Lar

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 Havia chego em casa, minha mãe abre a porta. Acaricia meu cachorro e vira a cabeça de lado, me olhando de canto de olho. Eu estava atrás dela:

—Vá para seu quarto Alice. Logo levarei a você um café e seu remédio, enquanto isso irei conversar com tua tia. - Ela fala com a voz claramente cansada, agarrando o seu celular que estava no bolso traseiro da sua calça jeans e anda até a cozinha.

—Tudo bem mamãe... - Falo cabisbaixa, e subo as escadas até meu quarto.

Adentro do meu quarto, estava uma bagunça. Livros por todo o lado, roupas jogadas e pó por todos os lados. Fecho a porta devagar, e ando até minha cama, sem olhar para os lados.

—Como se sente Alice? Está em seu quarto novamente. - Escuto a voz vinda de trás de mim, me viro rapidamente.

—Quem é você?! - Me viro rapidamente, vejo um homem charmoso, muito encantador com um cabelo de tamanho médio, olhos claros. Ele era alto e olhava intensamente para algo além de mim mesma, quase como minha alma.

—Tu fizestes um acordo comigo, agora: Cumprirá. - Ele fala de forma chique andando até uma pequena escrivaninha em L que ficava em meu quarto.

Minha gata "Luna" estava deitada de forma confortável em minha mesa. Estava um belo pôr do sol que iluminava por completo meu quarto de maneira alaranjada.

—Então você é aquele estranho do hospital... Eu fiz um acordo com você, mas isso não significa que será meu rabo agora. - Argumento.
—Tu sabes como deverá salvar a vida de outrem? - Ele pergunta, sem olhar para ela.

— Você não me disse nem sequer seu nome! - Falo estressada olhando para ele.

— Salve ela Alice. - Ele diz, e olha para mim.

— Ela quem? - Pergunto sem entender.

Ele agarra minha gata Luna pelo pescoço, e quase como um piscar de olhos quebra seu pescoço.

—Luna! - Grito e corro até ela.

Quase como um pequeno brilho rosado sai de dentro da minha gata, como uma alma. Escutava seus miados ecoados de dentro deste brilho. Eu o agarro e sinto como se meus pelos se repelissem ao ter contato com esse brilho, que logo quando encosto volta rapidamente para dentro da minha gata. Que se levanta, se espreguiça e pula suavemente da mesa.

— Tu és uma pessoa interessante de ensinar, Alice.

— Você matou a minha gata, seu maníaco!

— Eu não retiro a vida de nenhum animal.

— Pode sair da minha casa seu estranho?

Ele puxa de forma suave de seu bolso a foto de uma idosa estranha, ela sorria intensamente para a foto.

— Esta é a Carmen Rosa. Uma mulher que será atingida por raio. Ela será a mulher que tu terás que resgatar.

—Tá. Como farei isso? - Me jogo sobre a cama, olhando para o teto.

Vejo um pequeno papel de uma faculdade que um dia havia pensado em se inscrever, as inscrições acabavam daqui alguns dias. Pensava intensamente sobre como falhei em tudo, até mesmo nisso. Sinto um peso no pé da minha cama, olho para da onde vinha o peso. O homem estava lá, olhando para o papel.

—Sigas o teu caminho para consertar o caminho dos outros. - Ele diz, atento.

—O que? - Pergunto quando escuto leves batidas na porta.

—Filha? Com quem está falando? - Era a voz da minha mãe, ela abre a porta.

O homem não estava mais lá, ela entrava com um prato com uma xícara graciosa de café e alguns biscoitos que ela mesma havia feito. Ela veio até mim e observo três pílulas medicinais juntamente de uma garrafa d'água também no prato.

—Tome seu cafezinho, e depois tome esses remédios. Tudo bem meu amor? - Ela me entrega o prato, e começa a sair do quarto.

—Obrigada. - Agradeço pegando a xícara de café.

Pensava sobre o que o homem me disse, ainda sem saber do nome dele. Tomei meus remédios e me virava na cama. Olhava o relógio, 17:49.

Pego no sono, enquanto olhava para o papel que falava sobre a faculdade. Era cedo agora, tão cedo que o sol ainda não tinha parado de se esconder. Me levanto da cama suavemente, e fico um tempo olhando para minha mão e meus braços que estavam repletos de curativos.

—Merda... - Pego uma jaqueta que estava jogada no chão do meu quarto, e a coloco em meu corpo.

Ando até o banheiro que ficava em meu quarto com uma porta de puxar. Olho para mim mesma no espelho, meus olhos fundos de cansaço. Abro a torneira e jogo água em meu rosto. Vejo no apoio do espelho pequenas lâminas de barbear, fecho meus olhos firmes e começo a andar em direção a cama.

—Sete horas, Alice. - A voz do homem ecoava atrás de mim.

—Sério? Nem de manhã? - Pergunto virando para ele.

—Eu disse que tínhamos um acordo.

—Vá caçar algo para fazer. - Me jogo na cama, com o rosto virado para o travesseiro.

—Vai ficar somente deitada? - Ele pergunta olhando para mim.

—Sim, irei.

Escuto a porta do meu armário abrir, continuo sem olhar para o homem. Sinto o cheiro do meu perfume de quando era criança, e mais barulhos vindos do armário. Agora eu olho, era o homem. Ele segurava meu vestido favorito e estava espirrando meu perfume favorito dele. Ele joga a roupa sobre minha cama.

—Tire isso daqui. Eu não preciso disso. - Pego o vestido e o jogo dentro do armário novamente. — Pare de ser enxerido.

— Tu queres tirar tua vida? - Ele pergunta, aquilo me engatilha um pouco.

—Por que está perguntando isso? Pare com isso. - Pego o travesseiro e o jogo sobre minha cabeça.

—Responda-me Alice.

—Não, não irei! - Falo forçando o travesseiro.

—Tu queres?

—Sim! Eu quero! Eu tentei me matar! A vida é uma merda, você não deve entender isso. É tipo um Deus ou sei lá o que é. Eu nem sequer sei seu nome! Você nem me conhece e age como se conhecesse tudo sobre mim!

Se tu jamais tiveste a chance de experimentar a doce vida, qual direito tens de opinar sobre o quão amarga ela pode ser?...

A Garota Do Outro Lado.Onde histórias criam vida. Descubra agora