Capítulo 7

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Enquanto refletia sobre minha relação com os pacientes, percebi que Fernanda estava falando comigo há algum tempo, mas eu não estava realmente escutando. Sua expressão mudou para uma preocupação visível, e ela parou de falar, observando-me atentamente.

— Ei, Ariany, você está bem? Parece distante. — perguntou, sua voz carregada de preocupação.

Sacudi a cabeça para clarear os pensamentos e decidi compartilhar o que estava me incomodando. Fernanda sempre tinha uma piadinha pronta e, talvez, fosse o momento de ouvir seu conselho.

— Desculpa, Fernanda. Estava aqui perdida nos meus pensamentos. — comecei, suspirando. — Fui convidada para a festa de aniversário do Sr. Maverick, quarto 808, pela família dele. E, não sei... fiquei pensando se é certo ter essa proximidade com meus pacientes.

Fernanda ergueu uma sobrancelha, já preparando sua resposta cheia de humor. — Ah, então é isso! Ariany, sempre a querida dos pacientes. — disse ela, sorrindo. — Olha, acho que é ótimo que seus pacientes e suas famílias confiem tanto em você. Mostra que você está fazendo um trabalho incrível.

Ri um pouco, aliviada pela leveza que ela trazia. — Eu sei, mas e se isso acabar interferindo no meu profissionalismo? Não quero que nada afete minhas decisões médicas.

— Ariany, ter um bom relacionamento com seus pacientes não significa perder o profissionalismo. — continuou Fernanda, mais séria agora. — A linha entre ser profissional e ser amigável pode ser complicada, mas acho que você faz um bom trabalho em manter esse equilíbrio. E, além disso, quem sabe? Talvez você também precise dessa amizade.

Refleti sobre suas palavras e me senti grata por tê-la como amiga e colega. — Você tem razão, Fe. Às vezes, é difícil lembrar que posso ser amiga e médica ao mesmo tempo.

Ela sorriu, aliviada ao ver que eu estava um pouco mais tranquila. — Claro que tenho razão! E além disso, imagine a festa, aposto que vão ter ótimos petiscos!

Rimos juntas, e o peso que eu estava carregando começou a se dissipar. A presença leve e brincalhona de Fernanda sempre tinha esse efeito em mim.

​​Meu plantão estava chegando ao final, e a ideia de voltar para casa e dormir na minha própria cama me trazia uma sensação de contentamento. Finalmente, um descanso merecido. Quando cheguei em casa, fui recebida pelo silêncio tranquilo da noite. A única luz vinha da sala, onde encontrei minha mãe sentada na poltrona, lendo um livro.

— Oi, mãe — cumprimentei suavemente, tentando não assustá-la.

Ela levantou os olhos do livro e sorriu. — Oi, querida. Como foi o seu dia?

— Foi bom, mas cansativo como sempre. E você, como está? — perguntei, sentando-me no sofá ao lado dela.

— Estou bem, só aproveitando um pouco de tranquilidade. Isa e Gabriel já estão dormindo — respondeu ela, fechando o livro e colocando-o no colo.

— Que bom que eles já foram para a cama. Precisam descansar — comentei, sentindo o cansaço finalmente me alcançar.

— E você, Ariany? Tem conseguido descansar? — perguntou minha mãe, o tom dela cheio de preocupação materna.

Suspirei, mas sorri para tranquilizá-la. — Estou tentando. Hoje vou dormir na minha cama, o que já é um grande alívio.

Ela assentiu, compreendendo. — Fico feliz em ouvir isso. Você trabalha tanto, querida. Precisa se cuidar também.

Conversamos um pouco sobre o meu dia, compartilhando as rotinas e desafios habituais. Então, mencionei algo que estava em minha mente desde o hospital.

Amor sem medidas (LÉSBICO)Onde histórias criam vida. Descubra agora