Capitulo 21

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- Ai metade, tô com medo de depor - digo sentada na mesa vendo a Maiara fazendo almoço.

- Vai dar tudo certo - ela olha pra mim e volta a atenção para as panelas.

- Eu não sei Maiara, não me lembro de tudo mas e se ele sair e vir atrás de mim?

- Para de pensar assim, foca em tu e na Lila, ela não pode ficar se preocupando com essas coisas por causa da minha sobrinha - ela diz.

- Mas-

- Não tem "mas" Maraisa, tu tem que aproveitar a vida ao lado da sua mulher enquanto ele tá preso, vocês estão tendo paz agora e é nisso que tu tem que focar!

- Tá bom - digo me levantando - vou ver como a Lila tá, ela tá la em cima desde a hora que acordei.

Saio e subo, entro no quarto de vagar e vejo a marília deitada na cama com três cobertas.

- Amor - digo me aproximando - tá tudo bem?

- Eu não sei - ela diz parecendo estar fraca.

Coloco a mão em sua testa e ela está queimando de febre.

- Eu to sentindo umas dores estranhas no pé da barriga, quando ganhei o Léo não senti isso.

- Vamos no médico amor - digo levantando preocupada.

Tiro as cobertas de cima dela e vejo que tem muito sangue na cama.

- Lila, tu tá sangrando - meus olhos enchem de lágrimas - vamos no médico agora.

Ajudo ela a levantar e grito a Mai que vem correndo.

- Me ajuda a por ela no carro - digo pra Maiara.

Ela estava tão fraca que mal conseguia andar, colocamos ela no carro e eu dirigi o mais rápido que pude pro hospital.

A Maiara ficou com o Léo pois não ia levar ele e nem deixá-lo sozinho em casa.

Cheguei no hospital e pedi uma maca pois ela não conseguia andar, colocaram ela deitada lá e entraram, não me deixaram entrar então liguei pra Maiara.

- Metade - Digo segurando o choro.

- Oi Maraisa, e a Lila?

- Eu não sei, não me deixaram entrar - digo tremendo - eu não quero perder elas metade.

- Calma Maraisa, ficar assim não vai ajudar em nada.

- Eu não entendo, quando eu desci a Lila tava bem, ela tava arrumando a mesinha do quarto.

- Vou subir pra ver se acho alguma coisa de errado no quatro de vocês.

- Tá bom.

Ela sobe em silêncio e eu fico apreensiva.

- Maraisa, acho que tu não percebeu quando entrou aqui mas a Lila veio sangrando do banheiro.

- Como assim? O que tem no banheiro?

- Tem muito sangue no banheiro, ela sabia que estava mal e não falou nada.

- Por que ela faria isso? Não faz sentido, nada disso faz sentido.

- Desde o momento que tu estava lá em baixo falando comigo, tu ouviu algo?

- Não que eu lembre - digo pensando - eu ouvi um barulho, mas achei que fosse na rua.

- Ela pode ter caído e batido a barriga no chão.

- Mas por que ela não me chamou? - digo segurando o choro - ela se colocou em risco e a nossa filha? Ela pode não estar nada bem.

- Para de pensar negativo - ela diz e eu ouço o choro do Léo - Vou trancar o quarto de vocês e vou pegar o Léo, me dá notícias.

- Tá bom metade.

Ela desliga e eu fico pensativa.

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- Família de Marília Huff Mendonça? - O médico diz na porta.

- Eu sou a mulher dela - digo me aproximando - como ela tá doutor? E a minha filha?

- Sua mulher está bem, conseguimos parar a hemorragia e ela está sedada.

- E minha filha? - Digo olhando com os olhos cheios de lágrimas.

- Eu sinto muito, mas não conseguimos salvar o feto, sua mulher chegou aqui com um sangramento muito forte por causa do feto que já estava morto dentro da barriga dela, devido a pancada na barriga não podíamos mais fazer nada pra reverter.

- Pancada? - digo limpando as lágrimas - que pancada?

- Sua mulher está com um lado da barriga roxo devido a alguma coisa que bateu fazendo ela perder o feto e se demorasse mais um pouco pra trazê-la perderíamos ela também.

- Posso ver ela?

- No momento ela está sedada, não posso permitir visitas, mas quando ela acordar eu irei liberar.

Concordo com a cabeça e me despeço do médico, pego meu celular e ligo pra Maiara.

- Metade - Digo chorando e indo pro meu carro.

- O que aconteceu?

- Perdemos nossa filha - digo entrando no carro e chorando mais ainda.

- Calma Maraisa, o médico disse o que aconteceu?

- Ela tem um roxo na barriga, ele disse que ela tomou uma pancada ou algo do tipo, olha no banheiro pra mim metade, vê se tem algo que pelo menos de a entender do que aconteceu.

- Tá bom Maraisa - ela diz de vagar - mas calma e respira fundo.

- Eu vou voltar pra casa, não posso ver a Lila agora.

- Vou te esperar, cuidado nas ruas.

Desligo o celular e começo a dar socos no volante por não estar acreditando que perdi minha filha.

O quartinho dela já estava pronto, tudo lindo e rosa, agora não vamos mais usá-lo.

Por que isso sempre tem que acontecer? Estávamos felizes, não entendo o por que de tudo isso, só queríamos ser felizes juntas.

Tentando me acalmar eu lembro do barulho que ouvi, parecia vidro quebrando. Ligo o carro e volto pra casa, eu preciso entender o que aconteceu.

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- Metade, tem um buraco no vidro da janela, parece o formato de uma pedra grande - Maiara diz.

- Se essa pedra entrou aqui ela deve estar em algum lugar.

Procuro e vejo a pedra quase em baixo da cama, pego e vejo que a pedra pode derrubar qualquer um dependendo da força que ela foi lançada.

Entro no banheiro e vejo um papel de caderno no lixo, pego e começo a ler.

"Tu achou que ia se livrar de mim né Marília, saiba que seus dias de pesadelos estão apenas começando!"

Quem escreveu isso? O Murilo tá preso e a mãe da Marília não sabe onde moramos, eles são os únicos que não aceitam nosso amor.

- Metade, eu acho que acertaram ela com a pedra e ela caiu, bateu a barriga em algum lugar e foi pro banheiro pra depois voltar pra cama, mas esse bilhete não faz sentido - digo entregando pra ela - não se encaixa.

- Tu só vai entender tudo quando a Marília acordar e te dizer o que exatamente aconteceu.

Olho pela janela e procuro alguma coisa que possa me ajudar nisso.

- A pessoa que jogou essa pedra estava vigiando a Marília pois essa pedra foi jogada quando ela estava sozinha no quarto.

- Vamos esperar a Marília acordar e depois tu fala com ela metade.

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Amor em segredo (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora