Capítulo 15

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– Por que tem um perfume de lavanda nas suas coisas?

– Quê?

– Por que tem um perfume de lavanda nas suas coisas? – eu repeti a pergunta da forma mais calma que conseguia

– Isso não é meu – ele disse levantando e se aproximando de mim

– Tava na sua mochila, Diego

– Mas não é meu – ele pegou o frasco nas mãos – Nunca vi isso na minha vida

– E o que tava fazendo nas suas coisas?

– Eu sei lá – respondeu sem dar muita importância, me devolvendo o frasco e voltando a deitar na cama

– Diego...

– Amaury, o que você quer que eu fale? Eu já disse que não faço ideia de onde isso é

Eu fiquei em silêncio. O que eu quero que ele responda? Que tipo de desconfiança é essa que começou a pairar sobre meus pensamentos. Tudo parecia meio nebuloso agora.

– O que foi? – ele voltou a falar – Você tá desconfiando de mim agora? De mim?

– Eu não disse isso

– Você não precisa falar. Eu consigo sentir a sua desconfiança – ele levantou da cama em uma rapidez absurda – E quer saber? Eu vou embora. Fica aí com as suas paranoias, mas não me mete nessa porra de bagunça que é a sua cabeça

Nos próximos minutos eu o vi juntando suas coisas e continuei ali, parado, segurando o maldito frasco.


***


Eu estava ficando completamente louco. Paranoico. Maluco. Nada parecia fazer sentido nos meus pensamentos. Logo depois que Diego saiu da minha casa, eu entrei em um completo surto. Tudo na minha cabeça me levou a pensar que ele era o serial killer. Não dormi pensando em várias situações. Ele ser biomédico justificaria os cortes precisos, ele ser extremamente persuasivo, o perfume... Aquilo tudo me enlouqueceu. No dia seguinte, passei a desconfiar dos meus próprios pensamentos. Diego ser um serial killer não parecia fazer mais tanto sentido assim depois de pensar de forma um pouco mais racional.

Agora já fazem alguns dias desde aquela noite em que eu o questionei sobre o perfume. Desde então, ele tá trocando poucas palavras comigo, falando apenas o necessário para o nosso trabalho.

O vi entrar na sala, após ir almoçar e não me convidar para ir junto de novo, assim como nos últimos dias. Ele mexia no celular distraído.

– A gente precisa conversar – falei e o vi levantar os olhos do celular e me olhar por alguns segundos para logo depois olhar a tela novamente

– Sobre o que?

– Me desculpa

Ele me olhou novamente e não respondeu nada.

– É sério. Me desculpa por ter que confrontado daquele jeito por algo tão banal

Vi seu peito subir e descer, soltando o ar. Ele largou o celular na mesa e sentou em uma cadeira um pouco longe de mim.

– Olha Amaury...Aquilo ali poderia ser qualquer coisa, sabe? Poderia ser eu tentando pesquisar algumas fragrâncias por conta do caso, eu posso gostar de perfume de lavanda, por que não? Sei lá! Mas não era meu e eu falei que não era, mas você continuou desconfiado, agiu como se eu tivesse mentindo quando eu disse que não sabia o que aquilo tava fazendo na minha mochila

Lavanda - dimauryOnde histórias criam vida. Descubra agora