Alguém importante.

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            Estávamos sentados no topo da árvore, cujo consegui ver todos os prédios do centro da cidade com um forte reflexo do sol.

—Por que me trouxe aqui, Solene? - Pergunto, ainda me segurando firme.

—Não houve motivo algum, Alice. - Ele fala com um tom calmo. — Gostaria de dizer-me algo?

—Dizer? Claro que tenho! - Falei me inclinando para que pudesse olhar por ele. — O que mais tenho é perguntas sobre você.

—Pergunte-as.

—O que você é? Um anjo?

Ele não parecia estar preparado para a pergunta, encara um pouco a paisagem apreciando-a e me olha novamente.

—Sim, quase isso.

—Então onde estão suas asas?

—Por que tu assemelhas "asas" a um anjo. - Pergunta de forma desconfiada.

—Somente anjos tem asas, Solene.

—Não. - Fala indignado. — Até mesmo você tem asas.

—Sério? Com certeza, eu amo usar minhas asas para me locomover pela cidade todos os dias. - falo ironicamente

—Nem todas as asas fazem este tipo de coisa. - Explica. — Asas são quase como a alma de algumas pessoas, têm as mais belas repletas de penas graciosas. - Gesticula com suas mãos. — Geralmente são pessoas belas de dentro para fora. Existem diferentes tipos de asas, Alice.

—Você realmente odeia falar de forma literal não é?

—Estraga a graça de toda a frase.

—Se for para ser desta forma, Solene. - Começo. — Eu amaria ter asas como as tuas.

—Como as minhas? Por que?

—As suas com certeza são belas, repletas de penas graciosas. - Quase repito tudo o que ele havia falado, momentos atrás.

Ele sorri por um momento.

—Fico verdadeiramente agradecido, Alice. Mas ainda sim, gostaria de ter tuas asas, mesmo que minhas penas sejam mais belas.

—O que? Por que?

As coisas sempre carregam uma beleza etérea quando permanecem além de nosso alcance.

—Você sempre me deixa sem palavras com este tipo de frase. - Sorrio um pouco.

—Não é intencional, lhe prometo.

—Tudo bem. - Inclino um pouco a cabeça. — Pode nos tirar daqui agora?

—Mas nesse exato momento, Alice? - dizia ainda encantado com a vista. —Acabamos de subir.

—Acredito que ficar aqui em cima é perigoso. - Falo olhando para o quão distante eu estava do chão, balançando um pouco meus pés. Fazendo com que batam sobre o tronco da árvore.

Para quem quer tirar a própria vida, o perigo não é um problema. - Sinto-me abraçada, e em alguns segundos, sinto meus pés no chão novamente. —Passamos somente alguns segundos no topo da árvore, pensei que conseguirias ficar por mais tempo.

—Apenas pensou, tenho medo de altura o suficiente para não aguentar minutos lá no topo. - Falo apontando para o topo da árvore.

—Este é Francisco Carvalho. - Puxa uma foto de seu bolso, um homem charmoso aparentemente muito feliz e com vestimentas finas. — Será a próxima pessoa da qual tu resgatará.

—Estranho... - Olho para a foto. — Este homem morrerá de que?

—Será atingido por um caminhão que perderá o freio.

A Garota Do Outro Lado.Onde histórias criam vida. Descubra agora