XVI

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03 de fevereiro, Roma, Città dei Vaticano

Num dos quartos do Palazzo Apostolico, um dos cardeais estava em sua cama, deitado. Ao seu lado, estava um médico, que possuía uma maleta repleta de frascos e soluções. O homem media o pulso do clérigo, tentando saber como estava. O sangue estava bombeando muito rapidamente para alguém que acabara de acordar. O cardeal estava febril e dormente. Parecia não ter forças nem mesmo para falar. Sua pele estava pálida.

- Parece-me anemia, Reverendíssimo. Tens tomado cuidado com a sua situação cardíaca? Tem se alimentado bem?

- Bem... eu... Sim, eu tenho tentado.

- Me parece estar sofrendo de ressaca. Bebeu muito na noite passada?

- Um pouco.

- Tem evitado o estresse, cardeal?

- Não. O meu trabalho é muito estressante.

- Imagino. Talvez, deva se retirar de Roma, por um tempo.

- Eu não posso. Preciso permanecer aqui.

- Por qual razão?

- É um pouco complicado de se explicar. Ainda tenho riscos de infartar?

- Se não acalmar os seus ânimos e não aliviar o estresse, talvez possa infartar muito em breve. Todos os extremos fazem mal. Tente procurar um equilíbrio.

- O que o senhor sugere?

- Alimente-se melhor e regularmente, evite o excesso de açúcares e sais, encontre uma atividade que lhe traga calma e paz, medite, durma cedo e acorde um pouco mais tarde. Vai sentir-se muito melhor.

- E quanto à anemia?

- Vou preparar uma solução para que a tome por duas semanas. Caso persistam os sintomas, terei que dobrar a quantidade de vitaminas. Por ora, deixarei um frasco de chá de ervas medicinais. Deve tomá-lo a cada doze horas.

- Grazie, signore.

O médico apanhou uma xícara e despejou o líquido verde no recipiente. O cardeal se esforçou para sentar-se na cama. A xícara foi servida e entregue nas mãos trêmulas do cardeal, que bebeu o seu líquido amargo, fazendo uma careta logo em seguida. O médico segurou-se para não rir do rosto do cardeal.

Quando recebeu o pagamento, foi-se embora dali. O cardeal deitou-se novamente na cama, com a cabeça envolvida em panos úmidos, com um balde d'água ao lado do leito.

Enquanto isso, os dois irmãos, Lucrezia e Cesare Borgia, foram visitar a mãe. Ao chegarem no Palazzo Borgia, foram recebidos por seus leais serviçais.

- Onde está a nossa mãe? - Indagou Lucrezia ao servo.

- Deitada em seu quarto, minha senhora.

- E o meu irmãozinho, Gioffre?

- Dormindo, minha senhora. Ele teve um dia cheio no dia anterior.

- Obrigada. - Agradeceu ela, sorrindo.

Os irmãos subiram as escadas, calmamente. Diante da porta do quarto da mãe, Cesare bateu à porta. Esperaram.

Não obtendo respostas, Cesare tornou a bater.

- Mãe, somos nós, Cesare e Lucrezia. Viemos vê-la.

Alguns instantes depois, a porta foi aberta. Vannozza não esperou nem mesmo um segundo para abraçá-los. Depois de uma comovente retribuição, ela os convidou para entrar em seus aposentos. Lucrezia sentou-se ao seu lado, na cama; Cesare ficou em pé, diante da porta e das duas mulheres.

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