Bebi um gole do meu café quente e olhei para a mesa do Diego. Ele não estava lá. Levantei e atravessei a grande sala da Divisão de Homicídios sabendo exatamente onde poderia o encontrar. Sabendo onde ele estava e que estava lá porque queria se concentrar, eu não devia interromper. Mas não foi isso que eu fiz.
Abri a porta com cuidado, para não fazer muito alarde, mas ao primeiro barulho, Diego levantou o olhar dos papeis que lia. Ele estava tão lindo com aquela camisa preta, que por acaso, era minha. Uma marca-texto azul estava entre seus dedos.
– Precisa de mim pra alguma coisa? – sua voz era baixa
– Não, só tô muito estressado e precisei vim olhar pra sua cara bonita pra me lembrar que a vida é mais do que ler relatórios
Seu semblante concentrado se desfez em uma risada.
– Você não tá aguentando não trabalhar comigo, né meu bem?
Meses depois da prisão de Matheus, não voltamos para o caso Lavanda, ele foi transferido para dois outros investigadores, mais experientes que nós dois. Helô dizia que estava tentando nos inserir novamente no caso, mas isso não seria possível enquanto nosso processo administrativo não fosse finalizado e ele estava em andamento por conta das agressões contra Matheus e por ter omitido provas. Observamos de longe o que acontecia, mas não havia novidades. O assassino original havia sumido, meses sem uma nova vítima ou uma nova pista. Eu me sentia frustrado por estar longe do caso que eu acompanhei desde o início, mas tenho trabalhado isso na terapia.
Eu fui realocado para um caso de assassinato que havia envolvimento com tráfico de drogas. Diego havia sido colocado na investigação do assassinato de uma adolescente, que parecia ter algo a ver com bullying virtual também. Ou seja, não estávamos trabalhando juntos, fomos afastados do caso que tanto gostávamos de investigar... Mas no final do dia, voltávamos juntos para a nossa casa.
– Vamos almoçar? – Diego disse levantando e se pondo ao meu lado
– São 11 horas da manhã, Diego
– Eu tô com fome! Hoje é seu aniversário, vamos num lugar especial almoçar e aí ficamos mais tempo
Sua fala me trouxe lembranças da manhã de hoje. Meu corpo arrepiou involuntariamente lembrando do "sexo de aniversário".
– Você paga – falei, puxando sua mão para irmos
O almoço foi ótimo, Diego realmente sabe escolher restaurantes. Ficamos mais tempo que o normal fora, por culpa dele. Por mim, já tínhamos voltado muito antes, mas ele ficou me enrolando e fez a gente passar em um shopping próximo, inventou tantas desculpas que eu já estava ficando impaciente. Quando retornamos à DH, ele me levou imediatamente até uma sala e quando um "SURPRESA" foi gritado com a minha entrada, eu entendi o motivo de toda aquela demora e todas aquelas desculpas sem fundamento. Seu sorriso largo me olhando fez com a minha cara de susto se desfazer para sorrir junto.
A véspera de Natal chegou e eu, que nunca gostei tanto da data, estava feliz em ter Diego comigo. Diego não tinha contato com a família e eu, depois da separação e de falar para minha mãe que estava namorando um homem, não queria estar na companhia deles. Diego era minha família, então fizemos o natal que a nossa família merecia. Cozinhamos algo gostoso, bebemos vinho, trocamos presente e ficamos juntos.
A semana entre o Natal e o Ano Novo foi marcada por pequenas reformas que fizemos juntos no nosso apartamento. Tiramos alguns dias para pintar algumas paredes, segundo Diego, "dar mais vida" para o local. Dois dias antes de 2024 acabar, entramos no meu carro e seguimos para a praia. Lá, encontramos Bruno, amigo do Diego e um outro amigo deles, Lennon. Me conectei com eles de cara, nossas conversas fluíram e era como se eu já os conhecesse antes. Não pude deixar de notar o semblante de felicidade de Diego ao me ver interagindo com seus amigos.
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Lavanda - dimaury
FanfictionAmaury Lorenzo é um investigador da Policia Civil com 15 anos de experiência. Sua vida pessoal estava um caos após a separação de um casamento de 7 anos. Sua vida profissional não ficava atrás no quesito caos, uma vez que o investigador se via em um...