Diego estava me dando um gelo. Um gelo que eu nunca havia recebido em toda a minha vida. No dia seguinte ao bar, falava comigo apenas o necessário e às vezes nem o necessário. Eu tentava manter uma conversa normal, mas ele respondia apenas "sim", "não", "pode ser".
Eu merecia aquele iceberg todo. Eu tenho consciência disso. Ele estava fazendo apenas o que eu queria, certo? Claro que não, porra. Eu não queria aquele gelo. Eu não queria ele longe. Queria ele me provocando. Queria ele me tocando. Meu Deus, minha pele parecia queimar ao lembrar dos pequenos toques dele.
Consegui sobreviver o dia inteiro com aquela distância e com um parceiro de trabalho monossilábico. Ao final do dia, aquilo tudo já estava me matando.
Quando ele estava ao lado do quadro de investigação movendo algumas coisas, após ignorar completamente o que eu perguntei segundos atrás, cheguei no meu limite. Levantei e andei rapidamente em sua direção. Quando ele virou para me olhar, ouvindo meus passos. Levei a mão até seu peitoral e fiz o mesmo que ele no dia anterior, o prendi entre mim e a parede, tendo a consciência de que nossos corpos estavam completamente grudados.
– Qual é o seu problema?
– Você é o meu problema – ele disse elevando a cabeça de forma arrogante para me olhar nos olhos – Eu também tenho meus limites, Amaury
Amaury. Não Maury como ele sempre falava.
Minha mão apertava sua cintura e eu tenho certeza que meus dedos ficaram marcados ali. Ele me olhava sério e tentava controlar a sua respiração irregular.
Eu estava quase fechando os olhos e acabando com a minúscula distância quando a porta da sala se abriu, era a faxineira para recolher o lixo. Me afastei de forma abrupta e torci para que ela não reparasse em nada, mas ao mesmo tempo não ligava mais tanto assim se alguém reparasse. Foda-se. Ele estava me deixando louco mesmo longe.
***
Era domingo e depois de fazer um almoço ruim, eu estava deitado no sofá olhando sem interesse para a TV quase sem som. Meu fim de semana havia sido um desastre. Passei o tempo todo deitado, remoendo tudo que aconteceu nos últimos dias e pensando... No Diego.
Eu não sabia muito bem como consertar tudo aquilo. Diego foi correto em se afastar, foi respeitoso. O problema era eu. Eu menti. Eu fui um grandíssimo covarde e eu precisava consertar meu erro para que nós pelo menos voltássemos a ter uma boa relação profissional.
Peguei meu celular e sem pensar muito, abri o contato do Diego e liguei. Minhas mãos começaram a suar em ansiedade, cada vez que vinha o toque e ele não atendia, meu coração acelerava mais. Também não sabia muito bem o que falar quando ele atendesse.
– Oi Amaury, tô saindo de casa. Você já tá indo pra lá?
– Quê?
– Você tá indo? Ou já chegou?
– Chegou onde?
– Encontraram um corpo. Não te ligaram?
Afastei o celular, puxei a barra de notificações e vi cinco ligações não atendidas.
– Droga, tem um monte de ligação não atendida e eu não vi.
– Tá, a gente se encontra lá. Tchau
E desligou sem esperar uma resposta minha. Comecei a me vestir e retornar as ligações perdidas ao mesmo tempo.
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Lavanda - dimaury
FanfictionAmaury Lorenzo é um investigador da Policia Civil com 15 anos de experiência. Sua vida pessoal estava um caos após a separação de um casamento de 7 anos. Sua vida profissional não ficava atrás no quesito caos, uma vez que o investigador se via em um...