CAPÍTULO 14
Quando abri meus olhos suspirei pesadamente. Finalmente a dor por todo o corpo havia ido embora e com isso tive certeza de que realmente estava cansada. Passei as mãos no rosto enquanto saia do quarto. Parei em meio ao corredor enorme do segundo andar e só pude ouvir o silêncio. "Benjamin deve está dormindo ainda." Afirmei mentalmente. Então decidi descer as escadas e explorar toda a mansão gigantesca. No fim das escadas eu passeei meus olhos por todo lugar, e não pude conter uma inquietação estranha no meu peito. Dei pequenos passos lentamente e apoiei minha mão na parede, inclinando meu corpo, observando toda a cozinha branca.
- Acho que estou ficando paranoica... droga. - sussurro suspirando. -
Balanço a cabeça e saio do cômodo, entrando em outro corredor, mas paro na metade do caminho ao ouvir algo cair na cozinha. Me virei rápido e apertei minhas mãos em punho.
- Benjamin? - chamei. -
Dei passos cuidadosos até a cozinha de novo. Mas dessa vez eu vi alguém. E não era o Benjamin.
- Não grite. - o homem em um terno preto disse. -
Todo meu corpo começou a chacoalhar e minhas pernas fraguejaram. Seu corpo era gigantesco perante ao meu. Olhei ao meu redor e vi que não havia nada que pudesse me ajudar a me proteger.
- Se você chegar perto eu vou gritar. - afirmei dando passos para trás. -
"Benjamin está dormindo, o quarto dele é longe demais. Ele não vai me ouvir." Pensei começando a entrar em pânico.
- E você acha que ele vai te ouvir a tempo?
Engoli em seco e continuei me afastando.
- N-não chegue perto de mim!
Quando minhas costas bateram contra a parede o homem desconhecido sacou a arma. A apontando no meu rosto ele suspirou.
- Não seja patética e venha logo porra.
Meus olhos foram em direção a escada. Benjamin não estava lá. Fixei meus olhos na arma apontada para mim e tudo ao meu redor ficou embaçado, minha visão estava focada apenas no cano prateado da arma apontado para o meio das minhas têmporas.
- Você machucou ele? - apenas a ideia de ele ter se machucado por minha causa faz meu peito se afundar. -
- Não. Mas se não vir logo, eu vou matar ele na sua frente.
Então devagar eu me aproximei.
- Eu irei quieta se você não machucá-lo. - pedi finalmente fixando meus olhos no rosto bem quadrado do homem desconhecido. -
Ele balançou a cabeça e sorriu.
- Trato feito.
Ele parecia satisfeito com o tal trato, porém, do nada em uma pegada rápida ele puxou meu punho e me colocou como escudo. E eu não tinha entendido o porquê daquilo. E o cano frio da arma bem próximo a minha orelha estava tirando meu foco do que quer que tenha o assustado. Mas quando ouvi o barulho da madeira das escadas eu entendi.
- Benjamin? - sussurrei. -
Benjamin desceu as escadas calmamente, com uma arma preta em uma das mãos. E não estava apontada para nós.
- Nós temos um trato. Ela sai comigo e você não se machuca. Então, solte logo essa maldita arma! - berrou apertando o braço envolta do meu pescoço. -
Benjamin sorriu enquanto puxava uma das cadeiras da bancada da cozinha. Ele se senta com as pernas abertas e encara a situação. Senti meus olhos ficarem embaçados por lágrimas. O cano frio da arma sendo pressionado no meu rosto e o braço enorme do homem envolta do meu pescoço quase me enforcando, junto com a imagem do Benjamin desprotegido a minha frente. Eu estava entrando em desespero.
- Eu tenho um trato melhor. Solte ela e eu te dou o quádruplo do que ele está pagando.
Por um segundo pude sentir o aperto em meu pescoço se afrouxar.
- Você tem esse dinheiro aqui? Tenho certeza que não. - Afirma me puxando até a porta. -
- Se sair. Você morre.
A calma como Benjamin falava e o homem ria estava me deixando mais desesperada ainda. Quando a porta se abriu um barulho alto reverberou me fazendo fechar o olhos e gritar. No segundo seguinte senti o braço envolta do meu pescoço apertar mais e segundos depois afrouxar. A mão do homem deslizou lentamente pelo meu corpo. Quando olhei para o chão, ele estava com um buraco no olho.
- Você matou ele... - sussurrei sem acreditar.
As mãos de Benjamin puxaram meu rosto e tiraram minha atenção do corpo nos meus pés.
- Você está bem? Porque não gritou? Deveria ter gritado, Stela!
O Benjamin inabalável na cadeira era mentira. Suas mãos tremiam e suavam desesperadamente.
- Não queria que você se machucasse... - sussurrei ainda inerte ao que tinha acabado de acontecer. -
Ele me puxou para os seus braços e me apertou.
- Foda-se! Me chame, Stela. Sempre pense em me chamar porra! - gritou ofegante. -
Passei meus braços por suas costas e Suspirei escondendo meu rosto em sua barriga. Toda a adrenalina estava sumindo e minha mente bagunçada estava voltando a trabalhar lentamente.
- Ele te machucou?
Balancei a cabeça em negação.
- Tem certeza?
Afirmei. Então ele puxou meus ombros e me encarou nos olhos.
- Vamos ver sua tia e depois iremos embora. Entendeu?
- Sim...
Suas mãos apertaram meus ombros.
- Vá trocar de roupa. Vou limpar essa bagunça.
Quando ele disse isso eu sem querer olhei para o cadáver do homem no chão assim que Benjamin virou as costas encarando o que havia feito. Fiquei estagnada no lugar. Os olhos fixos na expressão surpresa do homem. "Porque ele me quer tanto? Porque sacrificar a vida por algo tão insignificante?" Comecei a bombardear minha mente de perguntas sem reposta. Eu simplesmente não conseguia nem mesmo imaginar uma possível explicação para toda essas merdas na minha vida. Fixo meus olhos no Benjamin que me encarava preocupado.
- Vai se trocar, Stela. Para de olhar pra ele. - ordenou com uma voz sombria. -
Seu maxilar travou no mesmo segundo que percebeu que eu ainda estava aqui, com os olhos fixos no homem. Pedi desculpas em um sussurro e corri em direção às escadas. Indo diretamente para o meu quarto. "Que olhar foi aquele?" Sussurrei quando encostei minhas costas na porta. Parecia que aquela não teria sido a primeira vez que Benjamin tinha matado alguém. E cogitar isso fez subir um frio pela minha espinha.
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A Mercê De Você
RomanceQuando mais nova Stela teve sua vida arruinada pelo homem que dizia ser seu pai. Agora, fugindo contra seu passado ela se vê em um beco sem saída, precisando voltar a New York, onde o seu monstro está a espreita. - Você precisa mesmo ir? - disse Ol...