7 - JOTAPÊ

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" Bem hoje que eu resolvi sumir, você apareceu. Eu me rendi à minha personalidade mais real e você gostou."

- Verônica H.

Conversei por um bom tempo com minha mãe ao celular. Enquanto eu andava de um lado a outro no corredor, falamos sobre os meninos - Pierre e Jotapê - o diretor rigoroso, a boa comida e os dormitórios. Tudo foi posto em pauta durante nossa conversa...

Lá fora, quando o céu já alcançava um tom degradê entre o laranja e o azul, a tarde aos poucos tornou-se noite, lançando seus últimos raios vespertinos pelo corredor

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Lá fora, quando o céu já alcançava um tom degradê entre o laranja e o azul, a tarde aos poucos tornou-se noite, lançando seus últimos raios vespertinos pelo corredor. Então, com um - ligue em breve, já anseio por mais notícias! - minha mãe se despediu de mim, voltando aos seus plantões no hospital.

Caminhei de volta para o dormitório.

Enquanto retornava, pensei no belo príncipe (que dormia apenas de samba canção), e concluí que manteria a cautela para não perturbar seu sono (e sua serenidade).

Após entrar - quase furtivamente - e fechar a porta do modo menos ruidoso possível, me virei e percebi que ele não estava mais a dormir, deixando para trás apenas a cama desforrada.

Não demorou muito até eu ouvir o barulho de chuveiro ligado e concluir que estava tomando banho - e com razão! - Pois o nosso dormitório, mesmo com ventiladores dispostos nas paredes e teto, era abafado e quente. Isso me fez perceber que as minhas noites não seriam das melhores.

(Pelo menos durante o verão).

Sem aparentemente nada pra fazer - e começando a ser consumido pelo tédio. - Lembrei da minha melhor amiga, a Sandy, uma das poucas companhias que tive lá no Santa Edwiges. Quase esqueci que as aulas lá também haviam começando no mesmo dia!

Peguei meu celular e enviei algumas mensagens, lhe perguntando sobre como havia sido seu primeiro dia. Conforme digitava, não deixei de me perguntar se o dia dela havia sido tão louco o quanto o meu.

Coisas demais para serem digitadas...

Após terminar, fui no seu perfil e vi que ela havia entrado pela última vez há nove horas atrás. Teria que esperar até que ela finalmente me respondesse.

Nesse instante a porta do banheiro se abriu num leve rangido, e pude ver de soslaio que o JOTAPÊ saíra de lá apenas com uma toalha enrolada à cintura. Àquela altura, o rubor já tomava conta do meu rosto e em minha barriga, timidez e bife com purê de batatas misturavam-se enquanto eu resistia ao instinto natural de olhar a cena.  

A tensão só aumentou quando percebi que ele se encaminhava em minha direção. Eu queria literalmente enfiar a cara no celular (ao passo que os meus dedos deslizavam na tela desordenadamente), como se eu nunca tivesse tido o controle deles antes.

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Alojamento dos Héteros (Versão Definitiva)Onde histórias criam vida. Descubra agora