Capítulo 18

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As últimas horas foram uma grande confusão. Uma equipe da polícia chegou à casa de Matheus, isolando tudo e a perícia começou imediatamente. Ele foi levado para um hospital por conta dos ferimentos e eu e Diego estávamos meio atônitos, sem saber o que fazer. Helô pediu para não nos envolvermos em nada da perícia e para irmos para a DH e esperar ela. Agora já se passou mais de uma hora que estamos aqui, sentados em uma sala de interrogação, aguardando, sem poder fazer muita coisa. Vez ou outra falamos algo, mas nossa cabeça estava tão fora de órbita que era difícil formular muitas frases.

– Eu tô com medo... – Diego disse, tocando meu braço com a mão esquerda

Eu o olhei e seus olhos estavam assustados. Cobri sua mão com a minha.

– Vai dá tudo certo, meu bem – disse, por fim, e beijei seu ombro rapidamente

– E se... A gente for indiciado por tentativa de homícidio?

– Isso não va...

Minha fala foi interrompida pela porta sendo aberta de forma abrupta. Era Helô.

– Precisamos conversar – ela disse já puxando uma cadeira para sentar na nossa frente, do outro lado da mesa

Minha mão caiu nas pernas de Diego e ele entrelaçou nossos dedos. Helô não tinha visão disso ali do outro lado.

– O que vocês fizeram com aquele homem? Ele tem dois tiros pelo corpo, tá muito machucado... Já sabemos que ele está envolvido nos crimes, tem provas irrefutáveis na casa dele... Mas por que vocês fizeram isso?

Eu olhei para Diego, que me olhou de volta. Nos perguntávamos pelo olhar quem iria começar a falar. Diego se adiantou.

– Ele é meu ex namorado

– Como?!

– Eu vou... Eu vou contar tudo desde o início

E assim, eu ouvi Diego contar aquela história horrível pela segunda vez naquele dia. Todos os detalhes de abuso me davam nojo, quando ele começou a contar sobre os crimes minha cabeça pareceu girar e eu precisei me controlar pra não sair da sala quando ele contou sobre o Samuel. Ele apertava minha mão em alguns momentos mais críticos e eu apertava de volta, para dizer que eu estava ali, que ele nunca mais precisaria passar por esse tipo de coisa.

Helô tentava não parecer se abalar com a história, mas eu vi as micro expressões do seu rosto mudarem em alguns momentos. Quando Diego terminou, ela respirou fundo e disse "sinto muito que você tenha passado por tudo isso" e caímos em um silêncio. Eu tenho certeza que ela tentava encontrar palavras, tentava ser ainda uma delegada e fazer a coisa certa mas, no fundo, concordava com os nossos métodos não-convencionais.

– Eu vou fazer o que eu posso, tá bom? Vou falar com o Stenio e ver o que a gente pode fazer pra vocês não ficarem prejudicados nessa situação. Eu posso tentar não afastar vocês completamente do caso, mas agora no início, não tem como.. Vocês não podem ter acesso a nada e não podem participar do interrogatório do Matheus quando ele sair do hospital. Agora, a única coisa que vocês podem fazer é ir embora... Amanhã eu ligo e conto alguma novidade. Só venham até aqui se eu solicitar


***


Dois dias se passaram. Helô não ligou e nem mandou mensagem. Acompanhamos pela TV e pela internet a repercussão do caso e ficávamos nos mandando qualquer novidade que surgisse. Acordei hoje cedo com Diego tocando minha campainha, ele entrou falando que iria surtar se continuasse sozinho em casa e sem trabalhar. Eu só abri a porta para ele e voltei para cama para continuar dormindo.

Lavanda - dimauryOnde histórias criam vida. Descubra agora