Capítulo 5

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Helô não ficou muito tempo na sala, ouviu as informações que julgou necessárias e saiu sem fazer muitos comentários. Só me informou sobre a coletiva de imprensa assim que saísse o relatório oficial, eu e ela, como sempre. Decidimos não expor o Diego ainda como investigador do caso para o grande público, seria uma forma de proteger ele enquanto tudo ainda era muito recente. O relatório oficial saiu três horas mais tarde.

Após a coletiva, que foi tranquila, Diego me puxou para um canto, segurando meu braço, ele se aproximou de mim para falar baixo, para que nenhum jornalista ali ouvisse.

- Ele limpou embaixo das unhas - Diego disparou, sem afastar sua mão do meu braço, deixando ali repousada - Tinha produto de limpeza debaixo das unhas

- Sinal de luta...

- Esse foi o mais difícil, Maury. Ele precisou lutar.

O apelido fez minha nuca arrepiar, mas de forma rápida, me recuperei.

- Ele é mais alto que os anteriores e um pouco mais forte

- O maluco precisou lutar, ficou com raiva. Precisou fazer uma limpeza mais precisa no corpo... A emasculação pode ter sido uma forma de apagar provas

- Ou fez porque ficou com raiva - completei

Diego apertou meu braço levemente

- Ele é mais baixo que a vítima

- Faz sentido... Menor e mais fraco

Diego fez menção de puxar meu braço novamente, mas eu fiquei parado, sem me deixar levar como das últimas vezes.

- Vem, vamos pra sala

- Diego pelo amor de Deus, são 11 horas da manhã. Eu vou pra casa e não adianta você vim com essa sua fala mansa que eu não vou cair

- Ei! Eu não tenho fala mansa

- Ah, tem sim

Ele riu e deu um soquinho no meu peito. Eu fingi sentir dor.

- Vai lá então

- Não. Você também precisa ir. Eu tô falando sério. Você precisa dormir. Você não vai render nada sem dormir

- Tá bom, você tem razão, eu me rendo! Eu tô caindo de sono, se eu vê mais uma foto de cadáver na minha frente acho que começo a falar coisas delirantes

Dessa vez quem puxou ele fui eu, para longe dali e para garantir que ele realmente iria embora.


***


Fui despertado pelo barulho da campainha tocando repetidas vezes. No início, o barulho se misturou de forma confusa ao meu sonho, mas foi ficando mais e mais alto conforme eu despertava. Meu olho já estava completamente aberto, mas minha cabeça parecia não funcionar ainda. Olhei o relógio na mesa de cabeceira e ele marcava 8:53. Domingo.

Levantei sonolento, ainda sem entender porque alguém estaria cometendo aquele crime de apertar tantas vezes a campainha em pleno domingo. Me arrastei pelo corredor pequeno, pela sala e quando a porta se abriu, eu senti vontade de fechá-la imediatamente, mas nem para isso eu parecia ter forças.

Diego estava ali. O cabelo molhado e o cheiro forte de perfume denunciavam um banho recém tomado. Segurava algumas pastas em uma mão e na outra uma sacola, sorria de um jeito travesso. Ele sabia que eu estava irritado.

- Eu sabia que não devia ter te dado meu endereço

Ele adentrou a casa, igual fez no outro dia, como se fosse sua.

Lavanda - dimauryOnde histórias criam vida. Descubra agora