Capítulo 1

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Helena Pov

Enquanto eu olhava pela janela do hospital, vi as últimas luzes do dia se dissipando lentamente. Minha mente estava exausta, após um dia inteiro de reuniões e assinaturas de contratos para a Fashion Week Paris. Por mais que a empresa estivesse indo bem, a troca de gestão trouxe consigo um peso adicional de responsabilidade. No entanto, tudo isso parecia insignificante diante da cirurgia de urgência que meu pai acabara de enfrentar. Eu não entendia completamente os termos médicos que envolviam o procedimento, mas sabia que era algo sério, relacionado à insuficiência cardíaca causada pela má circulação em seu coração.

Enquanto meu pai repousava no quarto, ainda sob os efeitos da sedação, minha maior preocupação era o fato de que o médico responsável pelo meu pai, o Dr. Lancelotti, precisaria se ausentar devido a uma emergência pessoal, deixando-nos sem previsão de seu retorno. Meus devaneios foram interrompidos por três batidas na porta.

— Olá, Família Maverick, meu nome é Ariany Savoia..., — começou a jovem loira ao entrar no quarto.

— Ariany, né? Nós queríamos falar com o médico responsável pela cirurgia, — interrompi antes que ela pudesse terminar a frase, sentindo a ansiedade se acumular em meu peito. Minha mãe me lançou um olhar repreensivo, compreendendo minha agitação.

— Olha, você perdoa minha filha, ela está muito abalada com a situação, minha mãe interveio, suavizando o clima tenso, — Prossiga, doutora.

— Então, eu sou a nova responsável pelo setor cardiológico, desde que o Dr. Fernando Lancelotti teve que se ausentar por motivos pessoais, — explicou Ariany, transmitindo uma serenidade reconfortante. — Graças a Deus, a cirurgia foi um sucesso. Vamos estar monitorando o Sr. Maverick durante 4 dias, pra ver como está sendo a sua recuperação.

Depois da minha explosão emocional, me senti como uma adolescente idiota que não mede o que fala. Fiquei envergonhada com minha atitude impulsiva, mas Ariany já estava engajada em uma conversa com minha mãe, e eu não queria atrapalhar mais. Com um murmúrio sobre ir ao banheiro, escapei do quarto, sentindo-me sufocada pela tensão e preocupação que pairavam no ar.

No corredor do hospital, respirei fundo, tentando acalmar minha mente agitada. Era difícil lidar com toda essa pressão e incerteza, mas eu precisava encontrar uma maneira de me recompor. Caminhei lentamente pelo corredor vazio, deixando as emoções tumultuadas se dissiparem aos poucos.

Após alguns longos minutos de solidão nos corredores do hospital, finalmente retornei ao quarto. Para meu alívio, a doutora já havia partido.

—Ela já foi?, — perguntei em um tom baixo e calmo, buscando confirmar sua ausência. Minha mãe me encarou com uma expressão de incredulidade.

— Já sim! Sente-se aqui, — disse firmemente, colocando a mão sobre o sofá. — Minha filha, eu sei que você deve estar muito estressada com todas essas responsabilidades na empresa, seu divórcio e agora principalmente seu pai, mas a gente tem que se compor. A doutora não tem culpa de nada, ela é uma das pessoas responsáveis pela melhora do seu pai. Não saia descontando em todo mundo algo que é nossa responsabilidade. — Ela segurou minha mão e olhou fundo em meus olhos, sua preocupação e amor transparecendo em seu olhar. — Eu estou aqui por você! É melhor você ir para casa descansar, e eu fico essa noite com seu pai.

— De jeito nenhum, mãe, você vai para casa descansar, você está aqui desde de manhã. Hoje eu fico com o papai, e amanhã, assim que você chegar, eu prometo passar em casa e descansar, — respondi, encerrando minha argumentação como um pedido.

— Tudo bem, mas antes de eu sair, vai comer alguma coisa, e me faz um favor, tenta entrar em contato com seu irmão. Tentei ligar, mas só cai fora de área, — ela disse, com um tom de desapontamento.

Amor sem medidas (LÉSBICO)Onde histórias criam vida. Descubra agora