Capitulo 25

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Pov Marília.

Alguns dias depois.

- Alô? - digo após atender o celular da Maraisa que tocava na cômoda do quarto.

- Maraisa? - uma voz de mulher diz.

- Quem tá falando?

- Me chamo Lis, estou ligando do escritório do William Burns, tu é a Maraisa?

- Sim? - menti pra saber do que se tratava.

- Temos atualização do seu caso, pode vir no escritório 13:00?

- Do que se trata?

- Não se lembra que tu procurou meu chefe pra investigar e descobrir quem foi que jogou a pedra e acertou sua mulher?

- Ah, claro - sorrio fraco mas com uma pulga atrás da orelha - lembro sim, desculpa minha falta de memória, os problemas estão afetando isso.

- Tudo bem - ela ri - pode vir às 13:00?

- Claro, estarei aí.

- Obrigada Maraisa, até mais.

- Até - desligo e fico sentada na cama tentando achar uma explicação pra isso.

Pensei que ela estava me traindo ou algo do tipo, mas agora sei que não é isso. Pego meu notebook e procuro por William Burns, começo a ler e vejo que ele é um detetive, Maraisa contratou um detetive e não me falou nada? Por que ela escondeu isso de mim?

Ela não deveria ter feito nada disso, agora que comecei a me acostumar com a ideia que a diana não vai mais nascer e parei de chorar no quartinho dela, ela quer mexer nisso? A falta de sentir minha pequena se mexer dentro de mim dói muito, a Maraisa não tinha direito de mentir assim pra mim.

Fecho a pasta do notebook e fico sentada na cama pensativa, Maraisa aparece com o Léo no colo toda sorridente e me olha fazendo seu sorriso ir embora pela minha cara de raiva e decepção.

- O que foi amor? - ela pergunta se aproximando com o Léo.

- Tira o Léo daqui, eu quero conversar contigo sozinha! - digo sem enrolar.

Ela concorda com a cabeça e sai, volta alguns minutos depois e fecha a porta do quarto.

- Quem é William Burns, Maraisa?

Ela arregala os olhos e tenta se aproximar mas eu impeço com a mão.

- Onde tu ouviu esse nome?

- Uma pessoa te ligou e eu atendi, Lis o nome dela, disse que é do escritório dele e tem atualização sobre seu caso.

- Lila, eu..

- Por que escondeu de mim Maraisa? Logo agora que eu tô conseguindo ficar bem mesmo sabendo que minha filha não vai nascer.

- Nossa filha Lila - ela me olha e abaixa a cabeça

- Não, ela era minha filha - grito com ela - que caralho tu tem na cabeça de mexer onde mais me machuca Maraisa? Tu tem noção do quanto essa história dói aqui dentro? - dou tapas no peito - tu não tinha o direito.

- Lila, me ouve - ela diz com os olhos cheios de lágrimas.

- Sai daqui Maraisa, eu não quero te machucar, sai.

- Não Lila, eu não vou.

Me aproximo dela por impulso.

- Eu mandei sair daqui - grito com ela e a empurro fazendo ela cair no chão.

- Lila, eu-

- Eu não quero te ouvir, sai daqui.

Ela se levanta de vagar ainda chorando e sai do quarto como eu havia pedido, mas tudo que eu queria era um abraço dela, poder sentir que eu tenho o amor dela independente do que aconteça, mas ela saiu, como eu mandei ela fazer.

As lágrimas escorrem pelo meu rosto, junto com a dor que invade meu peito. Começo a quebrar as coisas dentro do quarto pra tirar isso de dentro de mim até que ouço o carro da Maraisa sendo ligado, olho pela janela e o carro sai cantando pneu.

Me sinto uma inútil por deixar minha desconfiança falar mais alto e isso é como um tiro direcionado ao meu coração, ouço paços atrás e de mim e olho pra trás, Léo estava parado ali me olhando enquanto eu só sabia chorar.

- Mamãe - ele diz tristonho - a mamãe Mara saiu chorando e não me deu meu beijo.

- Oh filho - pego ele no colo e limpo minhas lágrimas- a mamãe te da vários beijinhos se quiser.

Ele me abraça fazendo meu coração doer mais ainda, dói muito ver a Maraisa chorar, mas dói mais ainda ver meu filho daquele jeito, ainda mais sabendo que a culpa foi minha, eu queria ter os problemas como os dele, ficar triste por um beijo, mas não funciona assim.

Deito na cama e abraço meu filho na esperança da Maraisa voltar pra casa logo, dessa vez eu queria conversar com ela sobre o que ela está fazendo, mas com calma, queria tentar entender e não tratá-la daquela maneira.

Fico abraçada com o Léo ali por um longo tempo, percebo que ele dormiu então aproveito pra ligar pra Maraisa e perguntar se ela está bem pelo menos, me levanto pra pegar meu celular e vejo o seu ao lado do meu, ela saiu sem celular, sem nada, minha preocupação aumenta e a culpa também, se acontecer algo com ela eu vou me culpar muito mais por ter tratado ela daquela maneira.

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Pov Maraisa.

Ela não confia em mim, por que? Por que ela não deixa eu provar que posso descobrir quem tirou nossa filha de nós? Por que? São perguntas que só ela pode responder que talvez eu não tenha resposta. Eu sai de casa pra esfriar a cabeça, eu não estou bem, estou angustiada e não consigo parar de chorar.

Estou dirigindo pra mais longe de casa possível, eu não prendendo voltar tão cedo pra casa, preciso por minha cabeça no lugar e tentar tirar aquele empurrão e as palavras que ela me disse da cabeça, aquela não é a Marília que conheço, não é a Marília que fugi e pretendia me casar, mas ela mostrou ser outra pessoa hoje.

Dirigindo em uma estrada sem rumo percebo que tem um carro atrás de mim, faço algumas ultrapassagens e o carro faz o mesmo ficando atrás de mim novamente, não sei quem é exatamente mas aquilo me faz ficar com medo, não dava pra ver o motorista pelo fato do carro ter insulfilm escuro e isso me deixa mais nervosa, procuro meu celular no carro e não acho, me lembro que o carro tem telefone, tento ligar pra Marília mas eu precisava ter meu celular ali pra conectar o bluetooth.

Eu estou sozinha, completamente sozinha, sem a Marília, sem a Maiara, sem ninguém, só eu dentro daquele carro com um louco me seguindo, paro no sinal vermelho e o carro para ao meu lado, não dá pra ver nada dentro do carro. O sinal abre e eu saio de vagar com o carro, vou aumentando a velocidade enquanto o outro carro não sai do lado do meu.

Em uma rodovia aquele carro acelera no ritmo que acelero meu carro, ele estava do meu lado, o lado do motorista, em um piscar de olhos aquele carro bateu no meu fazendo o meu capotar várias vezes pela alta velocidade. Fui jogada pra fora do carro por estar sem cinto e caí em um matagal que tinha próximo à rodovia, meu corpo doía, minha cabeça rodava, tudo estava péssimo e eu só queria abraçar a Marília.

Minha visão foi ficando desfocada e eu acabei desmaiando. Ouvi vagamente barulho de sirenes, pessoas falando, carros buzinando e desmaio novamente.

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Amor em segredo (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora