A mudança

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Aurora Adams


Talvez eu tenha feito a maior loucura da minha vida quando aceitei ser parceira de Aaron Parker.

Fala sério, por que diabos eu fui aceitar isso?

Eu não deveria dar tanta atenção aos conselhos dos meus pais e de Matthew. Foram eles que fizeram minha cabeça para aceitar essa proposta duvidosa.

E agora, aqui estou eu, no carro lotado de coisas a caminho de Edmonton. São cerca de doze longas horas de viagem até meu novo lar, isso sem contar com as paradas que preciso fazer ao longo do caminho.

— Sabe de uma coisa? Vou ser sincera com você, Hermes – eu comento durante a viagem, cansada de pensar em silêncio – Eu estou com um pouco de medo dessa parceria com Aaron. Como nós vamos fazer isso dar certo se nem amigos somos?

Hermes, que está na caixa transportadora no banco de trás, me responde com um miado.

— Você se lembra do meu primeiro encontro com Aaron, não é? Foi no mesmo ano que adotei você.

Era de dezembro de 2019 e eu estava participando pela segunda vez do Nacional na categoria Junior.

No dia anterior ao início da competição, durante os treinos finais, eu passei no bebedouro para encher minha garrafa d'água antes de ir ao rinque. Já estava com metade da garrafa cheia quando uma garota apareceu atrás de mim.

— Oi – ela cumprimentou, com a voz tímida.

— Oi.

— Você é Aurora, né? – perguntou ela, lendo meu nome gravado na garrafa.

— Isso. Você é...? – questionei, sem saber de quem se tratava.

— Nathalie Parker, prazer – a garota de cabelos castanhos e bochechas rosadas respondeu.

— Desculpe, eu não te conhecia.

— Não tem problema. É meu primeiro ano na categoria Junior.

— Você é da dança também? – eu perguntei, mesmo sabendo a resposta. Aquele era o horário de treino dos atletas da dança no gelo; era óbvio que ela só poderia ser desta modalidade.

— Sim.

— Que legal. Bem, boa sorte na competição, Nathalie! E seja bem-vinda ao Junior – desejei, fechando minha garrafa e começando a me afastar do bebedouro.

— Espere – ela pediu, parecendo envergonhada – Você pode me dar alguma dica, Aurora?

— Dica?

— É. Para controlar a ansiedade. É meu primeiro ano numa competição maior e eu estou apavorada, para ser sincera.

Tentei dar um sorriso reconfortante e encorajador.

— É normal se sentir ansiosa, faz parte. Mas tente relaxar, trabalhe sua respiração e, quando for se apresentar, foque apenas no seu parceiro. Finja que os juízes não estão lá.

— Isso costuma funcionar para você? – ela me perguntou.

— Eu gosto de pensar que estou patinando em casa, no rinque onde treinei minha vida toda. E se seu parceiro te passar segurança, fica mais fácil imaginar que só vocês dois estão ali.

— Vou tentar fazer isso, obri...

Nathalie tinha começado a me agradecer quando foi interrompida por um garoto arrogante que, pouco tempo depois, eu descobriria que era seu irmão.

Aurora & AaronOnde histórias criam vida. Descubra agora