Capítulo Vinte e dois: Hidden truths

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JENNIE KIM

— Tem certeza que quer saber? — perguntei, sabendo qual seria a resposta, mas tentando ganhar tempo pra colocar meus pensamentos em ordem.

— Jennie, eu estou tentando entrar em algum tipo de relacionamento com você, já lhe disse como me sinto, mas para isso ir pra frente eu preciso te conhecer e te entender — Lalisa disse calma e eu suspirei.

— Você me conhece — murmurei contrariada, ouvindo seu suspiro alto.

— Eu sei praticamente toda a história da vida de Jisoo porque ela nos contou, e nós nem somos próximas — Lalisa comentou, calma — Agora, nós duas já temos mais intimidade física do que qualquer outra coisa, e eu ainda não sei sua história.

— É diferente, Jisoo estava em perigo — a lembrei, vendo seus olhos rolarem.

— Vai esperar estar em perigo para confiar em mim? — Lalisa questionou, um pouco chateada e eu senti meu coração acelerar. Eu já confiava nela há muito tempo. Já estava na hora de ser sincera.

— Papai era um detetive da polícia de Coréia — comecei devagar, tentando não olhar para o rosto surpreso de Lisa por eu ter começado a contar e tentando não me apegar a essas lembranças que começavam a invadir minha mente — E minha mãe era uma policial, eles se conheceram por causa de um caso que trabalhavam juntos, se apaixonaram e se casaram, dois anos depois, eu nasci — suspirei, acabando por sorrir ao ter memórias antigas da minha infância — Éramos felizes, papai adorava me ensinar como ser uma detetive e minha mãe era uma boa mãe, do tipo que me pegava no colo e me escondia quando papai brincava de ser um monstro — ri baixinho, com as lembranças e vi um sorrisinho no rosto de Lalisa.

— O que aconteceu? — ela perguntou calma.

— Eu lembro de fazer 6 anos e mamãe dizer que estava grávida — contei, fazendo um esforço maior para me recordar — Ella nasceu e era uma menininha saudável e adorável — sorri com as lembranças da minha pequena irmã -a A primeira palavra que ela falou foi Bibi, para mim, mamãe ficou louca que ela não havia dito "mama", como eu.

— Bibi? — Lalisa questionou e eu apenas dei um meio sorriso.

— Ela não sabia dizer meu nome — dei ombros, vendo deu rosto confuso.

— Mas de Jennie para Bibi é meio estranho — ela disse desconfiada e eu desviei o olhar.

— Você vai entender — falei baixo e não dei chances para ela responder —  Hm, eu não lembro muito bem de tudo, mas em uma época papai descobriu corrupção dentro da polícia de Miami, onde nós morávamos, e sua vida se tornou aquilo, descobrir quais eram os policiais corruptos, que roubavam dinheiro e drogas das apreensões — expliquei, vendo o olhar chocado de Lalisa — Na mesma época, lembro de sempre ver minha mãe com um amigo policial, seu parceiro, até que um dia, os peguei se beijando — desviei o olhar para a parede, engolindo em seco ao me lembrar daquela cena — Minha mãe não me viu, e eu saí dali, encontrei com meu pai, que também havia visto a cena, me lembro que ele apenas me pegou no colo e me levou para meu quarto, foi a primeira e única vez que o vi chorar.

— Eu, eu, nem sei o que dizer, Jennie — Lalisa sussurrou, porém eu apenas respirei fundo e continuei.

— Os dias seguintes foram tensos, lembro de brigas entre meus pais, mas não lembro o que diziam — senti meus olhos marejarem, mas continuei tentando manter a voz firme — Um dia, estávamos eu, papai e Ella em meu colo, na garagem, papai estava tentando consertar seu carro, a sirene de polícia não estava funcionando, eu estava atrás do carro, tentando fazer com que Ella parasse de tentar entrar pra debaixo do carro -a acabei sorrindo sem humor, Ella era só um pequeno bebê que só sabia balbuciar meu apelido e chamar nossos pais -a Eu lembro do parceiro da mamãe entrando na garagem, ele estava irritado e falava alto, lembro do meu pai me olhando devagar e discretamente, me mandando ficar quieta, foi difícil fazer Ella parar de se mexer e ficar quieta — senti um enjôo repentino e fechei os olhos tentando reprimir as imagens que aparecessem em minha mente — Lembro do homem erguer uma arma, eu podia ver tudo da ontem estava, eles eram altos e eu podia ver por cima do capo do carro, eu sabia o que era uma arma, papai e mamãe sempre me mandaram ficar longe das deles, e tiravam as balas de dentro sempre que chegavam em casa para que eu não machucasse. Hm, lembro do barulho, foi alto, estrondoso, e meu pai caiu, a camisa branca que ele usava virando vermelha em segundos, o sangue escorreu pelo chão, e acabou chegando onde eu e Ella estávamos, nos manchando de vermelho também, tive que tampar a boca da minha irmã para que ela não chorasse.

ʙᴇᴛᴡᴇᴇɴ ʟᴀᴡ ᴀɴᴅ ʟᴏᴠᴇ - ᴊᴇɴʟɪsᴀ Onde histórias criam vida. Descubra agora