CAPÍTULO DEZESSEIS

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Prince George16 anos

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Prince George
16 anos

Olho para o caixão da professora Meesane sendo enterrado. Nesse momento, o que me conforta é saber que o vestido que Meesane está usando foi feito por mim. Uma das minhas professoras me contou que a Sra. Meesane deixou uma carta com algumas exigências para o seu enterro. Uma delas era que deveria ser enterrada usando o vestido que eu a presenteei.

É um vestido com estampa florida, que vai até os joelhos, com mangas bufantes (como ela gostava) e um cinto rosa na cintura, que não combinava em nada com a estampa floral. Mas esse era o jeito dela... E pensar que não vou mais vê-la...

Alguns professores estão presentes, assim como duas velhinhas que eram suas vizinhas, mas não há nenhum parente. A solidão acompanhou Meesane até o seu enterro.

Sou a última a sair do cemitério, mas caminho para a lanchonete que fica de frente para ele. Sento-me numa das mesas de fora, olhando para o portal do cemitério. Logo um garçom vem me atender, mas só peço um café e um pãozinho. Recebi meu salário ontem, mas quase nada me sobrou, já que meu pai pegou a maior parte.

Fico ali na lanchonete até as 20h, quando o dono me expulsa. Caminho para casa desanimada. A última vez que vi Meesane foi o pior dia de todos.

Duas semanas antes...

Papai chegou em casa com alguns amigos. Eles estão bebendo na sala há alguns minutos. Ainda não me chamou, o que é um alívio. Pego meu gatinho Funny nos braços.

— Fui péssima em álgebra, Funny — digo, enquanto ele mia e arranha meu braço. — Rhys disse que, se eu desse para o professor, ele me passaria na matéria — conto ao meu gato, que apenas me olha. — Ele é meu namorado... Acho que isso não é algo que se diga a uma namorada.

Continuo tagarelando para meu gato até ouvir meu nome sendo gritado por meu pai. Com um suspiro, saio da cama e caminho até a sala. Os dois amigos de papai direcionam os olhos para mim quando entro. Esses são os olhares que mais odeio, comecei a identificá-los não faz muito tempo. Mesmo que só papai e eu moremos na casa, estou sempre de calça e blusão, mas isso não impede que eles olhem, só parece deixá-los mais ansiosos para saber o que há por baixo.

— Faça alguns sanduíches para nós.

Assinto e vou para a cozinha. Começo a preparar os sanduíches, mas quando vou pegar a faca, esbarro no braço em uma caixa de cerveja, que logo cai no chão, desperdiçando o conteúdo.

— Que porra, Freya! Sabe quanto isso custou?

— Foi o meu salário que você roubou — falo baixo, mas não o suficiente.

ASSIM COMO AS CINZASOnde histórias criam vida. Descubra agora