Narrador
Alex havia começado a quimioterapia, o que a redirecionou para outro médico, dando um alívio imediato a sua filha. Sina achar que havia se livrado de Noah apenas por isso foi um erro e dos grandes.
— Qual a parte do "fim" que eu coloquei meses atrás você não entendeu? — Deinert soltou após Noah lhe trazer café, por mais que estivesse com raiva da tentiva de aproximação ela bebeu o café, fazendo Noah sorrir discretamente.
— Sina, o seu problema era a Liana e eu não estou mais com ela, por que continua estando assim? — Noah disse antes beber seu café.
Sina o olhou sem acredita no que ele havia dito, ele estava falando mesmo sério?
— O problema não era ela. — Sina riu desacreditada e Noah a encarou tentando decifra-la. — Você me enrolou por meses com uma mentira atrás da outra e quando finalmente eu me livro desse emaranhado de voltas que você deu em mim, você quer que eu finja que nada aconteceu.
Noah respirou fundo.
— Então sem chan...
— Noah, foi momentâneo. — ela disse. — Eu estava sozinha e você infeliz, só aconteceu de a gente se esbarrar. Na época eu achei que era algo real, mas não mais.
— Esbarrar, sério isso? — Noah repetiu, dessa vez ele era quem estava desacreditado.
Noah não podia negar, a indiferença da loira estava o enlouquecendo, ele se aproximou dela e tentou pegar a sua mão, mas ela se esquivou.
— Hoje eu vejo, nunca daria certo de qualquer forma. — ela revelou.
— Claro que daria! Eu estou fazendo o que posso para tirar essas coisas da sua cabeça. — ele tentou se aproximar.
— E fez o que podia para que eu tirasse do meu útero também, certo? — ela falou mais alto.
Noah analisou a respiração descompensada de Sina na luz baixa da sala dos plantonistas, onde só haviam eles dois.
— Então tudo sempre vai voltar para isso? — Noah passou a mão no rosto.
— Desculpa. — Sina disse. — Eu me exaltei, nem sei por que falei isso, não é como se eu quisesse um bebê e muito menos agora. — revelou com os olhos arderem. — Só que essa merda está me perturbando, não consigo esquecer a sensação, eu odiava tudo, as cólicas, os enjoos, as tonturas e o inchaço. Eu odiava me olhar no espelho e ficar horas olhando a minha barriga...
Noah se aproximou.
Ela sabia que ela talvez quisesse o bebê, por mais que não tenha sido planejado, ela talvez não detestasse a ideia de ser mãe.
E ele estava percebendo isso também.
— Talvez você não odiasse isso tudo. — Noah disse a olhando. — E eu me arrependo amargamente das coisas que te fiz, espero que você um dia me perdoe.
Ela não conseguia acreditar nele, não mais.
Sina sentia seu peito explodindo, a culpa de ter arruinado uma vida
— Por que você fez eu te querer tanto? — Sina negou com a cabeça desacreditada na droga que havia feito com sua vida. — Por que você não me deu nada em troca? — ela soltou seu coque que já estava uma bagunça. — Por que você me fez amar você, seu merda?
Noah apenas a observou botar tudo aquilo que estava entalado em si pra fora.
— Quer mesmo que eu responda? — Noah perguntou quando ela acabou de falar.
— Nem adianta, não acredito em mais nenhuma palavra que sai da sua boca. — ela se afastou.
— Ótimo, porque não ia responder com palavras de qualquer forma. — ele a puxou pela cintura selando seus lábios.
Sina poderia claramente apenas dar um empurrão e sair fora daquela sala, Noah sabia disso. Mas invés disso, ela levou as mãos até seu pescoço aprofundando o beijo.
O beijo intenso fez com que os dois desconsertassem sem ao menos notar, antes que Noah esquecesse o princípio de tudo aquilo, ele se afastou.
— Eu fiz tudo isso porque eu te quero pra caralho e não sei como agir. — ele respondeu. — Você acha mesmo que eu gostava de sentir o que sentia toda vez que via você, mesmo eu tendo uma mulher me esperando em casa? Você virou minha vida de ponta cabeça e eu te trouxe para essa loucura, te machucando.
Sina o olhava surpresa.
— Eu sei que te machuquei muito enquanto te fazia esperar e que não mereço uma segunda chance. — ele segurou o rosto da loira. — Mas eu te juro por tudo que eu tenho, que se por um acaso eu tiver uma nova chance, você será muito mais do que você já foi para qualquer um.
Noah terminou de dizer tudo aquilo que estava lhe incomodando todo aquele tempo, pisando em todo seu orgulho.
Sina não sabia descrever o que sentia naquele momento, ela queria gritar com ele por não ter dito nada disso antes e ao mesmo tempo queria beija-lo até dizer chega.
— Não precisa dizer nada agora. — ele disse. — Pode ser sua vez de me deixar esperando.
Noah deixou a sala de plantão se sentindo aliviado, ele nunca se arrependeria por comprar café naquela manhã.
Sina se deitou numa das camas encarando o teto branco.
— Droga. — ela colocou as mãos nos olhos nervosa com o que tinha acabado de ouvir do moreno minutos atrás.