Capitulo 23

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Dois dias depois.

- Ate que enfim vou pra casa, não aguento mais esse lugar - digo olhando pra Maraisa parada a minha frente - preciso de um banho e minha cama.

- Eu sei amor, a nossa cama nunca ficou tão grande como estava enquanto tu está aqui - ela se aproxima e me abraça por trás enquanto arrumo minhas coisas.

Dou um sorriso com seu abraço e me viro de frente pra ela, encaro a imensidão castanha que há a minha frente e ela sorri pra mim.

Abraço ela forte e suspiro aliviada. Ela sabe como me transmitir segurança atrás do toque e ela sempre o faz quando sinto medo.

Essa mulher merece o mundo e eu estou disposta a dar, mas tenho medo do que podem fazer contra nós.

- Amor - chamo sua atenção e solto ela do abraço fazendo ela me olhar - eu estava pensando em uma coisa.

- Que coisa Lila? - ela me encara por alguns segundos até dar um sorriso ao ver que estou com um sorriso um pouco sem graça no rosto.

- Eu estava pensando no que me disse - olho em seus olhos e coloco uma mecha do seu cabelo atrás da orelha.

- Eu disse tanta coisa - ela ri - do que exatamente está falando?

- Sobre ter nossa filha, só minha e sua, sem o Murilo no meio.

Ela me encara por alguns segundos em silêncio e vejo sua expressão de surpresa.

- Eu quero tentar, mas não aqui, não perto de todo mundo que nos faz mal, eu sei que parece loucura mas já fugimos uma vez e fugir de novo não vai ser um problema - digo por impulso fazendo ela me olhar um pouco chateada.

- Lila, tu sabe que o que eu mais quero é ser feliz contigo, construir nossa família, mas agora não podemos sair da cidade, eu tenho que depor contra o Murilo lembra?

Assenti com a cabeça e abracei ela novamente mas dessa vez eu queria proteje-lá do mundo.

- Com licença - o médico diz batendo na porta fazendo eu soltar a Maraisa de vagar e olhar pra ele.

- Oi doutor, entra - digo.

- Marília, aqui está sua alta, pode deixar na recepção e ir pra casa - ele diz me entregando um papel - e lembre-se, repouso por duas semanas, não recomendo sexo também - Maraisa me olha e abaixa a cabeça - tu precisa se recuperar.

- Ta bom doutor, obrigada - digo dando um aperto de mão com ele e ele sai.

- O que foi amor? - Digo rindo - por que ficou daquele jeito quando o doutor proibiu sexo?

- Nada Lila - ela diz sem graça.

- Não se preocupa, eu não posso te dar mas posso te foder todos os dias - digo com um sorriso malicioso fazendo ela rir.

- Tu não existe Lila - ela me abraça - vamos pra casa.

Concordo com a cabeça e saímos do quarto abraçadas.

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- Aí Lila, fiquei preocupada contigo - Maiara diz me olhando.

- Eu tô bem, só bem triste por que perdi minha filha, mas tô bem - digo olhando o Léo correndo pela sala.

- Maraisa chorou muito quando recebeu a notícia que tu perdeu a neném, ela veio pra casa e a noite ela não dormiu, passou a noite no quartinho da diana chorando.

- Ela não me falou isso - digo olhando pra ela.

- Pensei que tinha falado - ela olha pro chão.

- A Maraisa tá um pouco distante, parece que a cabeça dela vive em outro lugar.

- Deve ser pela perda da filha de vocês Lila, vamos dar o tempo dela.

Concordo com a cabeça e olho pro Léo que parou de correr e foi brincar com os carrinhos no chão.

Eu não sei o que está acontecendo com a Maraisa mas ela está muito estranha comigo, ela está distante, o olhar dela está distante.

Ela ficou lá em cima arrumando a parte dela do closet.

- Mai, fica com o Léo aqui? Preciso conversar com a Maraisa - digo levantando vendo ela concordar com a cabeça.

Subo as escadas de vagar e respiro fundo antes de entrar no quarto. Entro e vou pro closet onde a Maraisa está sentada no chão escorada em uma das prateleiras com os cotovelo apoiados nos coelhos e as mãos no rosto.

- Amor? - chamo sua atenção - tá tudo bem?

Ela me olha e sorri fraco concordando com a cabeça logo em seguida.

- Isso tá uma bagunça e eu já tô cansada - ela diz me olhando.

- Deixa isso pra depois, vem cá - estico a mão pra ela e ajudo ela se levantar.

Levo ela até a cama e me sento vendo ela fazer o mesmo.

- Amor, o que tá acontecendo? - digo segurando sua mão - tu está tão distante.

Ela me olha nos olhos e eu percebo que seus olhos estão escuros, mais escuros que o normal. Eu queria muito poder fazer algo pra mudar a realidade que estamos vivendo mas eu não sei como.

- Lila, eu preciso que confie em mim - ela diz de vagar - eu estou fazendo umas coisas desde o dia que tu foi pro hospital, não posso te falar agora mas só peço que confie em mim.

- Quais coisas são essas? Se for pra te por em perigo eu quero que me fale - digo olhando ela abaixar a cabeça.

- Confia em mim por favor - ela diz ainda de cabeça abaixada, coloco o dedo em baixo do seu queixo, levanto seu rosto a fazendo me olhar e vejo seus olhos cheios de lágrimas.

- Por que tu tá chorando? - digo abraçando ela.

- Desculpa Lila, mas eu não posso te contar agora.

- Tudo bem, eu confio em ti.

Solto ela do abraço e deito na cama, chamo ela com a mão e ela deita comigo, ouço seu suspiro de alívio e fico abraçada com ela até ela parar de chorar.

- Eu te amo muito Mara - digo olhando pro teto.

- Eu também te amo muito Lila - diz respirando fundo pra conseguir ficar 100% calma.

Mesmo que ela esteja distante, ela ainda continua sendo carinhosa comigo, não gosto de grude pra se for pra ver ela bem eu ficaria quanto tempo fosse preciso ali abraçada com ela.

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Amor em segredo (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora