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XVIII, Xadrez
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤMesmo que Mei se desse bem com suas colegas de quarto no hospital e genuinamente adorasse a companhia delas, ela ainda precisava de momentos a sós com sua mente para refletir sobre si mesma e sua vida.
A Kugisaki havia passado grande parte de sua vida sozinha e com o tempo havia se acostumado com a solidão. Mas as coisas haviam mudado desde que acordou naquele quarto branco.
Era quase como se Mei fosse uma pessoa totalmente diferente desde a tragédia de Shibuya, porém sem nenhuma explicação plausível, já que para ela não era possível mudar tão drasticamente da noite pro dia. A mudança do ser humano acontecia em etapas e por mais que acreditasse que eventos traumáticos fossem o principal gatilho para essas mudanças ⸻ algo que Mei havia tomado consciência desde muito nova ⸻, ainda sim não eram mudanças repentinas.
Mas agora, tudo era diferente.
O trauma de quase morrer e a eternidade de um minuto ilógico haviam sido não apenas um baque para si, mas também um porta que dava para um caminho inesperado e cheio de oportunidades.
Era como cair na toca do coelho sem ter nenhuma ideia do que te espera no final dela ⸻ pode ser apenas terra ou um país extraordinariamente maravilhoso.
E agora Mei havia agarrado na possibilidade de uma segunda chance, determinada em, de fato, viver sua vida, para que ao menos uma vez, antes de morrer, ela entenda o que é se sentir viva. E embora estivesse sozinha, ela não se sentia sozinha.
Com a ajuda do suporte do soro hospitalar, Mei caminhou pelos corredores do hospital. Diferente da primeira vez que havia andando por ali, com a presença de Kuina, os corredores já não estavam amontoado de pessoas que estavam lá por diversos motivos ⸻ que fosse para tentar identificar algum parente, receber uma notícia triste ou qualquer coisa nesse sentido. A tragédia em Shibuya havia feito muitas vítimas, não apenas aqueles que não resistiram e perderam suas vidas, no local ou no hospital, mas também seus entes queridos, familiares e amigos, que sofriam com a perda. O luto não era desconhecido por Mei, por isso ela havia se simpatizado com aqueles que choravam suas dores.
Quando chegou na área externa do hospital, onde os pacientes iam para desfrutar do ar livre e sair do cubículo inteiramente branco, Mei se sentou em uma das mesas ao ar livre que tinha um tabuleiro de xadrez. Os enfermeiros costumavam deixar alguns tabuleiros e alguns decks de baralhos pelo local para que os pacientes pudessem ocupar a mente caso precisassem.
— Com licença.
Uma voz desconhecida chamou a atenção de Mei que ajeitava as peças no tabuleiro. Ela levantou a cabeça calmamente, fazendo com que seus olhos brilhantes se encontrassem com um par de olhos castanhos escuros e profundos.
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𝗹𝗼𝘀𝘁 𝘀𝗼𝘂𝗹𝘀 ✷ 𝗌.𝖼𝗁𝗂𝗌𝗁𝗂𝗒𝖺
FanfictionI don't want the world to see me, cause I don't think that they'd understand. ㅤㅤㅤㅤ ㅤㅤ ㅤㅤAlice in Borderland / Chishiya Shuntaro ㅤㅤ© RENEDOLL, 2023 ✷ cover by htsukoi