CAPÍTULO 15
Quando desci as escadas a sala estava impecável, nem parecia que a alguns minutos havia um corpo no chão. Passeei meus olhos por toda a sala e não encontrei o Benjamin, o que fez meus ossos estremecerem.
- Benjamin?
- Estou aqui, Stela.
Assim que ouvi sua voz grave me virei em sua direção, o observando descer a escadas. Seus cabelos estavam úmidos, me indicando que havia acabado de sair do banho. O jeans preto abraçava suas pernas de forma confortável, não parecia apertado e nem folgado, nos pés um tênis preto, acho que era um Nike? Realmente não sabia bem sobre marcas de sapatos. A blusa preta estava folgada, era lisa e sem nenhum detalhe. No braço esquerdo um rolex que parecia caro o suficiente para eu não poder olhar por muito tempo.
- Terminou a análise, princesa?
Sua pergunta gelou o meu corpo por inteiro o que me deixou confusa. "Estou assustada nesse nível?"
- Desculpa... - peço me afastando do seu corpo. - O-o que você fez com o hom-
- Você não precisa saber disso.
Sua resposta imediata corta meu raciocínio então fixo meus olhos nos seus. E inabalável ele me encarou, sem nenhuma intenção de mudar de ideia.
- Vou te deixar na sua tia e passar no apartamento. Preciso ir buscar o Rocco.
Quando ele disse isso eu apenas acenei obedientemente. Benjamin estava diferente. Tinha algo estranho.
- Não quer que eu vá? - Perguntei o seguindo até o carro estacionado em frente ao enorme pátio. -
Benjamin parou próximo ao carro e suspirou.
- Não. - disse simples, logo entrando no carro.
Fiquei estagnada por alguns segundos. Apenas encarando o carro enorme e de vidros pretos. Ele estava chateado com a minha reação a alguns minutos? Estava irritado por eu não tê-lo chamado? Ou estava irritado por ter matado um homem por minha causa? Engoli em seco com essa ideia que rodou a minha mente. "Era óbvio." Imaginei.
- Entra, Stela. - Benjamin ordenou me tirando do transe. -Apertei meus lábios e entrei no carro, sem coragem para encará-lo. E a viagem se iniciou no mais puro silêncio. Sem rádio, sem música, sem conversa e sem abraços. Apenas eu e ele, o barulho do motor e das nossas respirações. Nenhum olhar ou toque e nenhuma intenção de fazê-lo. O ar palpável só deixava o clima mais pesado ainda. Eu me sentia completamente nua e perdida. Estava confusa e constrangida e sentia que tudo aquilo era minha culpa.
Minha mente não parava de dizer que ele estava daquele jeito por minha causa.
"Ele matou um homem, por minha causa!" A afirmação me fazia mais crente de que ele estava tão puto que não podia nem me encarar. Eu estava tão certa dessa ideia que estava prestes a pedir desculpas, até que no último milésimo ouço a voz grave de Benjamin tomar lugar.- Desculpa. - foi apenas isso que ele disse. -
Ele apenas jogou isso e se calou novamente. Eu o encarei tão chocada que ele teve que perder a raiva e me encarar de volta.
- O que disse? - perguntei abismada. -
Benjamin suspirou e balançou a cabeça.
- Desculpa por ter feito aquilo na sua frente. Sei que te assustou.
"O que?"
- O que? Do-do que está falando? Acha que estou com medo de você? V-você que deveria estar irritado comigo! Irritado não, deveria estar puto. Por que está se desculpando?! - bombardeei incrédula com a verdade. - Você deveria está tão puto comigo, você matou alguém por minha causa.
Sou levemente projetava para frente com a parada brusca do carro. Encaro Benjamin que apertava com força o volante.
- O que? Por que eu ficaria puto com você?
- Não é óbvio? Você acabou de matar um homem por minha causa! Por quê eu sou um alvo ambulante, Benjamin! Só estou te dando problemas!
- Você não é um problema para mim!
- É claro que sou! - gritei o fazendo se calar. - E-eu tô pondo um fodido alvo nas suas costas! - esbravejei com lágrimas nos olhos. -
Tapei meu rosto com minhas mãos. Tentando esconder meu rosto vermelho, devido às lágrimas agressivas que forçavam a sair. As mãos geladas de Benjamin apertaram minha cintura e me puxaram em sua direção. Eu parecia uma pena sendo levada pelo vento. Suas palmas passearam por minha cintura, depois meus braços, subiram e tocaram meus ombros, por alguns instantes ficaram em meu pescoço e por fim, puxaram minhas mãos. Benjamin as segurou com sua enorme mão esquerda, enquanto a direita limpava o cristalino rastro das lágrimas em minhas bochechas.
- Deus. Você é impossível. - Ele sussurrou. - Apenas me bombardeia de suposições e não me da espaço para me defender.
- Não são suposições! É a verdade! Você viu! - esbravejei. -
Benjamin em sua maior calmaria apenas balançou a cabeça com um sorriso satisfeito nos lábios.
- Contanto que seja por você, eu não mataria apenas um. Eu mataria um bilhão de homens sem pestanejar, apenas para tê-la ao meu lado. - Ele balançou a cabeça em negação. - Você não é um alvo ambulante para mim, Stela. É a minha salvação.
Pude sentir meu estômago gelar e as palavras sumirem dos meus lábios. Tudo pareceu sumir. Eu me vi em um quarto branco, com apenas Benjamin a minha frente.
- I-isso é uma loucura. - sussurrei e Benjamin sorriu. -
- É, não é? A culpa disso é sua. - afirmou me pondo no meu lugar e passando novamente o cinto ao redor do meu peito. - Agora que sabe disso, pare de especular essas idiotices.
Eu estava extasiada e ele agia como se tivesse dito a coisa mais comum do mundo.
- Você vai ficar assim? N-não vai dizer mais nada?
Benjamin cruzou os braços no volante, apoiou a bochecha e divertido me encarou.
- O que quer que eu diga, princesa? Que eu estou perdidamente louco por você? Que eu mataria por você? Isso já não está óbvio demais?Ou precisa que eu demonstre mais? Que te anseie mais? Que te deseje mais?
Minha boca se seca e minha mente se nubla. "Ele está falando sério?"
- Você está brincando comigo, não é?
A mão enorme de Benjamin puxou meu maxilar em sua direção.
- Se pudesse sentir como estou, vendo seu rosto assim. Tenho certeza que não teria essa dúvida.
Minha respiração se cortou e minhas bochechas coraram instantaneamente.
- Porra, você fica ainda mais bonita corada.
"B-benjamin?!"
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A Mercê De Você
RomantizmQuando mais nova Stela teve sua vida arruinada pelo homem que dizia ser seu pai. Agora, fugindo contra seu passado ela se vê em um beco sem saída, precisando voltar a New York, onde o seu monstro está a espreita. - Você precisa mesmo ir? - disse Ol...