IX

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No palácio de Lucrezia, Palazzo di Santa Maria in Portico, Adriana de'Mila educava a filha de seu primo, como havia concordado em fazer. Porém, a sua nora ainda não havia conhecido a filha do Papa. Fazia poucas semanas que Adriana estava a educando. Ensinou-lhe como se portar à mesa, como se deve falar e agir diante de convidados, como andar, vestir-se e se portar na presença de nobres. Também foi-lhe introduzido os seus deveres como esposa. Todavia, Adriana apenas comentara sobre eles. Aquela manhã seria a sua primeira aula.

Lucrezia levantou-se cedo, como lhe foi instruído. Antes de prosseguir com a sua rotina, teve que ir a uma sala, a qual Adriana utilizava para ensiná-la. Aquele era o antigo escritório do cardeal Zeno, que estava em Pádua. Por alguma razão, ainda havia alguns documentos dele no palácio, mas Lucrezia não tinha interesse neles, embora tenha lido um ou outro no tempo vago.

- Senhorita. - Disse Adriana, curvando-se.

- Senhora. - Respondeu a jovem, curvando-se com um sorriso cativante no rosto.

- Está aprendendo rápido, minha querida.

- Obrigada.

- Bem, sente-se. Hoje a senhorita irá aprender algumas de suas obrigações como esposa e como duquesa, nessa ordem. Nas semanas seguintes, irá aprender como ser uma boa esposa ao senhor Giovanni Sforza e honrar o seu pai e a família.

- Estou pronta.

- Certo. Há muitos deveres que cabem a você, minha querida. O mais importante, o tema da nossa primeira aula, é cuidar de seu marido.

- Como se faz com uma criança?

- Não, meu amor. Cuidar do marido é muito mais fadigoso que isso: deve estar sempre ao seu lado, independente daquilo que faça; estar debaixo de sua autoridade, sempre; respeita-lo; ama-lo; dar a ele tudo o que ele assim desejar, mesmo se quiser o seu corpo; zelar pela sua segurança e saúde; estar ao seu lado na tristeza e na doença, nos momentos mais difíceis; entre outros derivados.

- E quais os deveres e obrigações de um marido?

- Praticamente os mesmos, mas...

- Mas?

- Ele não está debaixo de sua autoridade. Ele é aquele que rege o casal.

- Então eu não pertencerei mais a mim mesma quando nos casarmos?

- Não foi isso que eu quis dizer, minha querida.

- Vou tirar satisfações com o meu pai. - Disse ela, levantando-se, indignada. - Eu não vou me casar para me tornar posse de alguém.

- Lucrezia, espere!

A filha do Papa saiu pela porta da sala, batendo-a na cara de Adriana.

Lucrezia foi para o Vaticano, acompanhada por Adriana de'Mila, que tentava convencê-la a voltar para o palácio para não provocar a ira do Papa. Ela adentrou a Porta Sancto Spiritu, um grande arco profundo, com duas colunas entre um arco menor, sendo um de cada lado. Acima do arco, havia uma cobertura com três aberturas retangulares. Passou também pela primeira vez a Piazza di San Pietro. Era uma praça enorme e ladrilhada, cercada por paredes e escadarias. Não sabia ao certo para onde ia.

Tomou o caminho direito, o qual havia uma estátua colossal de Santo André. Do outro lado, deparou-se com a estátua de São Paulo, segurando uma espada fixada no chão. Sua admiração foi interrompida ao bater a cabeça numa coluna. Após voltar à realidade, foi para dentro e um edifício.

Ao pôr o primeiro pé no tapete vermelho, um guarda a parou.

- O que faz aqui no Palazzo Apostolico, signora?

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