Capítulo 3

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          Acordei me sentindo um lixo, a ressaca me dominava. E o pior? Não me lembrava de nada. Fui em direção à cozinha, com meu pijama habitual, ou seja, um top soltinho branco e um short curto da mesma cor.
          - Bom dia, bela adormecida. - Falou Bárbara enquanto eu me jogava no balcão de cabeça baixa.
          - Hmmm - Resmungo.
          - Vai faltar nas primeiras aulas? - Me olhou com interesse.
          - Aff, eu mereço... Hoje é sábado não merecemos ter aula.
          - Não merecemos mesmo, mas depois de ontem a mocinha devia estudar por um final de semana inteiro! - A voz alta do Victor encheu meus ouvidos.
           Victor já estava pronto para sair, vestia uma calça jeans rasgada no joelho e uma blusa verde sem estampa, o cabelo estava molhado.
          - Não precisa gritar. - Falei. - Eu só fui para o  Black Star gente, nada demais.
          - Black Star? Ah, então como era mesmo o nome daquele rapaz? - Perguntou Bárbara, e eu fico sem entender.
          - Bruno - Uma voz diferente invade a cozinha. - O nome dele era Bruno.                         
Levanto minha cabeça com um susto, somente para encarar aquela figura na cozinha. Olhos azuis/verde, loiro, alto.
          - Mas que droga! - Gritei me levantando em pulo.
          - Você não estava falando para eu não gritar? - Victor reclamou.
         - O que ele estar fazendo aqui? Eu.. eu.. ele ia chegar hoje de tarde, só e..
         - Vai dizer que não se lembra de me receber do melhor jeito ontem? - Interrompeu Jason.
          Não podia acreditar que ele estava ali em pé na minha cozinha, depois de tanto anos, de uma promessa quebrada. Meus sentimentos estavam mais confusos que o normal, raiva, ressentimento e uma alegria fugaz.
         - Você não estava aqui ontem! - Gritei
         Todos me encaravam.
         - Estava?
         - Mais uma amnésia alcoólica. - Bárbara tenta explicar - Amiga, depois que você saiu ontem, só voltou de madrugada com esse tal Bruno. A gente não ia ver nada, como sempre, mas o Jason teve um imprevisto e chegou mais cedo. Você chegou com o rapaz e quando percebeu que estávamos na sala, foram transar no carro dele. Depois você voltou, e foi pro quarto sem dizer nada com ninguém.
          Soltei um palavrão, e fiquei parada tentando lembrar de algo.
          - Ela é sempre assim? - Perguntou Jason, e aposto que a intenção  era me irritar.
          Ele continuava a mesma coisa, os lindos cabelos dourados caindo na testa, os olhos lindos e a incrível capacidade de me irritar.
          - É, sou sim, ô bonitinho. Mas caso você se incomode, os incomodados que se mudem e essa é a MINHA casa. Eu não me importo. Sabe como é né? A porta é serventia da casa e...
          - Melina! - Victor e Bárbara gritam ao mesmo tempo.
          - Arhg! Vou para meu quarto. - Falei irritada. - Vejo vocês depois.
           - Tchauzinho. - Responde Jason.
           Olho de cara feia para ele e esbarro em seu ombro de propósito fazendo ele se desequilibrar. Entrei em meu quarto e fechei a porta com força.
          - Droga, droga, droga...
          Xingo me jogando na cama. Imaginar ele era uma coisa, mas ver ele parado em minha cozinha foi como se alguém tivesse jogado um balde de água fria.  Fechei os olhos e a voz dele veio em minha mente.
            "Sério? Você promete?" "Claro".
          Coloquei o travesseiro contra meu rosto para abafar o meu grito.

Cicatrizes: Quanto um amor machuca?Onde histórias criam vida. Descubra agora