Aqueles Olhos.

Aqueles Olhos - Além de amizade?

Com um aceno de cabeça e um semblante triste, ele começou a descrever a terrível realidade que enfrentava no campo.

- "Yeosang, é difícil até mesmo colocar em palavras o que vivemos lá. Meus pais se dedicavam incansavelmente à plantação, lutando em uma terra quase morta. O que colhíamos mal nos permitia sobreviver, vivíamos à uma miséria de dinheiro. Houve momentos em que não tínhamos o suficiente para comer, nos contentando com restos e migalhas."

- "Sinto muito por tudo o que você e sua família passaram. Deve ter sido uma jornada extremamente difícil."

Hongjoong baixou o olhar por um instante, antes de responder.

- "Foi um teste de resistência e esperança. A superação diária era nossa única opção, acreditávamos que um dia as coisas poderiam melhorar."

Yeosang admirava a coragem e a perseverança de Hongjoong, ou até um pouco mais.

Yeosang envolveu Hongjoong em um gesto de abraço caloroso, seus braços transmitindo apoio e conforto. Enquanto acariciava as costas do rapaz, Yeosang expressou seu cuidado de forma silenciosa. Ao se afastar levemente, um sorriso gentil completou seu rosto, mas seus olhos ainda refletiam a preocupação.

- "Hongjoong, seus olhos são avermelhados. É algo recente?" - Questionou Yeosang, com sua voz carregada de curiosidade.

Hongjoong hesitou por um momento, antes de revelar a verdade por trás da coloração de seus olhos.

- "Na verdade, eles são assim desde o meu nascimento. Minha família sempre viu isso como um sinal de azar, e por isso me mantiveram praticamente isolado, evitando que eu saísse para o mundo."

A confissão e dor de Hongjoong preencheu no ar, carregada de anos de solidão e restrição. Ele então prosseguiu.

- "Foi por isso que decidi fugir, Yeosang. Precisava encontrar meu próprio caminho, mesmo que isso significasse enfrentar o mundo."

Yeosang absorveu as palavras de Hongjoong com respeito. Sua expressão suavizou-se ao ouvir a história do amigo, admirando a coragem para seguir em frente diante de tantos riscos.

Yeosang, com sua gentileza inata, segurou a mão de Hongjoong em um gesto de conforto, transmitindo apoio silencioso através do toque suave de suas mãos. Observando os ferimentos no rosto e corpo de Hongjoong.

Levantando-se, Yeosang deixou o sótão em busca de materiais que pudessem aliviar as dores físicas de seu amigo. Em seu quarto, ele reuniu esparadrapos cuidadosamente preparados pelas costureiras do castelo, juntamente com um frasco contendo uma mistura de mel e folhas medicinais.

Retornando ao sótão, Yeosang segurou o rosto de Hongjoong com delicadeza, seus olhos transmitiam afeto. Com a ponta dos dedos, ele começou a aplicar suavemente a mistura de mel e folhas no rosto machucado do amigo, buscando aliviar a dor física que Hongjoong carregava consigo.

Com cuidado, Yeosang rasgou o esparadrapo com habilidade e colocou-o gentilmente sobre os machucados no rosto de Hongjoong, como um gesto simbólico de cura e proteção. O silêncio entre os dois foi preenchido pelo calor reconfortante da amizade que ia nascendo entre os jovens, que iniciou entre palavras e se manifestou em atos simples de cuidado.

Hongjoong, com um olhar de gratidão nos olhos, agradeceu sinceramente a Yeosang pelos cuidados delicados e compassivos. Sentindo-se um pouco mais reconfortado, ele pediu para retornar á sua casa.

No entanto, Yeosang, com uma expressão de espanto no rosto, recusou imediatamente o pedido de Hongjoong. Com uma voz firme, ele explicou a gravidade da situação.

- "Hongjoong, se você voltar agora, estará correndo um grande perigo. Aqueles que desejam te prejudicar estão à espreita, prontos para acusá-lo de traição e condená-lo à fogueira."