CAPÍTULO 27
Assim que minha resposta reverberou por sua cabeça seus olhos escureceram e sua mão levantou, pronta para acertar um belo tapa em meu rosto. Tudo aconteceu tão rápido que mal tive tempo de reagir. Quando sua mão levantou e eu a vi vindo em minha direção, a mão enorme de Benjamin a parou no meio do caminho, e com sua outra mão ele puxou meu braço, me pondo atrás dele. Eu não consegui reagir ou falar algo, estava tão incrédula com sua rapidez que as palavras simplesmente sumiram dos meus lábios e pensamentos.
- Você é ridícula, Dália. Mas eu pensei que teria pelo menos um fodido neurônio que prestasse! - a voz grossa de Benjamin tomou conta do lugar.
Seu grito histérico faria qualquer um estremecer, sua voz imponente era capaz de fazer qualquer um perder o foco e a coragem. Posso até sentir pena da garota.
- Tentar bater na minha esposa, é o cúmulo! O cúmulo do absurdo!
Posso ouvir baixinho os leves fungados que a garota dava, chorando copiosamente.
- Saia da minha casa. Leve seus malditos parentes e nunca mais pense em pisar ou tocar em algo que é meu. E se tentar. - sua voz sombria se torna baixa, e alerta todos os músculos do meu corpo e imagino que o da tal "Dália" também. - Não terei problemas em reformar a sua cara com uns bons tapas. Entendeu?
Eu não ouvi a resposta da garota, devo confessar que meus ouvidos não conseguiam mais focar em nada ao meu redor. Eu me pus em um casulo silencioso, com os olhos fixos no tecido caro e escuro do terno de Benjamin. E eu não vi quando a garota saiu, eu não vi quando Benjamin se virou e me chamou, pondo suas palmas em meu rosto, tentando me fazer acordar. Eu também não vi seus pais ao seu lado, e não ouvi o que eles falavam. Eu me perdi de tudo ao meu redor. Não sabia o porquê, mas havia entrado em choque com aquela droga de situação, e de algum jeito eu não conseguia sair daquilo, até que, algo estalou na minha mente.
- Então.. essa é a sua esposa? - a pergunta veio de uma voz feminina, e o deboche e o olhar detestável se fixaram na última palavra.
Lentamente deslizei meus olhos para a dona da voz, a mulher nas fotos ao meu redor. A mãe de Benjamin. Sua beleza realmente era de tirar o fôlego, seus olhos azuis eram o que mais chamava atenção. Eram grandes e cristalinos, e faziam o contraste perfeito com o seus cabelos castanhos.
O homem ao seu lado bem arrumado e perfumado eu já havia conhecido. O pai de Benjamin, que não mudará desde a última vez que nos vimos. Ele continuava a me encarar com escárnio.- É um prazer conhecê-la, senhora Bellucci. - minha voz saiu ofegante e baixa.
Não tinha confiança nas minhas palavras ou atitudes, e isso me faria vacilar um passo para trás, se não tivesse as mãos de Benjamin em meus ombros me segurando.
A mulher sorriu e me encarou por cima, como se eu fosse um mero animal indefeso.- Está muito bem vestida, garota. Devo confessar que pensei que fosse uma caipira, que não saberia nem ao menos se vestir.
Agora meus olhos vão aos de Benjamin, "Foi por isso que contratou as mulheres? Foi por isso que escolheu os vestidos?" ele não acreditava que eu pudesse fazer isso sozinha? Eu sou apenas uma caipira sem graça para ele, afinal?
Minha mente começa a me deixar confusa, e decido me afastar de seus toques. Sorrio e suspiro.- Sou caipira, não idiota. Senhora Bellucci. - a voz antes ofegante e baixa dá lugar a uma confiante e bem audível.
Conserto minha postura e ponho minhas mãos para trás, entrelaçando meus dedos. Passo pelas costas de Benjamin e paro em frente ao seu pai, o encaro com o nariz empinado, deslizando meus olhos por todo seu corpo, analisando debochadamente.
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A Mercê De Você
RomanceQuando mais nova Stela teve sua vida arruinada pelo homem que dizia ser seu pai. Agora, fugindo contra seu passado ela se vê em um beco sem saída, precisando voltar a New York, onde o seu monstro está a espreita. - Você precisa mesmo ir? - disse Ol...