Capítulo 19: As mudanças começam

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Sol Wiggins chegou suada e apressada em casa. Eram seis da manhã de segunda-feira e ela já estava de pé desde as quatro e meia. Nunca em toda a sua vida havia acordado tão cedo por vontade própria. Mas ela havia mudado muito depois de ter cruzado seu caminho com Anthony Teablyn.

Sua conversa com o rapaz na montanha não saiu de sua cabeça.

Teria coragem de encarar aquele desafio?

Teria coragem de enfrentar o poderoso Edward Wiggins?

Aquilo estava lhe perturbando muitíssimo. Estava dividida entre o respeito e o amor que sentia pelo pai, e por todas as vezes que sentira-se humilhada e diminuída quando ele dizia que jamais uma mulher teria capacidade de dirigir a empresa que era sua por direito.

Por isso havia saído para correr naquela manhã enevoada.

Precisava pensar.

As mansões dos Jardins pareciam abandonadas e até mesmo assombradas sem as luzes imponentes e glamourosas que ostentavam à noite. Ela correu até a entrada e viu o motorista polindo o seu carro, como ele sempre fazia às segundas-feiras.

- Bom dia senhorita Wiggins. - cumprimentou ele, nitidamente espantado. Nenhuma vez havia visto a moça tão cedo. Ainda mais caminhando.

- Bom dia.

- Seu carro já está quase pronto...

Ela jogou as chaves que levava no bolso da calça e disse:

- Coloque-o na garagem. Eu não vou usá-lo.

- Perdoe a minha intromissão senhorita, mas como vai para a escola?

- Um amigo virá me buscar.

Sol entrou e já ia subindo as escadas quando notou sua mãe na sala tomando chá.

- Bom dia mamãe. - a garota sorriu e se aproximou, secando o suor com uma toalha de rosto. - Acordou cedo hoje...

- Essa fala é minha Sol. Eu é que estou espantadíssima por ver você a esta hora da manhã. Caiu da cama?

- Não. Eu precisava pensar um pouco.

- Você está estranha desde sábado à noite, quando voltou daquele passeio. - e, diminuindo o tom de voz, perguntou. - Vocês brigaram?

- Não. Está tudo bem. É só que... está tudo muito diferente.

Brisa sorriu.

- Agora me entende, não é mesmo. O quão difícil é gostar de um homem de negócios...

A jovem acompanhou a mãe no riso.

- Ele não gosta de ser chamado de homem de negócios. Nem de Inventor.

- O senhor Teablyn é modesto.

- Anthony parece detestar holofotes. Não entendo como é capaz de encarar reuniões e sessões de palestras, seminários, oficinas e outros milhões de coisas que meu pai encara...

- Acostumou-se. É simples. Como homem, irá assumir o lugar do doutor Teablyn, deve ser moldado para o cargo.

Aquilo fez a moça voltar os pensamentos para a conversa que tivera com o jovem.

- Desculpas mamãe, mas tenho que me arrumar. Já perdi aula na sexta por causa do jantar, e não quero ficar atrasada nas matérias...

- Tudo bem filha.

- Não me esperem para almoçar.

- Claro Sol...

A garota começou a subir a escada de mármore branco.

O outro lado da moedaOnde histórias criam vida. Descubra agora