A esperança ainda resiste

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Entretanto, na clínica de David, Miguel continuava impávido e sereno olhando os monitores. Tentava não parecer nervoso, embora, toda aquela situação merecia a sua maior preocupação. Os valores mostrados nos monitores eram surreais. Eram um sinal de vida, mas, por outro lado, o desaparecer dos corpos, não tinha nada de lógico naquilo. Parecia um filme de terror, ou ficção científica.

Já se tinham passado algumas horas desde o início da experiência. Estava quase a amanhecer.

David continuava nervoso, andando de um lado para outro, no quarto. Aquele desfecho da situação era algo que ele temia desde o tempo das experiências com outros pacientes seus. A situação tinha escalado para algo fora do seu controle. Por mais que teorizasse sobre tudo, nada o prepararia para algo assim.

- Eles estão de certeza vivos. Mas onde? Será que foram mesmo para lá? Será que conseguirão encontrar o caminho de volta? – continuava David, a questionar, entre suspiros.

Parou durante uns instantes junto á cama onde jazia dantes Patrícia, olhou para o leito vazio. Olhou para o monitor. Começou de novo a caminhar de um lado para o outro, nervoso.

- Será que vão conseguir voltar? Para onde eles foram? Tudo isto está para além do que eu conheço, estudei ou investiguei.

- Quando tudo isto terminar, vou me reformar. Depois disto já vi tudo na minha profissão. – Argumentou, ironicamente, Miguel. Estava a tentar desanuviar a tensão do David. Mas este andava que nem um louco pelo quarto.

- Isto está para além de toda a compreensão e conhecimento científico. Embora isto era a minha teoria inicial, preferia estar errado quanto a ela, do que passar por todo este tormento, de estar certo.

- Acalma-te, David. Acredito que seja possível eles voltarem. Só precisamos de ter paciência e muita fé no processo.

- Era bom que sim. Que eles regressassem em segurança e, trouxessem consigo os desaparecidos. Mas todo este processo é excruciante demais para mim. Nunca me perdoarei se eles não conseguirem voltar.

- Tudo vai ficar bem. Acredita.

David parou de novo. Sentou-se numa das cadeiras.

Estava a começar a acalmar. Ou era o cansaço de toda aquela caminhada pelo quarto.

- Daqui a um par de horas vou ter de sair e voltar á esquadra.

- Ok. Mas agradecia que não mencionasses nada sobre tudo isto para ninguém. Entretanto quando os meus assistentes chegarem, peço a um deles que venha aqui observar, enquanto eu vou a casa tomar um banho e tentar recompor-me.

Passada uma hora Miguel levantou-se, despediu-se de David e saiu.

David aguardou a chegada dos seus colaboradores á clínica. Entretanto eles começaram a chegar. Ele contou-lhes o sucedido na noite anterior, algo que eles ficaram estupefatos por tais acontecimentos.

Pediu a um deles que, entretanto, fosse observando os dois lá em cima, ou melhor os sinais vitais destes, enquanto iria a casa por um par de horas.

No seu regresso correu de imediato para o piso superior, na vã esperança de ter boas notícias. Nada tinha mudado até então. No seu semblante notava-se o nível de frustração perante aquele caso.


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