Falando sozinha.

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—Quer ajuda? - Lívia pergunta enquanto Cecília coloca todo seu esforço para se levantar da cadeira de rodas, ela não consegue.

—Por favor... - A sua voz quase não sai.

Lívia agarrou Cecília pelas axilas e com cuidado, a colocou sobre a cama

—Cobertor? - Perguntou segurando um lençol branco.

Cecília tenta falar algo mas sua voz não foi capaz de sair. Apenas concordou com a cabeça. Lívia a cobriu, e acariciou sua testa, ajeitando seu cabelo.

—Vai ficar tudo bem... - Cochichou e ficou imóvel à sua frente.

Já era tarde da noite, elas chegaram somente agora. Esta é minha última noite aqui, ontem me encontrei com a Lívia lá em cima. Gostaria de se encontrar novamente, mas eu não sei se ela teria coragem de deixar Cecília sozinha, principalmente com o que acabei de ver.

Suspiro olhando para o telhado, minha mãe estava coberta com o lençol. Eu gostaria de lhe dar um abraço, perguntar para onde vão, se ficaram aqui, onde moram...

Eu realmente sinto falta dos conselhos de Solene, se ele estivesse aqui, isso não seria tão difícil. Lívia tirou a mão da cabeça de Cecília, com um suspiro doloroso se retirou da sala.

—Lívia - A chamei, mas ela não ouviu.

Me levanto da cama, a dor diminuiu mais ainda. Agora são somente poucos formigamentos. Se retiro da sala, andando de forma apressada.

Não estou a vendo, ela já deve estar lá em cima. Ando para as portas do elevador, está fechado. Aperto o botão repetidamente. As portas se abrem poucos segundos depois de ter apertado. Eu entro. Aperto o botão para o terraço.

Alguns segundos se passam, a porta abre.

—Lívia? - A chamo mais alto, saindo do elevador.

O vento gelado novamente, bagunçando meus cabelos. Não estava a vendo, ando cada vez mais. Onde ela está?

Não há ninguém... eu pensei. Aquilo estava me lembrando algo, minha visão estava embaçando. Tinha uma silhueta próximo a beira, havia alguém ali.

—Solene? - Perguntei me aproximando, não conseguia ver quem estava ali.

Estava ficando difícil de respirar. Eu acho que estou tendo algum crise, fecho os olhos, respiro fundo e os mantenho fechados por alguns momentos.

Eu os abro novamente.

Fogo! Fogo! De novo!

Estava tudo em chamas, eu não via mais a silhueta, escuto tiros. Meus braços doem, está díficil de respirar, eu não consigo me mover e nem sequer respirar.

Gaguejo algo que não sai por completo, é um pedido de ajuda. Eu não sei o que fazer, por que estou aqui de novo? Eu saí de lá, eu não vou aguentar mais uma vez, eu vou morrer!

Escuto um pequeno barulho vindo atrás de mim.

Continuo ali, ofegante. Levo minhas mãos para meu ponto de visão, estavam sujas de algo que não saberia dizer do que.

Braços enrolam em meu pescoço, só então, tudo some.

Não havia mais fogo, nem tiros, nem mais nada.

—Alice! - A voz de Lívia estava próxima de meu ouvido, é ela que está aqui, me abraçando. — Está tudo bem... - Cochichou

Ainda estava ofegante tremendo. Ela se afasta do abraço, e me vira para ela.

—Tudo aquilo já passou Alice. - Me abraçou novamente. — Não é sua culpa.

Como ela sabe sobre o que aconteceu? Provavelmente passou em diversos jornais, mas como ela sabe sobre o quanto me culpei pela morte de meu pai?

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⏰ Última atualização: Nov 05 ⏰

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