Capítulo dezenove: I like that

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JENNIE KIM

O quarto estava completamente escuro, o relógio na minha cabeceira marcava 06:40am, mas a janela fechada impedia qualquer claridade no quarto, apenas a luzinha vermelha da minha tornozeleira, a mesma que eu tive que cobrir durante a madrugada, a pedido de Lalisa, mas agora a coberta cobria apenas nossas cinturas. Ela tinha o corpo parcialmente sobre mim, o braço segurando minha cintura, a cabeça em meu peito coberto por uma camisa qualquer que vesti durante a madrugada, ela dormia serenamente, o corpo nu, apenas sua cintura coberta, as costas nuas, e os cabelos soltos, espalhados.

Eu ainda não conseguia acreditar na noite passada, no que ela me disse. Eu ainda conseguia ouvir sua voz rouca em minha mente.

"Eu não estou brincando com você, eu juro."

"Eu quero você. Eu gosto de você, Jennie Kim, e por mais errado que eu acredite que isso seja, não posso negar também, você mexe comigo."

Eu não escondi minha surpresa quando ela disse aquelas palavras. Afinal, consegue imaginar Lalisa Manobal gostando de mim? Tendo sentimentos por mim? Eu mexo com ela, do mesmo modo que ela mexe comigo Isso era surreal.

Afastei gentilmente seu corpo do meu, apenas para me sentar sobre a cama, ainda observando a mulher magnífica que dormia serenamente ao meu lado. Toquei seus cabelos suavemente e sorri ao vê-la se remexer, alarguei meu sorriso quando ela abriu os olhos devagar, primeiro encarando a mim, depois o quarto, e por fim, a si mesma, notando a sua nudez.

Senti meu corpo tenso ao ver seu rosto sério, ela me encarava sem reações. Engoli em seco, já sabia o que viria, suspirei, ao que parece foram apenas palavraa vazias.

— Não precisa dizer, já entendi, eu vou levar o Love e... — Parei de falar, ao sentir sua mão firme em meu pulso, me impedindo de levantar, a encarei confusa.

— Fica — sua voz soou baixa, mas foi o suficiente para que eu deixasse o sorriso voltar ao meu rosto.
Me deitei novamente, a vendo deitar a cabeça em meu peito, um leve sorriso aparecendo em seu rosto.

— Não foram palavras sem sentido ontem, Jen, eu realmente quis dizer tudo que disse — ela disse baixo, como se tivesse lido meus pensamentos — Sei que pode ser complicado, mas eu te quero.

Beijei seus cabelos com ternura, sem tirar o sorriso do rosto. — Acho que você já me tem — respondi, vendo seu sorriso se alargar.

Fiz uma careta ao ouvir batidas na porta, ou melhor esbarrões na porta, seguidos por latidos.

— Até meu cachorro te adora, isso é inacreditável - ela resmungou, me fazendo soltar uma risada.

— Tenho que levar ele para passear, ele já se acostumou — expliquei, dando ombros, tentando sair da cama, e novamente sendo impedida por Lalisa.

— Um beijo — pediu, e eu não ousei negar, era bom demais para ser verdade.

Aproximei nossos rostos, a beijando devagar, era tão bom, tão calmo e relaxante, beija-la assim, sabendo que ela não vai pedir para que eu saia, ou sair correndo. Ela quer isso. Ela me quer.

Dei mais uma volta no quarteirão, com o Love praticamente me puxando pelas ruas do bairro. Eu até que estava começando a gostar de morar aqui. As casas de família, cercas, jardins, cachorros sendo levados para passear pela manhã, as crianças brincando, me lembravam da minha infância, meu pai me ensinando a jogar futebol - tentando me ensinar, já que ele era péssimo -, brincando e Sherlock Holmes comigo, era minha brincadeira preferida, ser detetive, papai costumava deixar coisas fora do lugar e criávamos situações e no fim, prendíamos o bandido imaginário, até mamãe aparecer, rindo da bagunça que fazíamos nos chamando para jantar. Lembro que em todo aniversário, eu pedia por uma irmãzinha, até finalmente mamãe engravidar de Ella. Era tudo tão calmo, e feliz, era dificil acreditar no modo como tudo acabou.

ʙᴇᴛᴡᴇᴇɴ ʟᴀᴡ ᴀɴᴅ ʟᴏᴠᴇ - ᴊᴇɴʟɪsᴀ Onde histórias criam vida. Descubra agora