais esperta que isso. — Me puxou de encontro a ele. — Como foi que sua amiga falou? Victor está no papo. Você continuaria me seduzindo, até eu me dobrar de amores e casar com você?
— Você precisa de tempo para voltar a pensar direito — falei, recuperando a coragem. Tentei encará-lo com altivez, como sempre fazia quando era preciso enfrentá-lo, mas aquele não era o homem de sempre.
Era um ser possuído pelo rancor e não me ouvia.
— Vou começar a puni-la, Lisa — disse, de maneira estranha. — Vagabundas como você não devem sair ilesas.
A ofensa me atingiu e eu senti minhas pernas enfraquecerem. Victor me jogou na cama e veio para cima de mim.
Entendi que tipo de punição ele queria aplicar. Eu poderia apenas ficar quieta, mas meu espírito rebelde me fez chutá-lo bem no estômago.Ele pareceu não se abalar e sorriu, ainda mais incentivado.
— Me solta, Victor!
E ele sufocou meus protestos com sua boca. Os lábios dele não tinham pena dos meus, sua mão era exigente e começou a apertar meu seio com força desnecessária.
Meu Deus, aquele não era o Victor. Ele não era assim.
Não podia ser assim.
Não podia…
Então, fui tomada pelas lágrimas. Um choro compulsivo subiu-me pela garganta e eu comecei a tremer.
E Victor me soltou.
Caiu em si e parecia assustado com a própria reação. Eu o vi pegar sua carteira sobre o criado mudo e colocar no bolso da calça com as mãos tremendo.
Por um instante, pareceu sem saber o que fazer.Saiu.
E eu afundei o rosto no travesseiro e fiquei chorando por um período que me pareceu a eternidade. Não sei quanto tempo depois, voltei a reagir. Levantei e lavei o rosto, colocando uma roupa.
Peguei o celular e mandei uma mensagem para a Gigi.Você conhece o meu chefe? Por que não me falou?
Gigi visualizou, mas não respondeu.
Eu saí do quarto e não me importei que os funcionários do casarão vissem meu rosto inchado de tanto chorar. Uma mocinha que eu tinha visto trabalhar na cozinha, passou por mim e eu a interpelei.
— Has visto a Víctor?
— El señor Herrera se fue — a garota respondeu.
Victor foi embora? Como assim?
— Regresó a Brasil — continuou falando, quando percebeu que eu estava confusa.
Arregalei os olhos. Victor simplesmente me largou ali. Estava tão enojado de mim que não conseguia dividir a mesma casa que eu?
Dorotéia apareceu e me chamou para jantar. Ela parecia frustrada e quando cheguei à sala de jantar, entendi o porquê. Ela devia ter se esforçando para compor aquela linda decoração por todo o cômodo.
Havia um lindo arranjo de flores silvestres sobre a mesa e algumas velas. No aparador atrás da mesa de jantar, as fotos de família foram substituídas por mais flores e mais velas. Uma pequena caixinha de som estava perto delas, o que me fez imaginar que Dorotéia era romântica e imaginou que poderia colocar alguma música agradável para nós.
Tudo ali parecia ter sido preparado para um momento especial a dois. E teria sido maravilhoso. Se aquele jantar tivesse acontecido do jeito que deveria, eu seria a mulher mais feliz do mundo.
Me sentei na mesa, sozinha, enquanto Dorotéia me servia o galeto ao sugo de laranja e um taça do melhor vinho da vinícola.
A raiva não me tirava a fome, pelo contrário, eu mastigava tudo com forca dobrada, sabendo que precisava estar forte e sadia para tudo que viria depois. Poderia ter passado a noite me embriagando com aquele vinho, mas sabia que não era a solução.
Precisava entender o que havia acontecido. Meu coração estava só os cacos, mas eu ainda podia ser racional. Então passei o resto da noite sentada na sala de jantar, as velas acessas, as flores cheirosas e a solidão era a minha amiga.
Naquela noite, eu não dormi. Passei o tempo todo deitada na cama, olhando para o teto e tentando assimilar todo o ocorrido.
— Gigi já foi amante dele? — falei em voz alta para mim mesma. — Ela é muito mais velha e conhecendo o tipo de mulher com quem ele sai… Não faz sentido nenhum.
Com certeza Gigi fora muito bonita. Ainda era uma coroa muito charmosa e sabia se vestir de maneira jovial. Em nenhum momento ela me pareceu uma pessoa ruim, muito pelo contrário, era uma vizinha agradável. Mas o que teria acontecido entre eles para a simples associação do meu nome ao dela ter abalado tanto Victor para que ele fosse tão asqueroso comigo?
Se ele não iria me contar, teria que descobrir por mim mesma!
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Incontrolável - Subjugada pelo desejo
RomanceVictor prometeu nunca mais se apaixonar... Lisa, uma profissional determinada e destemida, vê-se constantemente desafiada por seu arrogante chefe, Víctor, sem entender porque ele a trata tão mal. Seus embates no escritório são apenas o prelúdio de u...