Capítulo 10

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Meu corpo inteiro doía. Eu conseguia sentir cheiro de sangue. Tinha dificuldade de abrir os olhos, sonolento. Meu Deus, alguém me drogou?

Consegui entreabrir os olhos, mas não conseguia enxergar quase nada, tudo era muito turvo. O teto era branco, mas isso não me dizia muita coisa. Eu ouvia, longe, uma voz conhecida. Não conseguia identificar, mas me lembrava alguém. Senti um pouco de dificuldade de puxar o ar.

Sem conseguir conter o sono, fechei os olhos novamente e apaguei.

Quando meus olhos abriram novamente, acredito que algumas horas depois, conseguia ver melhor.

Patrícia.

Patrícia sentada ao meu lado, um pouco distante.

– Patrícia? – chamei baixo, sem entender

– Ah, finalmente! – ela levantou e se aproximou de mim – Como você tá se sentindo?

Senti sua mão tocando a minha brevemente, como quem checa se a pessoa tá viva, mas logo afastou.

– O que...

– Você sofreu um acidente de carro

Eu tentei me sentar, mas meu corpo estava muito pesado.

– Calma, não foi nada grave. O médico disse que foram apenas alguns machucados, nada quebrado. Você bateu a cabeça um pouco forte, por isso vai precisar ficar em observação mesmo os exames não mostrando nada

Eu já conseguia enxergar sem o embaçado anterior e comecei a ter pequenos flashes do acidente.

– Não... O que você tá fazendo fazendo aqui?

– Ah... Eu sou seu contato de emergência. Me ligaram e eu vim

Eu abri a boca para responder, mas uma enfermeira abriu a porta.

– Diego Martins está aqui para ver o paciente

Diego surgiu logo atrás, entrando no quarto rapidamente. Seu olhar era de preocupação.

– Meu Deus, Maury... – disse andando em minha direção e não percebendo a presença da outra pessoa que estava no quarto – Eu... Porra, o que aconteceu? Você tá muito machucado? Quebrou alguma coisa?

Ele falava enquanto passava a mão por mim, evitando tocar nos curativos, como se checasse se todos os ossos estão no lugar.

Segurei sua mão para que ele parasse com aquele desespero.

– Tá tudo bem, Di

– Tem certeza? – ele se inclinou na cama e beijou minha testa – Avisaram a Helô que você tava aqui e eu vim correndo... Eu te liguei um milhão de vezes, tava quase indo na sua casa quando ligaram daqui

Ele falava apressado, atropelando as palavras.

– Se você não se acalmar, eu vou chamar alguém pra te dá um calmante

– Idiota. Eu tô preocupado. Você some e aparece no hospital, quer que eu esteja como?

Ele segurou meu rosto com as duas mãos e depositou um beijo rápido nos meus lábios.

– Ei, tá tudo bem. É sério

– Não sei se acredito... O que aconteceu?

– Um acidente de carro – a voz de Patrícia se fez presente e Diego desviou o olhar de mim pela primeira vez, depois voltou a me olhar confuso e eu consegui ouvir a sua voz na minha cabeça perguntando "o que essa piranha tá fazendo aqui?" – Mas... Não foi nada grave.

Lavanda - dimauryOnde histórias criam vida. Descubra agora