– O que a gente faz agora? – Diego perguntava, com a voz baixa, como se o cara, que estava do outro lado da rua, pudesse ouvir.
– Calma, precisamos pensar...
Os olhos dele brilhavam me olhando, sua mão permanecia no meu braço e apertava levemente. Ele parecia ansioso.
– Tô com medo da gente estragar tudo, Maury
Minha mão cobriu a sua, que ainda me tocava.
– Agora é competente pra caralho. Vai dá tudo certo
Nos próximos minutos bolamos um plano rápido dos nossos próximos passos, mas tudo foi por água abaixo quando ele entrou na boate. Tentamos ir atrás, mas fomos impedidos de entrar porque havíamos arrumado confusão. Diego tentou convencer o segurança com aquele jeito dele, mas foi em vão.
Ele estava muito irritado. Era mais ou menos 1h da manhã e se o cara costuma ir embora de metrô, como foi da última vez, ele só sairia dali por volta de 4:30 da manhã.
– Eu tive uma ideia... A gente estaciona o carro mais perto e fica observando a hora que ele sair e seguimos ele
Diego sorriu com a minha ideia e me puxou para irmos em direção ao carro.
Uma hora e meia depois a gente já não estava gostando tanto da ideia. Ficar sentado no carro esperando era a coisa mais entediante do mundo. Falamos sobre algumas besteiras, nada muito sério. Diego não parava de bocejar um minuto e eu, consequentemente, também. Ele me olhava sonolento enquanto eu falava alguma coisa sobre o caso, seus olhos piscavam cada vez mais devagar.
– Deita esse banco e dorme, eu não aguento mais te ver desse jeito. Tá me dando sono também – eu disse virando meio de lado e encostando a cabeça no banco, imitando o jeito que ele estava
Não havia calculado, mas isso deixou nossos rostos o mais próximo que já haviam estado. Não foi minha intenção, mas agora eu não conseguia mais nem me mexer porque sua respiração se misturava com a minha. Quando ele abriu um sorriso preguiçoso, eu pensei que não ia conseguir resistir e acabaria com a distância entre nós. Mas em um segundo, seu rosto não estava mais tão próximo. Ele desceu o banco e se ajeitou para cochilar.
– Coloca um despertador, vai que você dorme também
– Não vou dormir
Ele murmurou um "tá bom" e já fechou os olhos.
Meus olhos estavam atentos à saída da boate, eu não sentia sono, mas sentia um tédio fora do normal. Tentei ver coisas no celular, mas estava me distraindo muito e acabava não olhando para o meu objetivo principal. Diego dormia tranquilamente no banco ao lado. Olhando assim, ele de olhos fechados, semblante de paz, nem parecia que aquela pessoa tão pequena era meu verdadeiro inferno.
As próximas horas seriam longas.
***
– Amaury, acorda...
Eu ouvia a voz de longe, entrando nos meus sonhos, mas não conseguia abrir os olhos.
– Maury...
Senti um toque suave no meu braço e comecei a despertar mais.
– Ei...
Dessa vez a voz estava mais perto, não só porque eu estava já quase que completamente acordado, mas porque eu conseguia sentir uma respiração quente na pele entre meu pescoço e minha orelha.
Abri os olhos.
Estava claro, o sol já saía tímido e invadia as janelas do carro. Os raios solares brilhavam no rosto de Diego, que estava tão, tão, tão próximo. Eu tenho certeza que ele inspirou meu cheiro antes de se afastar.
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Lavanda - dimaury
FanfictionAmaury Lorenzo é um investigador da Policia Civil com 15 anos de experiência. Sua vida pessoal estava um caos após a separação de um casamento de 7 anos. Sua vida profissional não ficava atrás no quesito caos, uma vez que o investigador se via em um...