Capítulo 2

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          Música alta, bêbados, fumantes. Pessoas com tantos problemas afogando suas magoas desta forma, isso resumia o Black Star. Para mim já não bastava um copo de bebida para esquecer, as lembranças sempre  voltavam. Fechei os olhos e podia ver as imagens de forma nítida.

          "O garoto de olhos azuis me aguardava no pátio, e eu quase se arrependo de tê-lo chamado.
          - Oi. - Uma versão mais jovem minha fala.
          - Por que me chamou aqui? Já que você me odeia, não tem o porquê de falar comigo. - Retrucou o menino.
          - Não precisa falar assim! Justamente por isso que queria conversar... Eu.. Meio que não te odeio, Jason.
          - Só isso? Podia ter me dito antes. -Ele cruzou os braços e me encarou.
          - Você não entendeu... - Abaixo a cabeça, e completo baixinho: - Eu sinto o contrário de odiar.
          Ele fica em silêncio, sem saber o que dizer. Então anda até mim e me encara.
          - Mesmo? - Pergunta.
          - Sim, m-mas não conta pra ninguém. - Esperava uma resposta ao que sentia. - Me responde logo!
          - Meli... Não sei o que dizer. Nunca te odiei, até gosto de brigar com você, mas como brincadeira. Não gosto de você assim, você é minha amiga, lembra? Te acho bonita e legal, mas não sinto algo assim...
          - Tudo bem... - Falo já com os olhos cheios de lagrimas.
          - Não, não está tudo bem. Você está triste.
          - Não estou! - Falo aumentando o tom de voz.
         - Está sim. - Ele cruza os braços. - Você não consegue me enganar!
         - Argh! Você é muito chato!
         - Você é teimosa! Não muda de assunto..
         - Mudo sim! - Ele tinha o dom de me deixar irritada.
         - Nossas conversas tem sempre que acabar em briga? Mesmo?
         - Desculpa... Mas é que.. Ah, esquece.
         - Agora fala.
         - Eu estava pensando se não teria, sabe, uma chance. - Falo colocando a mão no bolso da calça. - De você gostar de mim.
        - Chance? Tipo, tentar gostar de você desse jeito?
       - É...
       - Tem sim. Eu posso até tentar. - Ele abre um enorme sorriso, do tipo que faz as pernas de todas as meninas virarem gelatina.
        - Sério? Promete? - Já me sentia extremamente feliz.
        - Claro. - Promete o menino."

         Eu comecei a rir, rir muito. Como eu era idiota, a maior idiota do mundo.. Eu acreditei tanto, para no final, me ferrar! Nem parecia que ele ia me trair depois. Apertei o copo o mais forte que podia sentir meus dedos ficarem dormentes, e então me levantei, fui até a pista. Não demorou muito até que algum cara começasse a dançar comigo, e digamos que ele não era de se jogar fora.
          - Qual seu nome? - Perguntei, olhando para ele já expondo o que queria.
          - Bruno, e o seu? - Falou ele sorrindo.
          - Melina.- Respondi. - Você tem namorada?
          - Não - Ele ri.
          - Então eu acho que posso fazer isso com você. - Assim que encosto minha boca na dele já sinto o gosto de vodka.   Mesmo bêbada foi fácil encontrar o caminho de casa. Desci do carro enquanto ele chupava meu pescoço, com tudo, abri a porta e sorrir baixo tentando não acordar meus amigos. Então percebi algo horrível, a luz estava acesa e estavam todos reunidos na sala, com uma figura nova. Sem pensar, começo a rir de novo.
          - Então.. que tal se a gente terminar isso lá no seu carro hein? - Pergunto.
          - Pode ser, se você quiser.
          Então ele me puxa para fora de minha casa enquanto eu olho pra trás.
         Eu estava quase lá, mais um pouco e esqueceria por mínimos segundos aqueles olhos brilhantes. Quando mais uma lembrança me envolveu.

          "Ainda estava confusa, não sabia se confiava ou não no bilhete anônimo que estava em minha mesa.

          "Parque municipal. 3h. "

          A curiosidade me venceu, fui para o lugar que me aguardavam, sem saber o que me esperava.
          Quando cheguei lá vi a cena que me marcou para sempre. Jason beijava uma menina de cabelos longos e escuros, notei que era a Julia, uma garota que estudava na outra turma. Não acreditava, simplesmente não acreditava. Ele me prometeu, me prometeu que ia tentar, e ai pelas minhas costas , ele me traiu. Nunca chorei tanto como naquele dia."

          Eu gritava "Gozei" ao mesmo tempo que Bruno, mas tinha raiva em meu corpo. Me arrumei, e saí do carro.
          - Ei, não vai me passar seu telefone? - Bruno falava indignado. Fechei a porta na cara dele, e segui direto para o meu quarto, sabendo que não iria lembrar de nada no dia seguinte.

Cicatrizes: Quanto um amor machuca?Onde histórias criam vida. Descubra agora