Cicatrizes: Quanto um amor machuca?

Capítulo 11

        - Olha, para falar a verdade eu não queria sair.. - Falei com cara de sono.
         - Hum, ah, tudo bem. Eu vou almoçar sozinho aqui e... - Jason falou com a voz falhando.
          - Ei, não seja bobo! - Comecei a rir
- Eu disse que não queria sair, não que não queria almoçar com você.
          - Ah! Nossa, que susto. - Ele estava com aquele sorriso no rosto, o sorriso que fazia meu mundo parar. - Pensei que você era burra ao ponto de me recusar. - Seu tom irônico me fez rir.
          - Você se acha, não é?
          -  Um pouco. - Ele mordeu o lábio. - Então o que você sugere?
          - Pedir a pizza, ué.
          - Okay, vou ligar, que sabor você vai querer? - Perguntou ele pegando o celular.
          - Escolhe você.
          Não demorou até a pizza chegar, e então ficamos conversando. Jason fazia piadas sem graça sobre como ele era incrível e sexy, eu ria de como ele podia ser o idiota mais atraente que eu  conhecia. Às vezes me pegava em momentos que ele me encarava e eu o encarava como se não precisasse de palavras para nos comunicar, só o olhar era o suficiente. Era como se estivéssemos ligados um ao outro. E em outros momentos queria me afastar, correr para longe dele, mas ele sorria e tudo desaparecia, era só eu e ele, seu timbre que me enchia de alegria. Era possível amar e odiar uma pessoa ao mesmo tempo? Eu achava que não até aquele momento. 

"As feridas ainda ardem
mas com o tempo acostuma.
Não é que não sinta mais dor
apenas perdi o medo de me ferir."

Lembrei do verso de um poema, porque era exatamente aquilo que sentia. Os cortes provocados pela suposta traição ainda estava ali, mas eu não me importava, não ligava se fosse me machucar mais. Não naquele momento. Eu amava a tempestade chamada Jason Whicaster e achei que estava preparada para assumir os riscos.
          Jason derrubou um pedaço da pizza na própria camisa, e estava cheia de ketchup, o que me fez ter um ataque de risos.
          - Por que você está rindo?
- Por nada, acho que está meio sujo aqui. - Peguei um pouco do ketchup na camisa dele e passei em seu nariz.
          - Não acredito! - Falou limpando o nariz. -  Meli, sua vaca!
          - Uma vaca que pelo menos não tem ketchup na rosto!
          - Ketchup não! Mas mostarda, quem sabe? - Jason jogou um monte de mostarda no meu rosto.
           - Desgraçado. - Falei.
           Peguei o pote de ketchup e apontei em sua direção e apertei, um jato vermelho voou em direção a ele.
          - É guerra então? - Perguntou ele.
          - É guerra. - Respondi.
          E então foi uma bagunça de ketchup, mostarda e pedaços de pizza para todos os lados. Olhei em volta parecia que estávamos em uma versão aleatória de Guerra nas Estrelas. Gororobas de Pizza em Marte, o último filme em efeitos especiais. Juro que estava vendo seres gosmentos voando acima de nós, eu quase dei tchau para eles de felicidade. Jason ficou podre. Dei gargalhadas, até que uma calabresa caiu dentro da minha blusa, saí correndo e gritando até o banheiro, sendo atingida no cabelo.
          - Jason, chega. - Gritei.
          - Não, não. - Falou ele rindo e jogando mais pizza em mim como um louco, me seguindo até o banheiro. Olhei pra ele puta da vida.
          - VOCÊ É O DIABO! OLHA MEU CABELO! 
         - Olha só os seus peitos!- Ele começou a rir como nunca.
         - Não teria nada em mim se não fosse você, seu viado!
         - Você que começou! - Gritou ele indignado.
         Peguei o sabonete e joguei nele. Jason fugia dos materiais de limpeza que eu jogava, mas consegui prendê-lo entre a privada e o box do chuveiro, e o ataquei com jatos de sabonete líquido.
          - Você. É. Um. Completo. Idiota! - Gritei
          - Ai! Calma, Meli.– Jason berrou, andando para trás.
Então ele tropeçou na privada e caiu no chão, me levando junto. Começamos a rir loucamente, caídos e cheios de pizza. Ele rolou para cima de mim, o rosto a centímetros do meu.