XVII. Sofrimento

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— Parabéns pra você, menino, por aguentar passar um mês aqui com a gente. — disse um jovem, com uma feição leviana mas cheia de segundas intenções.

O que será que ele quer de mim agora?

— Eu fiquei sabendo da sua vontade de... acasalar com uma das nossas... damas de serviço. — Esse jovem adulto parecia se incomodar em dizer tais palavras chulas, mesmo tendo feito coisas piores que isso. — Então, como presente, que tal fazer com uma da sua idade?

Taylor, uma criança, ficou horrorizado pela ideia de cometer o ato com outra criança e de forma não consensual.

— Por favor, não... — suplicou o menino.

— Ou é isso ou você terá que me ajudar num pequeno trabalho.

O garoto delongou um olhar para a outra jaula, que ficava em frente à sua na diagonal esquerda. Mesmo se sentindo atraído pela aparência de Daisy conforme os dias iam passando, apesar de estar mais suja e poeirenta, sabia que era errado fazer tal crime contra sua vontade.

— E que trabalho é esse?

— Ah, só torturar um cachorro.

Taylor respirou fundo.

— ... Por quê?

— Você ainda pergunta? É porque eu gosto disso, e você vai vir comigo.

— E se eu não ir? — perguntou, tentando resistir.

— Bem, você sabe o que o Clau faz com as crianças mal criadas, né?

Neste grande tempo que ele passou confinado, ele soube de imediato que seria abusado novamente por esse homem de meia idade. Na primeira vez, apenas foi tocado e aliciado nos seus braços e pernas, com uma ligeira massagem em seu peito e abdômen, quase beirando a sua parte viril, com todos olhando.

Foi uma cena terrível.

— O que você escolhe?

Eu já matei um bicho, então não deve ser tão ruim assim...

— Vou... — declarou hesitantemente. — Ajudar nesse seu trabalho...

— Isso! Bom menino! — comemorou ele, libertando Taylor de sua jaula.

O jovem andou e passou por dezenas de outras pessoas tão ruins quanto, porém, ele era o que mais passava dos limites. O garoto o definiu como um louco lúcido, aquele cujo prazer é alcançado através de atrocidades voluntárias. Uma vez, ouviu dizer que Kayke Cai-Água, nome e apelido desse sujeito, cortou em pedacinhos um braço roubado da cova de um defunto para dar de comer para os peixes à beira de uma cachoeira. E esse era o seu costume, jogar coisas por água abaixo, por isso a denominação de Cai-Água.

— E aí, Garrick. — cumprimentou Kayke, antes de sair da gruta. — Vou levar o garoto para fazer só uma coisinha, tá?

O bruxo-mercenário não reagiu, mantendo seu olhar alaranjado de vigilante. Não demorou muito para que seus ferimentos sarassem, visto que ele mesmo havia preparado algumas poções com seu exclusivo conhecimento mágico. Taylor se sentiu pesado ao passar próximo dele. E ao analisar as memórias que retornavam em forma de sonho, percebeu a negritude da espada que o mercenário portava.

Como ele conseguiu pôr as mãos em aço dessa qualidade? Nem meu pai encontrou uma arma dessas em todos os seus roubos.

Taylor finalmente teve um vislumbre dos raios de luz desta manhã após tanto tempo aprisionado. Parecia ser alfinetado a cada segundo, ainda mais com o gélido vento de pleno inverno batendo em sua pele desprovida de qualquer roupa de frio.

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⏰ Última atualização: Aug 10 ⏰

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