Sol Wiggins chegou suada e apressada em casa. Eram seis da manhã de segunda-feira e ela já estava de pé desde as quatro e meia. Nunca em toda a sua vida havia acordado tão cedo por vontade própria. Mas ela havia mudado muito depois de ter cruzado seu caminho com Anthony Teablyn.
Sua conversa com o rapaz na montanha não saiu de sua cabeça.
Teria coragem de encarar aquele desafio?
Teria coragem de enfrentar o poderoso Edward Wiggins?
Aquilo estava lhe perturbando muitíssimo. Estava dividida entre o respeito e o amor que sentia pelo pai, e por todas as vezes que sentira-se humilhada e diminuída quando ele dizia que jamais uma mulher teria capacidade de dirigir a empresa que era sua por direito.
Por isso havia saído para correr naquela manhã enevoada.
Precisava pensar.
As mansões dos Jardins pareciam abandonadas e até mesmo assombradas sem as luzes imponentes e glamourosas que ostentavam à noite. Ela correu até a entrada e viu o motorista polindo o seu carro, como ele sempre fazia às segundas-feiras.
- Bom dia senhorita Wiggins. - cumprimentou ele, nitidamente espantado. Nenhuma vez havia visto a moça tão cedo. Ainda mais caminhando.
- Bom dia.
- Seu carro já está quase pronto...
Ela jogou as chaves que levava no bolso da calça e disse:
- Coloque-o na garagem. Eu não vou usá-lo.
- Perdoe a minha intromissão senhorita, mas como vai para a escola?
- Um amigo virá me buscar.
Sol entrou e já ia subindo as escadas quando notou sua mãe na sala tomando chá.
- Bom dia mamãe. - a garota sorriu e se aproximou, secando o suor com uma toalha de rosto. - Acordou cedo hoje...
- Essa fala é minha Sol. Eu é que estou espantadíssima por ver você a esta hora da manhã. Caiu da cama?
- Não. Eu precisava pensar um pouco.
- Você está estranha desde sábado à noite, quando voltou daquele passeio. - e, diminuindo o tom de voz, perguntou. - Vocês brigaram?
- Não. Está tudo bem. É só que... está tudo muito diferente.
Brisa sorriu.
- Agora me entende, não é mesmo. O quão difícil é gostar de um homem de negócios...
A jovem acompanhou a mãe no riso.
- Ele não gosta de ser chamado de homem de negócios. Nem de Inventor.
- O senhor Teablyn é modesto.
- Anthony parece detestar holofotes. Não entendo como é capaz de encarar reuniões e sessões de palestras, seminários, oficinas e outros milhões de coisas que meu pai encara...
- Acostumou-se. É simples. Como homem, irá assumir o lugar do doutor Teablyn, deve ser moldado para o cargo.
Aquilo fez a moça voltar os pensamentos para a conversa que tivera com o jovem.
- Desculpas mamãe, mas tenho que me arrumar. Já perdi aula na sexta por causa do jantar, e não quero ficar atrasada nas matérias...
- Tudo bem filha.
- Não me esperem para almoçar.
- Claro Sol...
A garota começou a subir a escada de mármore branco.
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O outro lado da moeda
RomanceUm nerd gênio no mundo da tecnologia. Uma patricinha rica que acha que tudo pode ser rotulado a seu bel prazer. Uma atração irresistível. Embarque na aventura de Sol e Anthony e veja o outro lado da moeda.