Abri os olhos devagar, olhei em volta, queria ter certeza que ainda estava no meu quarto, o sonho foi tão real, era como seu tivesse voltado no tempo, e ainda fosse aquela menininha idiota e apaixonada. Joguei meu travesseiro na parede e me levantei, o relógio na cabeceira da minha cama ainda marcava 4h30 da manhã, mas que droga de hora que não passava. Saí do meu quarto em busca de um copo de água. Queria pegar meu carro e correr para o Black Star, meu refúgio, mas por causa da droga da festa da Julia, estava fechado. Andei até a cozinha e reparei que ali no escuro tinha uma figura parada.
- Victor? - Chamei.
O garoto levantou a cabeça. Jason.
- Ah, Melina... - Ele sussurra.
-Jason. - Chamo o nome dele.
Ele se levantou e se aproximou de mim.
- Você deve me odiar. - Fala com a cabeça baixa.
- Sim. - Foi a única coisa que respondi.
Ele olhou para o outro lado da cozinha e ficamos parados ali pelo o que pareceu uma eternidade. Reparei que ele ainda estava usando a calça jeans e a blusa preta que ele foi na festa.
- Onde está a chave do seu carro? - Ele perguntou.
Olhei para ele confusa.
- Pendurada no chaveiro do lado da porta.- Respondo. - Você quer emprestado?
- Sim.
Uma tristeza melancólica se apossou de mim.
- Onde você vai?
- Nós vamos.
- O que?
Ele pegou em minha mão e me arrastou para a porta.
- Quero te mostrar uma coisa.- Fala ele abrindo a porta.
Olho para minha roupa, estava usando um pijama de moletom com estampa de vaquinha.
- Deixa eu trocar de roupa. - Falo.
Ele me olhou e riu.
- Não precisa.
Ele me arrastou para fora de casa. Seguimos para o centro da cidade, Jason no volante, não conversamos durante o percurso. O rádio estava ligado baixinho, podia escutar a música "Thinking Out Loud" do Ed Sheeran tocando.
Paramos em frente a um casarão antigo, com muros altos pintados de branco, o portão de ferro gigantesco.
- O que estamos fazendo aqui? - Perguntei.
- Você vai ver. - Falou ele desligando o motor do carro.
Olhei para ele, estava sorrindo, aquele sorriso que eu conhecia bem, ele ia aprontar uma. Ele abriu a porta do carro e saiu fazendo um movimento com cabeça para mim segui-ló. Andamos em volta do casarão até que chegamos em ponto que o muro era mais baixo, ele me olhou com aquele sorriso travesso e cruzou os dedos fazendo um sinal para eu pular.
- Você está de sacanagem, quer que eu pule? - Perguntei.
- Fala baixo, ninguém pode saber que estamos aqui, isso é uma propriedade privada.
- Ai meu Deus. - Falei já rindo.
Ele posicionou as mão servindo de apoio para mim e eu pulei. A propriedade era enorme. O casarão branco mostrava sinais do tempo, mas não deixava de ser lindo. Jason caiu ao meu lado quase me derrubando.
- Que droga! - Falei.
Ele levou o dedo até os lábios.
- Fala baixo, você não que se pega. - Falou.
- O que estamos fazendo aqui? - Perguntei.
- Vem.
Ele pegou em minha mão e me levou até o jardim mais incrível que eu já vi em minha vida, caberia duas vezes minha casa ali, só tinha um tipo de flor. Rosas. De todas as cores, vermelhas, brancas, amarelas , cor de rosa, laranja e lilás. Todas plantadas de forma que formava desenhos no solo. Uma rosa enorme formada por rosas lilás. Um sol desenhado por rosas amarelas. Um coração por rosas vermelhas.
- É incrível! - Falei.
Sem olhar para ele sabia que estava sorrindo.
- Sim, meus pais já trabalharam aqui, eu vivia vindo até aqui.
- E nunca me trouxe. - Falei.
- Trouxe agora.
Sorri.
- Vem, ainda não mostrei a mais incrível.
Seguimos pelo caminho rodeado de rosas misturando várias cores, era um labirinto ali. O perfume de rosas espalhado no ar. Andei lado a lado do Jason, nossos ombros se encostavam e um arrepio subia pela minha espinha. Chegamos bem no centro do labirinto, olhei para cima, era tudo muito incrível, o teto era um domo de vidro o céu ainda estava estrelado.
- Olha. - Falou Jason apontando para o centro do labirinto, onde tinha um pedestal feito de mármore esculpido com várias formas de rosas, em cima tinha um domo menor.
Me aproximei, o domo parecia com o da história da Bela e a Fera, mas ali tinha duas rosas que não eram vermelhas, eram negras, tão negras como a noite, eram lindas, o caule era de um verde claro, cheio de espinhos de um tom avermelhado. Toquei no domo querendo tocar nas pétalas sedosas das rosas.
- A rara Rosa Negra De Halfeti. - Falou Jason ao meu lado. - Essas são as única que floresceram fora da aldeia turca de Halfeti.
- São lindas. - Falei.
- Como você.
Senti meu rosto corando e desviei o olhar.
- Cala boca, Jason.
Ele riu e deitou na grama que rodeava o pedestal. Me deitei a lado dele. Ficamos olhando o céu pelo o que pareceu horas, até que sua tonalidade mudou de negro para um laranja, estava amanhecendo.
- O que estava escrito no bilhete? - Perguntei depois de um tempo.
- Que você queria me ver, no parque às 14h40. - Respondeu ele.
Não falei nada.
- E no seu? - Perguntou ele.
- "Parque municipal. 3h". - Respondi.
- Só isso?
- Sim.
Ele riu.
- Do que está rindo? - Me sentei.
- Acho que nós dois fomos feitos de otários.
Ele se sentou e eu me deitei.
- Não tem graça nisso.
Ele me olhou por alguns segundos, o rosto sendo iluminados pela luz da manhã, o cabelo parecia ter ficado ainda mais dourado.
- Desculpa por tudo. - Falou.
Virei o rosto e não respondi. Ele não deveria pedir desculpas, querendo ou não a culpa não foi dele, foi a vadia da Julia. A raiva tomou conta de mim.
- Me dá a chave do carro. - Falei.
- Para quê?
- Me dá. - Repeti um pouco mais alto.
Ele tirou a chave do bolso e me entregou. Me levantei e fui em direção a saída.
- Onde você vai? - Perguntou ele. - E eu? Como vou embora?
Olhei para ele por um segundo.
-Espera lá fora, eu volto para te buscar.- Falei. - Eu preciso fazer uma coisa.
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Cicatrizes: Quanto um amor machuca?
RomanceMelina Foster dividi a casa com seus dois melhores amigo, Bárbara e Victor, segue uma vida normal até que um antigo amor do passado volta de Londres para morar com eles. Melina descobre que ainda é completamente apaixonada por seu antigo amigo Jason...