AVISOS:
1. Esta história contém capítulos com descrições gráficas de assassinatos e cadáveres, se for sensível aos temas, não leia.
2. Não sou especialista em investigação criminal, então irei cometer erros. Pesquiso o máximo que posso, mas algumas coisas irão escapar.
3. A história se passará inteiramente em 1ª pessoa (Amaury)
Boa leitura!
***
O arrepio que passou pelo meu corpo fez minha mão tremer e precisei segurar a arma com mais força. Era o quinto corpo encontrado. Da mesma forma. Com as mesmas roupas de sempre.
Era estranho como a extrema limpeza dos corpos me deixava mais enjoado do que se estivessem dilacerados, cheios de sangue. Penso na frieza de quem cometeu o crime e depois drenou todo aquele sangue, limpou milimetricamente os corpos, os vestiu, costurou as mãos para que simulasse uma reza e, por fim, passou um forte perfume de lavanda.
Passei a odiar o cheiro de lavanda a partir do segundo corpo. Quando meu olfato era invadido por algo minimamente parecido com lavanda, eu sentia uma vontade absurda de vomitar, como agora. Abaixei a arma, deixando a lanterna erguida e levei o braço até o nariz, me impedindo de sentir aquele cheiro insuportável por alguns segundos. Era um cheiro que me lembrava derrotada.
Dei um sinal para que os outros andassem pela redondeza, sabia que a pessoa que fez aquilo não estava mais lá. Ele era esperto demais. Tudo era muito bem planejado, desde o primeiro assassinato e eu tinha a impressão de que agora, no quinto, ele estava mais profissional ainda. E pior que isso, estava mais confiante.
Agachei próximo ao corpo, que estava sentado encostado em uma árvore, assim como os anteriores, e iluminei o rosto sem cor com a lanterna. Esse era ruivo. Os anteriores eram todos morenos.
Respirei fundo ao passar o objeto luminoso próximo ao corte milimetricamente feito na garganta. Seja quem for, ele sabe fazer um corte perfeito.
– Lorenzo
A voz grave me fez pular. Era Ivan, o legista-chefe.
– Ivan – falei levantando, um pouco tonto.
– Precisamos começar a trabalhar aqui – ele falava sem me olhar, já arrumando seus equipamentos junto a sua equipe.
– Tudo bem. Qualquer novidade, me chama
Me afastei do corpo e da equipe, ouvindo de longe o barulho das câmera fotográficas começando a trabalhar.
Mais um corpo e eu me sentia completamente derrotado, pois eu não fazia ideia do que fazer, para onde correr. Tínhamos pouquíssimas pistas e eu me sentia incompete a maior parte do tempo. Tão incompetente que o delegado disse que amanhã iria chegar outro investigador para me ajudar... Isso nunca aconteceu. Precisar de alguém de fora era uma lembrança de que eu não estava sendo capaz de resolver sozinho.
Estou tentando me convencer que vai ser bom ter alguém mais velho e experiente para me ajudar nisso tudo.
***
– Lorenzo, esse é o Diego Martins. Investigador alocado na cidade de Ribeirão Preto que vai ajudar a gente no caso Lavanda, aqui em São Paulo – a delegada Heloísa Sampaio falava calma e pausadamente
Pisquei repetidamente e precisei me segurar para não dar um passo para trás. Ele não era mais velho que eu e com certeza não era mais experiente. Na verdade, ele parecia um adolescente. Baixinho, ruivo, roupa e cabelos extremamente arrumados e com olhos curiosos. Não conseguia pensar em situação mais humilhante que essa em toda a minha carreira.
– Diego tem experiência na resolução de um caso parecido no interior – a delegada tornou a falar e os olhos do tal Diego se fixaram em mim – Obviamente não era um caso tão complexo quanto esse, mas tenho certeza que vai ser de grande ajuda... Tendo em vista que não temos avanço nenhum aqui em meses.
Um tiro no olho doeria menos do que essas palavras.
– Temos alguns avanços, Helô...
– Então pega esses "avanços" – ela gesticulou aspas enquanto falava e suas pulseiras fizeram um barulho irritante – e apresenta pro Diego. Não quero mais ver as bundas de vocês separadas pelo resto do dia. A partir de agora, considerem-se casados. Tchau!
Suspirei profundamente e me retirei da sala sem falar nada, esperando que Diego viesse atrás de mim. E ele veio.
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Lavanda - dimaury
FanfictionAmaury Lorenzo é um investigador da Policia Civil com 15 anos de experiência. Sua vida pessoal estava um caos após a separação de um casamento de 7 anos. Sua vida profissional não ficava atrás no quesito caos, uma vez que o investigador se via em um...