Capítulo 7

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          Naquela madrugada deitei minha  cabeça no travesseiro depois de tomar um banho quente. Meus pensamentos pareciam está sendo revirados por um furacão. Descobri que ele não me traiu era uma coisa boa, mas não fazia eu me sentir melhor, tantos anos de sofrimento não podia se apagados de uma hora para outra. Abracei meu travesseiro e chorei pelo que pareceu horas, até que eu dormir e dessa vez as lembranças invadiram meus sonhos.

          "Estava animada, pois era meu primeiro dia de aula. Não sabia o que ia acontecer, mas estava feliz, pensava em fazer novos amigos. Mas não esperava esbarrar no lindo menino com grandes olhos claros. Foi assim que minha vida mudou, de uma hora pra outra, me tornei uma pessoa diferente. Crescemos juntos, estávamos juntos todos os dias na escola, mas não posso dizer que éramos muito "amigos". Vivíamos brigando com frequência, nunca concordávamos um com o outro, qualquer coisa já era motivo para confusões, mas talvez isso seja a verdadeira definição de amizade.
          - Você é muito chata! - Gritava Jason.
          - Você que é, eu cheguei nessa cadeira primeiro!
          - Mas eu que estava aí ontem!
          - Ontem já passou! - Uma pequena Melina de 6 anos disse empinando o nariz, quando Jason puxou seu cabelo. - Aaaai! Seu idiota! - Então ela saiu do lugar, pisou no pé dele com força e foi embora."

          O sonho se dissolveu em uma névoa branca e a lembrança mudou.

         "7 anos depois.
         - Argh! você é muito burro.- Falo.- Não é assim, você vai acabar matando a planta.
         - Você só sabe mandar e reclamar. -Retruca Jason com raiva. - A culpa não é minha se a professora colocou nós dois juntos.
         - Odeio Biologia.
         - Você odeia tudo, Melina.
         - Eu só estou de mau humor... Não entendo o porquê da gente ter que ficar cuidando dessas plantas sendo que vão acabar morrendo depois, ninguém sabe cuidar.
          - Isso não é desculpa, então para que você vai amar e cuidar de uma pessoa sabendo que ela vai morrer um dia?
           Virei o rosto e não respondo.
          - E é por isso que tem o vídeo. - Completa Jason.
          - Como se ficar sentados no pátio vendo um videozinho ajudasse a cuidar de uma planta. - Reclamo baixinho.
          A voz da professora pedindo silêncio ecoou no pátio.
         - Muito bem gente, essa aula está encerrada. Não esqueçam de tirar as cadeiras do patio antes de voltar para sala.
          Levei minha cadeira com uma mão e com a outra carreguei minhas coisas. Meu caderno desequilibrou, e eu quase deixei a cadeira cair e por pouco cairia junto se não fosse pelo Jason que apareceu por trás de mim e me segurou, arrumou a cadeira e se foi, me deixando sem falas, e seu perfume impregnado no ar. "

          O sonho se dissolve de novo.

          "- Você gosta de sair comigo, Jay? - Pergunto enquanto caminho segurando meu sorvete.
          - Gosto.. muito. - Ele diz, tímido.
          - E por quê?
          - Porque eu gosto da sua companhia, e gosto de você. - Jason olha para o chão envergonhado.
          - Mas você sempre disse que eu era chata.
          - Continua sendo, ué. Chata, teimosa, mandona.. - Ele diz, rindo.
          Olha para ele com raiva.
          - Mas eu gosto de você assim mesmo.  - Acrescenta.
         Meu rosto corou, fazendo ele rir ainda mais."

          O sonho mudou mais uma vez.

          "- Ah não, para, você já riscou toda a minha apostila. - Jason reclamava enquanto ria.
           - Deixa eu escrever só mais uma vez "Eu amo a Meli"? - Implorei.
           - Mas para que escrever isso de novo?
          - Para ficar gravado várias vezes na sua cabeça, ué. - Respondo sorrindo.
         - Eu não preciso disso.
         - Por que não? - Meu tom de voz já demostrava tristeza.
        Jason se aproximou do meu rosto e sussurra no meu ouvido:
        - Porque eu já sei o que sinto."

         Me viro na cama inquieta enquanto a névoa volta e o sonho muda mais uma vez.

         "- O que você está fazendo? - Falo baixo, para não atrapalhar a aula, se é que fosse possível.
           Jason estava levando suas coisas para sentar na mesma fileira de mesas do que eu.
         - Estou indo ficar do seu lado, pequena. - Jason respondeu com naturalidade, me fazendo desviar o rosto com vergonha.
          Ficamos conversando, e nada era mais  importante do que aquilo. Essa era minha rotina, todo dia Jason sentava perto mim, e nós conversávamos. Sempre juntos.
          Me peguei encarando ele  e notei a grandeza que era o meu amor por ele.      Jason tinha segurado minha mão."

          O sonhou mudou, e essa lembrança foi a mais nítida.

         "- Meu pai quebrou o carro. Vou ter que voltar a pé. - Reclamo sentindo falta do carro.
         - Eu te acompanho. - Fala Jason já pegando a minha mão.
         - Não precisa.- Falo.
         - Tem certeza?
         -Sim, claro.
         Com rapidez roubo um selinho dele. Nossos lábios se tocam por menos de cincos segundos, mas foi o suficiente, uma eletricidade passou por todo meu corpo me deixando arrepiada. Olho para ele e corro pela rua. Quando chego na esquina olho para trás uma última vez, e ele ainda está lá, me olhando perplexo."

Cicatrizes: Quanto um amor machuca?Onde histórias criam vida. Descubra agora