Nas semanas que se seguiram, surtos de banditismo tomaram a cidade. O palácio de Lucrezia foi fechado. As famílias italianas dentro de Roma disputavam territórios, utilizando do banditismo para desviar a atenção das autoridades locais. As ruas e vielas estavam cheias de sangue. As praças eram espaços propícios para roubos e furtos. Alguns sequestros foram feitos, o que levou o próprio Papa a reforçar a guarda de Lucrezia, antes de dez soldados, para trinta e sete. A menina foi proibida de deixar o palácio e todos os visitantes eram revistados; porém, mais tarde, o Papa impediu que qualquer um entrasse dentro do palácio, exceto membros da família.
A situação estava tão alarmante que Della Rovere incubiu os seus mercenários a investigarem a situação, pois acreditava que aquilo era uma das obras de Alexandre VI. Rodrigo Borgia, o Papa, intimou a prefeitura de Roma a tomar medidas quanto aos crimes. Todavia, a prefeitura meramente colocou soldados insuficientes nas ruas.
Enquanto Roma era flagelada por criminosos de todos os tipos e pelas disputas das famílias italianas, Cesare e Micheletto viajavam pela Toscana, Úmbria e Bolonha. A viagem serviu para procurar os seus futuros aliados, um grupo de condottieri conhecidos apenas por Micheletto. Eram eles Francesco, de Saturnia; Lorenzo, de Dicomano; Giulio, de Castel del Rio; Vittorio, de Bolonha; Raffaele, de Ímola; e Oliverotto, de Ravena. O último deles era Zacaria, que estava em Forlì, onde governava Caterina Sforza e Giacomo Feo, o seu marido. Os condottieri foram deixados em um vilarejo próximo enquanto Cesare e Micheletto iam atrás de Zacaria. Ambos atravessaram a Porta Schiavonia, ao noroeste da cidade.
- O último dos seus amigos mora em Forlì, Micheletto?
- Não são meus amigos, Eminência. São meros companheiros de trabalho.
- Esse tal Zacaria é tão bom como você diz, Micheletto?
- Não, Eminência. Acho que o descrevi com certo exagero.
- Então o que fazemos aqui?
- Se recrutá-lo falhar, há um outro homem a quem pode agradá-lo. O seu nome é Lino. Espero que a imoralidade de Lino não o faça matá-lo, Eminência.
- De que tipo de imoralidade estamos falando?
- Imoralidade sexual, meu senhor. Digamos que ele tem uma preferência peculiar por homens.
- Entendo. Para mim, não vejo problema, desde que saiba como matar alguém com eficiência.
- Espero que não tenha desaprendido desde o nosso último encontro.
- Como conheceu toda essa gente?
- Viagens, Eminência. Por alguns anos, vaguei entre a Toscana e a Bolonha. Encontrei esses homens quando era jovem e aprendi boa parte do que sei para aperfeiçoar e me tornar muito melhor do que qualquer um deles sonha em se tornarem.
- Tem muita confiança em si próprio. Onde encontraremos ele?
- Se não estiver sendo enganado pela minha excelente memória, morava perto da abadia da cidade.
- Zacaria ou Lino?
- Ambos. Forlì foi o lugar onde aprendi a roubar e enganar. Consequentemente, aprendi a esconder-me também. Na Bolonha e na Toscana, aprendi a matar em segredo e não sentir remorso pelos meus atos.
- Ambiciona o poder, Micheletto?
- Não tenho ambição, Eminência.
- Um homem sem ambição é um homem sem propósito.
- Desejo apenas servi-lo da melhor maneira possível e obter um generoso soldo por meus serviços.
- Então não deseja marcar o seu nome na história?
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Os Borgias
Ficción históricaA obra está passando por reformas. Alguns capítulos serão adicionados e outros alterados.