Aqueles Olhos - Eu não quero voltar!

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No raio suave da manhã que se pairava pela brecha da cortina, Hongjoong despertou lentamente, os olhos piscando contra a claridade recém chegada ao quarto. Sentiu o peso da noite anterior ainda sobre seus ombros, como se os sonhos ainda tentassem segurá-lo em seu sono.

Com um suspiro profundo, ele se espreguiçou, tentando afastar o sono que teimava em sua mente. Observou o quarto desarrumado ao seu redor. Decidiu que era hora de enfrentar o dia. Mas estava sem a bandana que costumava usar para cobrir os seus olhos e esconder suas emoções.

Enquanto arrumava as roupas espalhadas pelo chão e organizava os livros na estante, Hongjoong sentiu um barulho crescer na medida que se aproximava da porta do quarto. O som da maçaneta girando ecoou no silêncio, e seu coração acelerou quando viu Seonghwa adentrar o cômodo com um sorriso caloroso nos lábios.

- "Bom dia, Hongjoong."

Hongjoong, pegando a bandana e cobrindo os olhos rapidamente, apenas respondeu com um sorriso.

- "Bom dia, Seonghwa. Só estou arrumando um pouco."

Seonghwa notou o medo nas feições de Hongjoong e decidiu perguntar delicadamente

- "Você parece preocupado. Está tudo bem?"

Hongjoong hesitou por um momento, debatendo-se internamente sobre se deveria abrir seu coração ou manter as muralhas erguidas. Finalmente, olhando nos olhos de Seonghwa, deixou escapar um suspiro triste.

- "Ah, não é nada... Acho que não dormi muito bem."

- "Às vezes nossos sonhos podem revelar mais do que gostaríamos de enfrentar acordados. Se precisar conversar sobre algo, estou aqui para ouvir."

O amor que sentia brilhou nos olhos de Hongjoong enquanto ele admirava a oferta sincera de Seonghwa. Talvez fosse hora de desabafar suas angústias e temores com alguém próximo, alguém disposto a ouvir sem julgamento. O silêncio foi quebrado por Seonghwa novamente.

Seonghwa chamou Hongjoong para ir tomar café da manhã, e juntos desceram para a cozinha, onde o aroma reconfortante de café fresco preenchia o ar. Enquanto se sentavam à mesa, Seonghwa serviu uma xícara para Hongjoong, que agradeceu com um sorriso tímido.

Enquanto desfrutavam da refeição matinal, o pai de Seonghwa entrou na cozinha com um semblante sério, chamando a atenção de ambos os jovens. Com uma voz calma, ele dirigiu-se a Hongjoong.

- "Hongjoong, estamos preocupados com você. A noite passada foi agitada e parece que algo está incomodando você. Queremos levá-lo de volta para casa e conversar sobre isso."

Hongjoong sentiu um nó se formar em sua garganta ao ver a expressão no rosto do pai de Seonghwa. As palavras que acabara de proferir pesavam como chumbo em sua consciência, mas ele não conseguia recuar. A sensação de desespero e solidão o envolvia, levando-o a tecer uma teia de mentiras para justificar sua fuga da pressão familiar.

- "Eu não vou voltar, senhor. Meus pais me maltratavam... Me preendiam e me batiam." - Mentiu.

O silêncio na cozinha era ensurdecedor, cada segundo parecia ecoar com o peso das palavras ditas. Foi quando Seonghwa, com seu coração generoso, interferiu.

- "Vamos dar um passeio, Hongjoong." - Disse Seonghwa suavemente, rompendo o momento quieto que pairava no ambiente. Sua voz era um tom caloroso para escapar da tensão e encontrar um momento de paz longe das sombras da fala.

Hongjoong sentiu um sentimento de alívio e pavor ao aceitar o gesto de Seonghwa. Enquanto saíam juntos, o peso da mentira começou a voar lentamente, substituído pela sensação reconfortante.

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