imagines Aemond

Ecos de uma chama

"Me diga de novo."

De um dos pontos mais altos da Fortaleza Vermelha, era possível ver a imensidão de Porto Real e as ondas da Baía de Blackwater quebrando na costa.

"É o seguinte?"

O vento era frio, mas suave, e o crepúsculo se punha no horizonte, pintando o céu e as nuvens de um dourado profundo.

“A história de como você encontrou seu dragão.”

Você sorriu, fácil e conhecedor. Aemond já ouviu essa história uma dúzia de vezes, mas você nunca se recusou a contá-lo só mais uma vez, sempre que ele pedia. Pelo brilho nos olhos do jovem príncipe, você sabia que isso lhe dava esperança de que um dia ele encontraria um dragão para si.

“Meu pai, Laena, minhas irmãs e eu estávamos viajando novamente, paramos em uma pequena cidade para deixar os dragões descansarem. E lá, eles nos disseram que avistaram um dragão desonesto. Tão selvagem quanto uma leoa. Ela saía para caçar à noite, durante chuvas pesadas e tempestades de raios.” Você gesticulou teatralmente com as mãos, um sorriso animado nos lábios enquanto contava a noite fatídica em que conheceu seu dragão.

Aemond ouviu atentamente, como sempre fazia, apoiando os cotovelos na balaustrada da sacada e mantendo o olhar atento em você.

“Uma noite, quando estávamos hospedados em uma casa nos limites da cidade, eu saí enquanto todos dormiam. Você sabe por quê?” Você mordeu a parte interna da bochecha, fazendo o jogo de sempre.

“Você a ouviu”, Aemond respondeu com a mesma centelha de alegria juvenil.

“Eu fiz,” você sussurrou como se fosse um segredo bem guardado, inclinando-se para mais perto do garoto. “Eu podia ouvi-la lá fora, o som de suas asas, seus passos pesados ​​no chão. Estava chovendo e escuro, mas eu senti como se... como se ela estivesse me chamando.” Você colocou uma mão sobre seu coração.

“Acho que Caraxes ouviu quando eu saí, acho que acabei acordando ele,” você e Aemond riram. “Mas ele ficou quieto quando viu que era eu. Eu andei por um tempo naquela noite, até que…” Você fez uma pausa dramática, e Aemond sorriu. “Até que eu a vi, se banqueteando com um cordeiro roubado.”

Os olhos de Aemond brilhavam, ele absorvia cada palavra.

“Ela era tão bonita”, você lembrou com um sorriso suave, olhando para o horizonte e o céu escurecendo. “Eu podia ver o azul escuro de suas escamas, e então o azul mais brilhante de suas asas. Seus chifres eram longos e pontudos, e ela tinha um pedaço de pelo entre eles e na parte de trás do pescoço que eu nunca tinha visto antes.”

"Ela não atacou você", Aemond murmurou, mais uma afirmação do que uma pergunta; ele sabia a resposta.

Você balançou a cabeça; "Não, ela apenas olhou para mim com aqueles olhos lindos, eles pareciam estar brilhando. E então ela se aproximou, mostrando os dentes, mas eu pedi para ela ficar calma. Disse a ela que eu era uma amiga." Você cutucou suas unhas, um olhar carinhosamente nostálgico em seus olhos. "Ela me seguiu de volta para casa depois disso. Acho que ela gostou que eu não tivesse medo dela. Meu pai ficou  furioso  com o que eu tinha feito, mas acho que ele estava ainda mais curioso sobre meu novo dragão." Você deu de ombros, com um sorriso atrevido, "Na manhã seguinte, escolhi montá-la pela primeira vez, e ela me deixou. Não sabemos se ela já teve um cavaleiro antes de mim, mas compartilhamos um vínculo profundo agora."

"Você tem muita sorte", Aemond lhe disse, com a voz baixa e os olhos baixos; não por causa da sua história, mas porque o garoto desejava ter a mesma sorte que você.

Virando a cabeça para tentar capturar o olhar dele, você falou com convicção: "Você vai encontrar seu dragão em breve, Aemond, eu sei que vai. E quando você encontrar, nós vamos voar juntos sobre todo o Porto Real,  eu prometo a você ."